FHC abandonou o projeto da Transposição um ano e meio antes de deixar o governo

Descumprindo promessas de campanha feitas em 1994 e 1998, em julho de 2001, um ano e meio antes de Fernando Henrique Cardoso deixar a Presidência, a imprensa já noticiava que ele abandonara o projeto de transposição do Rio São Francisco para o Nordeste Setentrional. 

A história da desistência de FHC de realizar a obra foi contada em detalhes, na época, pela Folha de São Paulo. Em matéria assinada por Thomas Traumann e publicada na edição dominical de 29 de julho de 2001. Recorte do jornal foi encaminhada hoje (10) ao blog pelo perfil de Twitter ‘Fala Campina’.

Leia a matéria completa da FSP, a partir deste ponto.

O presidente Fernando Henrique Cardoso desistiu de realizar a transposição do rio São Francisco, uma das suas promessas eleitorais das campanhas de 1994 e 1998. A decisão foi comunicada a assessores e parlamentares, segundo apurou a Folha.

Oficialmente, a obra, orçada em R$ 3 bilhões, só não começou porque aguarda há dez meses a autorização do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). A construção continua incluída no Avança Brasil, o programa de obras do governo federal, e tem R$ 200 milhões previstos no Orçamento deste ano.

Mas, na prática, a transposição não sairá do papel.

Planejado e adiado desde o reinado de d. Pedro 2º, o projeto de transposição previa a construção de uma espécie de rio artificial que levaria, por canais de irrigação, as águas da bacia do São Francisco na divisa entre Pernambuco e Bahia para o próprio Pernambuco, além de Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

A Folha apurou que, para evitar choque com as bancadas dos Estados beneficiados, o governo poderá manter a obra em suas previsões para o ano que vem. Mas será jogo de cena.

Na realidade, o governo vai substituí-lo por um plano de incentivo à agricultura familiar e ao plantio de árvores nas margens do rio São Francisco, orçado em R$ 70 milhões. A maior parte das margens do rio sofre com desmatamento e assoreamento. O dinheiro já foi liberado para o Ministério da Integração Nacional, mas é disputado também pelo Ministério do Meio Ambiente.

Nos últimos três anos, estudos de engenharia, viabilidade técnica, impacto ambiental e audiências públicas sobre a obra consumiram cerca de R$ 4 milhões.

“Agora não dá”

A decisão de abandonar o projeto da transposição foi transmitida pelo presidente nas últimas semanas a assessores e parlamentares. Nas conversas, o presidente usou como razão a atual seca no Nordeste, que reduziu a vazão do São Francisco para os níveis mais baixos dos últimos 30 anos.
Repetiu o argumento em entrevista publicada na sexta-feira no jornal “Correio Braziliense”: “Transposição, agora, não dá. Não tem água no São Francisco”, disse o presidente.

Na assessoria do Planalto, são enumerados outros quatro motivos para descartar a transposição. O primeiro é circunstancial. Segundo o próprio relatório de impacto ambiental encomendado pela Integração Nacional, a obra pode derrubar em até 10% a produção de energia da Chesf (a central hidrelétrica que utiliza as águas do rio) entre os reservatórios de Itaparica e Xingó.

Seria um efeito colateral politicamente indefensável em tempos de racionamento de energia.

Outra causa é política: o último grande defensor da idéia no governo, Fernando Bezerra (PTB-RN), foi defenestrado em maio do ministério da Integração. Seu substituto, Ramez Tebet (PMDB-MS), não tem interesse no projeto nem base eleitoral no Nordeste.

Além disso, a construção tem oposição dos políticos da Bahia, Sergipe e Alagoas -os Estados de onde a água sairia para chegar a Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

O terceiro motivo foram os seguidos adiamentos do projeto no governo FHC. Mesmo se as obras começassem amanhã, em ritmo acelerado, dificilmente FHC conseguiria inaugurar ainda como presidente o primeiro dos seis trechos da transposição.

Os assessores palacianos informaram que seria contraproducente o governo iniciar uma obra tão gigantesca sem saber se teria apoio do próximo presidente.

