Delegado paraibano que é secretário no RN critica governador

Tropa de Choque da PM entrou na Penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, nesta quarta-feira (18) (Foto: Adriano Abreu / Tribuna do Norte / Ag. O Globo)

A crise no Rio Grande do Norte decorrente dos confrontos sangrentos no Presídio de Alcaçuz, em Nísia Floresta, pode derrubar do cargo de secretário estadual de Justiça, ainda hoje (19), o delegado de Polícia Civil da Paraíba Walber Virgolino. Saiba porque adiante.

Nesta quinta-feira (19), Virgolino disse à revista Época que o governador Robinson Faria ignorou sua orientação sobre a retirada de presos de Alcaçuz, onde 26 foram assassinados no último fim de semana. Leia a matéria na íntegra, agora.

Governador do RN desrespeitou inteligência ao retirar facção de presídio, diz secretário

O secretário estadual de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte, Wallber Virgolino, afirmou nesta quinta-feira (19) que o governador Robinson Faria ignorou sua orientação sobre a retirada de presos de Alcaçuz, onde 26 foram assassinados no último fim de semana. Em entrevista exclusiva a ÉPOCA, Virgolino disse que o governo do estado desconsiderou as informações de inteligência do sistema prisional ao aprovar a transferência de detentos da facção potiguar Sindicato do Crime (SDC), rival da paulista Primeiro Comando da Capital (PCC). “Não foi levado em consideração o que o secretário de Justiça e a inteligência disseram. Sugeri que tirassem o PCC do presídio”, afirmou.

Em entrevista exclusiva a ÉPOCA, Virgolino disse que o governo do estado desconsiderou as informações de inteligência do sistema prisional ao aprovar a transferência de detentos da facção potiguar Sindicato do Crime (SDC), rival da paulista Primeiro Comando da Capital (PCC). “Não foi levado em consideração o que o secretário de Justiça e a inteligência disseram. Sugeri que tirassem o PCC do presídio”, afirmou.

Virgolino defendia retirar membros do PCC, em vez de presos do SDC, por duas razões. A primeira diz respeito ao fato de que a facção paulista é minoria em Alcaçuz – 500 integrantes contra 1.000 da organização potiguar. A segunda é que o PCC é mais influente que o SDC naquele presídio.

A remoção de presos do SDC resultou numa batalha armada entre as organizações criminosas na manhã desta quinta-feira. Munidos de pedras, barras de ferro e vigas de madeira, os detentos partiram para o confronto. Do alto das guaritas, policiais fizeram disparos na tentativa de conter a confusão.

Segundo o jornal O Globo, integrantes do governo do Rio Grande do Norte iniciaram uma negociação com chefes do PCC, na tarde de quarta-feira (18), na tentativa de conter a rebelião em Alcaçuz. Virgolino confirmou a ÉPOCA que uma delegada foi autorizada pelo governador a negociar com a facção paulista. Durante a conversa, o PCC exigiu, entre outras medidas, que fossem retirados presos do SDC da Penitenciária de Alcaçuz.

Depois do acordo, o governador Robison Faria autorizou a retirada de 220 presos do SDC de Alcaçuz. Em reação à remoção, a facção potiguar iniciou uma série de ataques nas ruas da Grande Natal. Pela primeira vez desde o início da crise da segurança pública no país, em outubro passado, a guerra de facções saiu dos presídios.

  • por DANIEL HAIDAR, DE NÍSIA FLORESTA (RN)
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