Quarenta e três anos me enxerindo nesse contexto jornalístico, como diria o filósofo Jessiê Quirino, observando atos e gestos de seguidos governantes cheguei à conclusão de que a culpa por determinados comportamentos ou espertezas é sempre do marqueteado, jamais do marqueteiro.
Explicando melhor. Por temor reverencial ou dependência financeira da verba publicitária governamental, parte relevante da imprensa paraibana alimentou nos últimos anos o mito segundo o qual as besteiras que faz o chefe da hora é sempre da assessoria. Do assessorado, never! É forma que se tem como inteligente de bajular.
Deve ter lá o seu efeito, convenhamos, porque não é apenas o poderoso da vez que se acredita iluminado e infalível feito o Papa. Docilmente manipulada pela mídia a serviço da imagem do governante, quando ‘o cara’ faz merda por aqui não falta quem bote a culpa no entorno e não no centro das decisões.
Mas não se deixe enganar. Muitas das jeguices em exposição vêm mesmo do interior desses ‘sepulcros caiados’, como os qualificaria o cronista de antigamente. Mesmo assim, eles são automaticamente absolvidos pelo senso comum e tais julgamentos só lhes aumenta a certeza de que são gênios e o resto da humanidade, bando de rematados idiotas.
Graças a certezas e malandragens do gênero, vez por outra não é difícil a gente se deparar com algum prefeito ou governador jactando-se de pagar salário, décimo-terceiro e outros direitos básicos do servidor público. Especialmente quando se aproxima o final do ano. Se for ano pré-eleitoral, então…
“Estamos injetando tantos zilhões na economia”, anuncia o menos arrogante, que usa o plural para parecer mais ‘coletivo’ que o outro. “Vou pagar três folhas em 30 dias”, rebate o arremedo de Luiz XIV em cartaz, todo trabalhado na arrogância que a mobília da dacha oficial tem a sorte de contemplar todo dia.
Por essas e outras, já tivemos governador que pagava publicidade em jornal e tevê para publicar calendário de pagamento de salário. Outro chegou a convocar entrevista coletiva para dizer que pagaria o décimo-terceiro “ainda em dezembro”.
E todos fazem ou têm feito até aqui de um jeito que a ideia subjacente à propaganda do tipo não pode ser outra, além de subestimar a inteligência do governado para fazê-lo acreditar que pagamento de folha salarial é concessão, favor, obra de governo, nunca obrigação comezinha de qualquer gestor.
É possível, contudo, que alguns parvos se deixem engrupir. Alguns, não. Muitos. Tiro pela generosidade paraibana que a cada dois anos vai às urnas na esperança de alguma coisa mudar e, no final, elege uma nova ou velha mediocridade bem falante que se acha o pipoco do trovão.
É BOM ESCLARECERO Blog do Rubão publica anúncios Google, mas não controla esses anúncios nem esses anúncios controlam o Blog do Rubão.
2 Respostas para O PIPOCO DO TROVÃO
Como dizia um velho amigo:
Quem cozinha com bafo é cuscuz. rsrs
IRRETOCAVEL ! NADA A ACRESCENTAR . PARABENS !