Por último, FHC disse nas conversas que o governo não tem dinheiro. Os R$ 3 bilhões estimados para a transposição equivalem ao orçamento anual da Eletrobrás. Os defensores da transposição argumentam que o governo federal gastou R$ 850 milhões para combater os efeitos da seca de 1999.

É BOM ESCLARECER
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10 Respostas para FHC abandonou o projeto da Transposição um ano e meio antes de deixar o governo

  1. Teca Moraes escreveu:

    Eta país que vive reverenciando bandido, ama aplaudir assassino e adora ostentar esse DNA de corrupto como se fosse um dom de Deus!

  2. Ailton escreveu:

    Temos que separar o dever do excepcional. Não há de reconhecer que o pontapé dessa obra de planejamento secular foi com o Lula. Mas, à que custo à nação pagou? Também o Lula e Dilma Rousseff foram os responsáveis por omissão ou comissão da transposição do Rio de dinheiro da corrupção das empresas públicas vinda dos nossos impostos para os bolsos dos corruptos e saqueadores da nação que afundou ou secou o manancial do Brasil.

  3. Se tivessem respeitado o governo Dilma, uma gaúcha teria concluído o projeto, dando fim a um problema secular de grande parte do povo nordestino. Vejo reportagens sobre os efeitos da seca por lá e me doi ver pessoas idosas puxando água à distâncias castigantes. LULA E DILMA São pai e mãe deste projeto sim.

    • Antonio escreveu:

      Se fosse por pai Lula e mãe Dilma monteiro e o cariri iam morrer de cede mais graças a DEUS e segundo o nosso presidente Michel Temer usado por DEUS em breve teremos água na nossa região e falando de Lula se ele não tivesse desviado bilhões de reais que daria pra trazer água ate mesmo do polo norte e chegaria geladinha. VIVA O POVO BRASILEIRO QUE CONTRIBUI COM OS SEUS IMPOSTOS. NÃO FIZERAM NADA ALÉM DAS SUAS OBRIGAÇÕES.

  4. Joao Paulo Martins escreveu:

    LULA MERECE UMA ESTÁTUA PELA SUA OUSADIA E POR REDOLVER PARTE DO PROBLEMA DA SECA NO NORDESTE E OLHA QUE SE ELE VOLTAR , QUERO DIZER SE MORO DEIXAR … ELE FARÁ MUITO MAIS PELO NOSSO POVO

  5. Paulo Germano escreveu:

    A inteligência de FHC não serviu para o Brasil.

  6. Joao Paulo Martins escreveu:

    ELBA RAMALHO DEVERIA SER HUMILDE E VIR A PÚBLICO SÉ MASIFESTAR , PEDIR DESCULPA POR SER CONTRÁRIA NA OCASIÃO, QUANDO LULA ESTAVA A SOFRER DE TODOS OS LADOS POR TOCAR A OBRA …

  7. Joao Paulo Martins escreveu:

    Gostem ou não, Lula é sim o pai dessa mega obra , foi ele que peitou inúmeras pessoas , personalidades , artistas , religiosos, POLÍTICO que inclusive estão agora querendo sair bem na foto mas , a história ninguém irá apagar de que Lula foi o responsável. Pena que não vejo o povo paraibano se manifestando nas ruas .. OBRIGADO LULA E DILMA !!!!

  8. maria escreveu:

    Esse projeto, sonhado ainda nos tempos de Dom Pedro 2º, desprezado por Fernando Henrique Cardoso, e que só saiu do papel nos governos do PT, inclusive muito criticada pela oposição. Foi iniciada no governo Lula, ainda em 2007, obra jamais esteve paralisada durante a gestão de Dilma Rousseff e teve quase sua totalidade construída e concluída no governo da ex-presidenta. O projeto só não foi entregue por Dilma porque os setores mais atrasados da política brasileira, aliados às parcelas mais indignas da imprensa nacional e as velhas oligarquias, além de conservadores e políticos oportunistas – do PSDB e DEM e muitos do PMDB – arquitetaram e promoveram o Golpe de 2016.