Açúcar da Paraíba encalha nas usinas

Estoque de açúcar em usina da Paraíba, aguardando escoamento (Foto: Arquivo/Sindalcool)

Quase 190 mil toneladas do produto deveriam estar em prateleiras de supermercados do Estado. Sindalcool defende campanha de valorização do ‘made in PB’

A safra 2016/2017 de açúcar na Paraíba chega a 189.618 toneladas. Isso é muito mais do que o Estado consome. O produto está sobrando nos estoques das usinas. Os produtores locais enfrentam a concorrência com estados vizinhos, que oferecem incentivo fiscal a seus produtores que vendem para fora, e também amargam uma queda nas exportações. Um estudo feito pelo Centro Internacional de Negócios da Paraíba mostrou que o volume exportado caiu em quase 90%, entre 2011 e 2016.

Segundo O Sistema de Acompanhamento da Produção Canavieira do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) seis estados do Nordeste produzem açúcar. O campeão de produção é Alagoas, com 1.449.763 toneladas na safra 2016/2017. Em seguida, aparecem Pernambuco (1.004.044 t), Paraíba (189.618), Bahia (127.266 t), Rio Grande do Norte (124.904) e Sergipe (109.735).

O presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool-PB), Edmundo Barbosa, representa produtores do Estado e defende uma campanha de valorização dos ‘produtos made in PB’.

“Precisamos prestigiar e fomentar os produtos produzidos na Paraíba, que geram empregos dignos e renda nos 26 municípios em que existe cana-de-açúcar. Na prática, o açúcar da Paraíba está em desvantagem em relação ao mesmo produto de outros estados. Precisamos encontrar soluções”, disse.

Oferta de produtos de fora

Ele diz que a oferta de açúcar de fora no mercado paraibano prejudica os produtores locais, que veem sua produção sobrar. Segundo Edmundo,  Pernambuco, por exemplo, concede crédito presumido do ICMS no valor de 12% aos produtores que vendem para outros Estados.

Outro motivo apontado para o ‘encalhe’ do açúcar da Paraíba são as vantagens tributárias concedidas a empresas atacadistas, distribuidoras e empacotadoras que compram com incentivo fiscal, mas não fabricam nada.

“Prova disso é que os produtos de outros Estados estão nas prateleiras dos mercados da Paraíba em maior quantidade. Nosso produto é desvalorizado”, afirmou.

Queda nas exportações
Em 2011, o Estado exportou 116.995 toneladas de açúcar para outros países, segundo o Centro Internacional de Negócios da Paraíba, no valor de R$ 83,2 milhões. No ano passado, o volume caiu para 13,795 t (redução de 88%) e o valor para R$ 5,8 milhões (-93%).

“Essa queda prejudicou as empresas. Mesmo em 2011 e 2012, quando exportamos mais, o tipo de açúcar ofertado ao consumidor, cristal ou demerara, também sobrava nos estoques das empresas na Paraíba”, disse. Ele explicou que o açúcar exportado é do tipo VHP ou seja, matéria-prima para empresas refinadoras, porque o mercado mundial está organizado assim.

Conforme o presidente do Sidalcool, para manter as usinas a todo vapor é preciso que o Governo do Estado reveja a concessão de benefícios fiscais. Ele garante que se houvesse valorização do produto local, o consumidor não pagaria mais, o governo aumentaria a arrecadação e o setor geraria mais empregos.

“Ainda não conversamos com o Governo do Estado. Gostaríamos de discutir alternativas com a Receita Estadual porque entendemos que pode haver maior arrecadação, valorizando o açúcar da Paraíba”, disse Edmundo Barbosa.

  • Andréa Batista, jornalista
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