Médicos escolhem quem vai viver

João Alberto Pessoa, diretor de Fiscalização do CRM-PB, vê mistanásia na PB (Foto: Jornal da Paraíba)

“Por causa das condições de assistência, os médicos estão fazendo o papel de juízes da vida, tendo que escolher quem continua vivendo e quem vai morrer. Existe um termo utilizado para isso: ‘mistanásia’ ou eutanásia social, que é a morte antes da hora, por causa da miséria da medicina”. A afirmação, em tom de desabafo, é de João Alberto Pessoa, diretor de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB).


O representante do CRM-PB disse que os médicos se deparam com a essa situação no dia a dia, porque não há estrutura nos serviços de saúde para atender a todas as pessoas, no momento e da forma com que elas precisam. Segundo ele, é preciso que os governos invistam mais do que manda a lei em saúde (o mínimo constitucional é 13,2% da receita corrente líquida no caso da União, 12% para Estados e 15% para municípios).

Isso se os gestores quiserem melhorar as condições de saúde e dar acesso aos doentes aos leitos de hospitais, aos medicamentos e às novas tecnologias médicas. Segundo João Alberto, a medicina vai ficando mais cara à medida que evolui e surgem novos tratamentos. Dessa forma, os investimentos precisam crescer no mesmo ritmo.

Esse assunto veio à tona, esta semana, depois que a TV Cabo Branco exibiu uma reportagem de uma idosa que só conseguiu ser internada numa unidade de terapia intensiva (UTI) da Capital, depois da intervenção do médico da família da paciente, e após ser barrada na porta de um hospital para o qual tinha sido encaminhada.

Também no último domingo, o blog trouxe a matéria Pb perde 687 leitos do SUS, entre 2012 e este ano. E mesmo que essa perda não tenha atingido os leitos e UTI, eles não são suficientes. O próprio secretário de Saúde da Capital reconheceu, também em entrevista ao Bom Dia PB, que há falta de leitos, mas disse que é possível gerenciar e atender.

“Temos uma escassez, embora aumentamos os leitos. Com um gerenciamento, você consegue fazer boa gestão da escassez. As UTIs estão lotadas com pessoas idosas. Se fosse na França, elas iriam para uma unidade de cuidados paliativos. Precisamos discutir isso com a sociedade e com a comunidade médica”, afirmou o secretário Adalberto Fulgêncio.

  • Andréa Batista, jornalista
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