A filiação ao PMN (Partido da Mobilização Nacional) de Zennedy Bezerra, Secretário de Gestão Governamental e Articulação Política de João Pessoa, parece indicar que o prefeito Luciano Cartaxo começou um movimento que pode ter como desfecho o rompimento do ex-petista com o bloco de lideranças e partidos que hoje dão sustentação ao governo Michel Temer na Paraíba, especialmente o PSDB.
Zennedy não é um nome qualquer entre os assessores de Cartaxo. Os dois estão juntos desde os tempos do movimento estudantil da UFPB nos anos 1980 e se filiaram juntos ao PT. Zennedy foi sempre o principal assessor parlamentar de Luciano Cartaxo em toda a carreira do prefeito da Capital, de quem é também, hoje, o principal operador político.
Alguém com esse histórico de lealdade e confiança não tomaria uma decisão como essa sem ter não apenas a anuência de Cartaxo, mas a orientação para fazê-lo. Não se trata, portanto, de um fato banal. Pelo contrário, é carregado de implicações que tentaremos aqui desvendar.
A primeira questão tem a ver com o partido escolhido. O PMN é um partido pequeno que em 2016 elegeu apenas três deputados federais e, hoje, não conta com nenhum. Do ponto de vista do tempo de TV, vale o tamanho da bancada eleita. Além disso, é um partido pouco implicado na Lava Jato, tendo recebido pouco mais de R$ 602 mil da UTC.
Quem acha isso irrelevante, veja a justificativa que utilizou Rafael Greca, prefeito eleito de Curitiba em 2016, para se filiar ao mesmo PMN: “Eu escolhi o PMN porque eu queria ficar livre desse conflito da Lava Jato que infelicita a nação. Estava no PMDB e não me elegi na época (em 2012). Agora, pelo PMN, percebi que meu partido era Curitiba”.
Convenientemente, Greca considera que o PMN não é “nem de direita nem de esquerda”. Colega de Luciano Cartaxo, não me surpreenderia se soubesse que Greca foi um dos seus conselheiros.
Se for isso mesmo, Cartaxo caminha para iniciar um distanciamento do PSDB e do próprio PSD, o atual partido do prefeito pessoense, enredado fortemente na Lava Jato, inclusive e principalmente, seu presidente, o indefectível Gilberto Kassab.
E de Cássio Cunha Lima, das grandes lideranças paraibanas a que tende mais a sofrer com o desgaste provocado pelas delações da Odebrecht e da JBS, respondendo atualmente a um processo por recebimento de dinheiro de caixa-dois. Além de ser ele homem de confiança de Aécio Neves.
Para deixar ainda mais dúvidas, em entrevista concedida a uma das rádios de João Pessoa nesta quinta (1º), Zennedy deixou clara sua posição a ser perguntado se Luciano Cartaxo deveria ou não deixar a Prefeitura para se candidatar ao governo no próximo ano: em abril de 2018, data limite para a renúncia ao mandato de prefeito, Cartaxo ainda terá dois anos e oito meses de mandato havendo ainda muito por fazer em João Pessoa.
Como venho afirmando, Cartaxo não é de arriscar, especialmente numa conjuntura de difícil projeção como a atual. E especialmente com os “aliados” com quem ele conta para levar à frente seu projeto de candidatura fora da Prefeitura de João Pessoa.
Se for essa a posição de Luciano Cartaxo, entrou no forno a candidatura de Lucélio Cartaxo. Para deputado federal ou para o Senado. Se vai ser em aliança com Cássio ou Ricardo Coutinho, só o tempo e o amadurecimento da conjuntura dirão. Mas que não será pelo PSD, isso parece ser quase certo.
E se o discurso ainda de oposição que Zennedy fez durante a entrevista pode deixar alguma dúvida a respeito da possibilidade de uma aliança de Cartaxo com RC, é só relembrar o clima entre os dois há seis meses das convenções de 2014.
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2 Respostas para ZENNEDY DE CARTAXO NO PMN. E DAÍ? Por Flávio Lúcio Vieira
ORA, ORA….
NO contesto atual Zenedi e Cartaxo estão certos, porque manter-se juntos ou mesmo se misturar com sujeira, corrupção se os Brasileiros pedem faxina, expurgo dos políticos sujos.?
Zennedy é um político (sim, político, mesmo sem cargo eletivo) genial.
É perceptível que a ida dele pra o PMN deve fazer parte de uma estratégia para expandir a rede de alcance das políticas públicas que vêm sendo desenvolvidas por Luciano.
Mas, é precipitado imaginar que isso tem correlação com o PSD.
A aliança das oposições continua firme e forte, com o objetivo comum de oxigenar a gestão da Paraíba.