Um bicho/ É só mais uma, ninguém vai notar/Vai passar na mídia/ E logo vão se calar…
O verso abre o poema-denúncia reproduzido adiante, de autoria não revelada, que condena as mais variadas formas de violência contra a mulher, desde agressão física ou psicológica à supressão de liberdade. Começou a circular neste final de semana nas redes sociais para marcar campanha do Movimento Feminista da Paraíba por #JustiçaParaVivianny.
A mobilização nas redes sociais tem à frente entidades do movimento feminista da Paraíba, empenhadas em manter a sociedade alerta para evitar que a morte da estudante e vendedora Vivianny Crisley caia no esquecimento e seu(s) assassino (s) fique(m) impune(s).
Mais do que denunciar atos de agressão e crimes de morte, o tom da campanha, segundo suas organizadoras, tem também caráter pedagógico. O objetivo é a conscientização das pessoas para os riscos e consequências de preconceitos arraigados em concepções, por exemplo, expressas na frase “mulher não pode sair tarde da noite”. Ou outros de maior gravidade, que põem na vítima a culpa pela violência sofrida.
Vivianny Crisley desapareceu em 20 de outubro passado após sair da casa de shows Beberico’s Prime no Bairro dos Bancários, em João Pessoa, e foi encontrada morta num matagal em Bayeux, no dia 7 de novembro.
Três suspeitos
A Polícia Civil divulgou no dia 11 de novembro a identidade de três suspeitos pela morte de Vivianny. Dois deles estão foragidos: Jobson Barbosa da Silva Júnior, conhecido por Juninho e que já responde a processo por estupro de vulnerável e roubo, e Fagner das Chagas Silva, chamado de Bebé, que recorreu de uma condenação por roubo.
Já o que foi preso em Campina Grande, Allex Aurélio Tomas dos Santos, de 22 anos, disse em depoimento que a jovem foi morta “porque estava gritando para ir para casa”. Uma versão que a polícia não dá crédito.
De acordo com o delegado Reinaldo Nóbrega, responsável pela investigação, Allex Tomás disse que os outros dois suspeitos saíram com Vivianny e depois retornaram para a casa dele sujos de sangue afirmando terem “matado a menina”. Nas imagens divulgadas pelo estabelecimento, Jobson Barbosa e Fágner das Chagas Silva aparecem saindo do Beberico´s Prime com Allex e Vivianny.
Confirmação
O corpo de Vivianny Crisley foi encontrado carbonizado, dia 7 de novembro, num matagal em Bayeux, município da região metropolitana de João Pessoa. No local, os policiais encontraram um cartão de crédito e uma sandália que a vítima estaria usando na noite em que desapareceu.
A confirmação de que o corpo era mesmo o dela só foi feita uma semana depois, na segunda-feira (14), quando saiu o resultado de um exame de DNA feito pelo Instituto de Polícia Científica (IPC) do Estado.
O IPC comprovou a compatibilidade do material genético de pedaços de pele com o de familiares da jovem de 28 anos. Sob forte comoção, da família e de amigos, seu corpo foi enterrado na terça-feira (15), no cemitério Parque das Acácias, no José Américo, bairro da Zona Sul de João Pessoa.
#JustiçaParaVivianny
Um bicho
É só mais uma, ninguém vai notar
Vai passar na mídia
E logo vão se calar
Um lixo
Mais um corpo que chora e sangra, no meio dessa façanha
O que fazer agora?
Bora enterrar
Miserável
Deixa apodrecer na terra
Os vermes vão comer até a dignidade
Me disseram para ter
Puta
Que sai pra rua
Na hora escura
Deu pra macho escroto, a culpa é sua
A culpa é sua
A culpa é sua
A culpa é sua
A culpa é sua
Não tem direito de justificar
A culpa é sua
Tava com roupa curta
A culpa é sua
Bebeu demais
A culpa é sua
Deu pra festa inteira
A culpa é sua
E é nessa agonia
Onde a culpa sempre será sua
Não é hora de mulher tá na rua
Se pelo menos fosse de família…
Mas vive no mundo
Veste o que quiser e volta a hora que quer
Diz ser livre
A culpa ainda é sua
Enquanto não houver justiça
A culpa sempre será sua
Mulher ingênua
Eles fazem o que quiser
Te mete
Te quebra
Te rasga
Mas a culpa é sua
Quem mandou ficar até tarde da noite?
Vermes
Que proíbem de viver
Tirando nossa felicidade
Ainda mais a liberdade
Será que tivemos?
Bebem nosso sangue
Sugadores de vida
Nos usam
Abusam
Estupram
Joga em qualquer canto
Me fazendo ser um nada
Você também
Até a mulher do vizinho
Que vai pra missa todo dia
Rezando o terço e dizendo
Ave Maria, rogai por nós
Rogai por nós!
Não adianta mais orar
Não adianta apressar o passo
Não adianta mais chorar
Onde está Vivianny?
Agora vivendo num paraíso
Está segura desse inferno, desse rebuliço
Dizem que é perigoso ser mulher por essas bandas
Vim da costela do homem
Sou o fruto do pecado
Pobre filha de Eva
Desde o começo do mundo eles têm nos rebaixado
E ainda fica sem perceber porque não tem justiça
Eles vão te pisar
Te devorar
Hoje pensei que seria eu
Ainda nos restam amanhã e os outros dias
Isso não vai acabar
Só não pare de lutar
Vamos em frente, temos muito ainda o que conquistar
Você é sua, eu sou minha
Você tem voz sim
Fica nua, crua, lua
A liberdade é filha tua
Faça justiça
E não deixem dizer que a culpa é tua
#JustiçaParaVivianny
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