Prefeito de Campina contrata empresa de primo para trocar piso de avenida “em perfeito estado”

Piso de pedras portuguesas a ser trocado na Avenida Manoel Tavares, em Campina Grande

Adversários do prefeito Romero Rodrigues (PSDB), de Campina Grande, denunciaram hoje (23) a troca supostamente desnecessária do piso de pedras portuguesas (“em perfeito estado”) do canteiro da Avenida Manoel Tavares, uma das principais da cidade, por blocos intertravados fabricados por empresa que tem como sócio um filho do senador Cássio Cunha Lima (PSDB).

Obras já foram iniciadas para a troca do piso na avenida

Contam que o fato chegou ao conhecimento deles através de fotografias (aqui reproduzidas) enviadas por moradores que estranharam e condenaram a obra, cujo valor não foi informado pelos denunciantes nem pela Prefeitura Municipal de Campina Grande (PMCG).

A uma pessoa supostamente residente em edifício de apartamentos localizado na avenida atribuem perplexidade diante de um gasto de recursos públicos que poderiam ser melhor investidos “em demandas urgentes da cidade, com nas áreas da educação e saúde, setores que, constantemente, são alvos de reclamação por parte da população, no que se refere à falta de medicamentos, materiais, dentre outros”.

Lembram que a empresa da qual Diogo Cunha Lima, filho do senador, seria um dos donos, a Interblock Artefato de Cimento S/A, já é alvo de Inquérito Civil aberto ano passado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) para investigar “possíveis irregularidades” nas relações e contratos entre aquela indústria e a PMCG.

“Diogo, sendo parente (primo) do prefeito, seria um dos sócios proprietários da empresa, que faturou mais de R$ 6,1 milhões em licitações, só durante a primeira gestão do prefeito Romero Rodrigues em Campina Grande. Segundo pesquisa no site da Receita Federal e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB), a empresa Interblock Artefato de Cimento S/A, cuja atuação principal está na fabricação de artefatos de cimento para uso na construção civil, até o final do ano passado já havia emplacado três licitações na Prefeitura de Campina Grande, que somadas chegam à quantia de R$ 6.182.850,00”, informam.

Material da Interblock estocado na calçada da avenida

Os denunciantes afirmam ainda que a Interblock foi criada no dia 8 de abril de 2010, segundo dados da Receita Federal, e até o final do ano passado só ganhou quatro licitações para participar de obras, das quais três em Campina Grande.

Citam ainda o fato de a empresa ter doado R$ 13,5 mil à campanha a deputado do advogado Pedro Cunha Lima, eleito pelo PSDB em 2014  para a Câmara Federal como o mais votado da Paraíba. A doação teria sido feito após a Interblock ganhar a primeira licitação na PMCG.

O que diz a Prefeitura

Procurado para esclarecimentos sobre a denúncia, o jornalista Marcos Alfredo, coordenador de Comunicação da PMCG, disse que “esse tipo de notícia espalhada por esse e-mail anônimo será sempre recorrente”. Lembrou, por outro lado, que a “empresa (do grupo) Rocha” tem obras no Governo do Estado e em dezenas de outros municípios da Paraíba e de outros estados, acrescentando:

Os preços praticados nas obras da PMCG, por exemplo, são em média um terço mais barato que o pago pelo Governo do Estado e em outras partes do país. Romero é primo segundo de Dona Glória (avó de Diogo). Não tenho conhecimento de que, fora esse laço consanguíneo distante, exista algum fator que possa forçar a barra para se ganhar ares de suspeição na licitação. Muito pelo contrário. Além de reconhecida capacidade técnica, a empresa ainda pratica em obras contratadas no município preços abaixo do mercado.

Em seguida, forneceu ao blog certificados (reproduzidos a seguir) que comprovam a capacidade técnica da Interblock, que, ressalta, pertence ao ‘Grupo Rocha’.

É BOM ESCLARECER
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Uma resposta para Prefeito de Campina contrata empresa de primo para trocar piso de avenida “em perfeito estado”

  1. Walter Júnior escreveu:

    Caro jornalista, quem Fala é Walter Júnior, morador de Campina Grande, muito boa sua matéria, só faltou esclarecer uns pontos, tipo era mesmo necessário a reposição de um piso que pelas fotos está em bom estado? Nessa crise essa realmente seria a necessidade para uma cidade como Campina? aqui no meu bairro de Nova Brasília, onde no PSF está faltando todo tipo de recurso para sua manutenção, de gaze a esparadrapo. O prefeito foi muito bem votado no meu bairro será que não podia gastar um pouquinho desse dinheiro com um necessidade maior?