Juízes repudiam declaração de secretário da OAB-PB sobre morosidade na Justiça estadual

Em nota encaminhada ao blog nesta sexta-feira (17), a Associação dos Magistrados da Paraíba (AMPB) repudia “veementemente” declarações do advogado Assis Almeida, secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil na Paraíba (OAB-PB), sobre morosidade no Judiciário estadual.

Em entrevista ao Rubão publicada na quarta-feira (15), o dirigente da OAB-PB disse que, na média, a primeira audiência na Justiça da Paraíba demora três meses para acontecer. Disse também que a morosidade processual se deve a diversos fatores, que vão desde a falta de servidores a juiz que faz “corpo mole”.

Além de rebater as declarações de Assis Almeida, a entidade que representa juízes e desembargadores do Estado garante que os magistrados se esforçam para dar andamento aos processos. A celeridade esbarraria, contudo, na má distribuição de servidores, problema que penaliza notadamente o primeiro grau de jurisdição.

A nota da AMPB, na íntegra

A Associação dos Magistrados da Paraíba (AMPB), entidade que representa os juízes deste Estado, vem a público repudiar veementemente as declarações do senhor Assis Almeida, secretário geral e presidente da Comissão de Combate à Morosidade Judicial da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil na Paraíba, publicadas no Blog de Rubens Nóbrega, Jornal da Paraíba, ocasião em que atribuiu a morosidade processual na Paraíba a diversos fatores, dentre eles a juiz que faria “corpo mole”.

A abordagem acerca da temática da morosidade processual requer ampla investigação acerca dos seus reais fatores, não contribuindo para o seu adequado tratamento e solução eventuais ofensas irrigadas por quem integra comissão criada pela OAB/PB.

Os exemplos trazidos pelo presidente da referida comissão para ilustrar a alegada morosidade no Poder Judiciário do Estado da Paraíba, ora depõem contra a morosidade alegada, ora indicam que, na verdade, esta não se deve à atuação judicial intempestiva, demonstrando o desconhecimento do presidente da Comissão de Combate à Morosidade Judicial da jurisprudência pátria, assim como das mais iniciantes lições de direito processual.

Ao mencionar um caso de violência doméstica, referindo-se, ainda, aos processos criminais, o advogado alega ser de três meses a média de tempo de espera para a primeira audiência. Ocorre que, conforme consolidado na jurisprudência pátria, o tempo máximo para a conclusão das instruções criminais é de 180 dias. Considerando ser una a audiência de instrução, significa que, na Paraíba, as instruções são encerradas muito antes do lapso temporal máximo admitido pela jurisprudência.

Referiu-se, ainda, ao mencionar “corpo mole” de juiz, a um suposto caso de uma juíza que concedeu “pensão alimentícia a uma mulher e demorou um mês para citar a parte vencida no processo”. O ato de citação não é próprio do juiz, consoante legislação processual em vigor. Assim, no exemplo mencionado, não obstante a crítica, restou evidenciado o cumprimento do dever da magistrada, havendo atraso tão somente em relação ao cumprimento da sua decisão, o que certamente se deve ao número insuficiente de servidores que atuam no primeiro grau.

Conforme evidenciam os dados do Conselho Nacional de Justiça, o Brasil possui os juízes mais produtivos do mundo, estando os magistrados paraibanos inseridos neste contexto.

A Associação dos Magistrados da Paraíba reconhece a necessidade de agilização da prestação jurisdicional, com o escopo máximo de obtenção da razoável duração do processo, direito fundamental inserto no inciso LXXVIII do artigo 5º da Constituição Federal Brasileira, o que somente será possível com a priorização do primeiro grau de jurisdição, onde se concentram 92% dos processos, não havendo, contudo, concentração proporcional de servidores.

Assim, é de se lamentar o tratamento simplório que procurou dar a OAB/PB a uma questão complexa, que não se resolve com a divulgação midiática do lançamento de um aplicativo, quando poderia unir forças à Associação dos Magistrados da Paraíba na luta pela priorização do primeiro grau, com a adequada e proporcional equalização da força de trabalho no Poder Judiciário.

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6 Respostas para Juízes repudiam declaração de secretário da OAB-PB sobre morosidade na Justiça estadual

  1. Valdemir escreveu:

    Meu a razoável duração do processo como posto no artigo 5 da nossa carta magna, está longe de ser cumprido pelo nosso judiciário, principalmente e em especial se a ação for proposta contra o estado, pelos algumas ações contra o estado da Paraíba, sendo a mais antiga data de 2011, e desde 2015, salvo engano, porque não tenho mais acompanhado, está em provimento de auditagem, um outro que data de 2012, com sentença já transitada em julgado, está concluso para execução desde o ano passado e nada, sem falar em em MS proposta no TJ que desde o ano passado também ainda estar concluso para despacho, então já está aniversariando 6 anos, o outro 5 anos e MS vai caminhando para 2 anos, como acreditar no judiciário paraibano, porque não dizer brasileiro.

  2. Ricardo escreveu:

    Não são raros os processos existentes com um, dois ou mais anos concluso.

    O que poderia ser pensado como origem???

  3. alberto corte real escreveu:

    Sera que o caso do IPEP/IASS nao se encaixa nessa situação? Vale lembrar que o caso ja foi decududi ate no STF e STJ e o juiz daqui ainda nao deu cumprimento de sentença, isso ja fazem dois anos. enquanto os funcionarios do IASS estão assando necessidades financeiras fazendo emprestimos em BANCOS e se endividando cada vez mias.

    • alberto corte real escreveu:

      corrjgindo o texto.

      Sera que o caso do IPEP/IASS nao se encaixa nessa situação? Vale lembrar que o caso ja foi decidido ate no STF e STJ e o juiz daqui ainda nao deu cumprimento de sentença, isso ja fazem dois anos. Enquanto isso os funcionarios do IASS estão passando por necessidades financeiras fazendo emprestimos em BANCOS e se endividando cada vez mais.

  4. Ricardo escreveu:

    Parabéns ao Secretário da OAB pela coragem de expor a realidade dos fatos.

  5. José gomes escreveu:

    Boa tarde Rubens Nóbrega, como a associação dos magistrados se defende onde processo de diferença salarial de PMs que estão sendo movimentados obdecendo todos os ritos processuais, tem processo de 2009 20010 e outros, chega no gabinete do juíz dá 5a vara dá fazenda, e aí é uma eternidade para mandar o Estado cumprir , já que a matéria é jurisprudencial já que alguns policiais já recebem essas diferenças em seus contracheques,essa questão me parece mais um erro formal do Estado que foi detectado que no anuênio estava sendo pago num valor menor, portanto se foi detectado essa diferença o Estado junto com a procuradoria corrigia o erro é simplesmente passava a pagar, como está na esfera judicial que use o benefício dá jurisprudencia. Obg