O ministro Bruno Araújo em João Pessoa: agenda política (Foto: JP)

A Paraíba é mesmo uma terra singular de políticos peculiares. Não fosse assim, onde mais uma visita de ministro consumiria tantas letras e saliva só porque o governador do Estado não recepcionou o visitante? E não recepcionou porque o visitante basicamente veio fazer papel de figurante numa cena dirigida e estrelada por oposicionistas, todos ostensivamente empenhados em deixar mal na fita o anfitrião ausente.

Não há propósito ou argumento convincente que sustente a necessidade administrativa ou a seriedade política da visita ministerial. Primeiro porque, a não ser para fazer firula ou oba-oba, não cabe a ministro algum – salvo se convidado pelo governante local – inspecionar uma obra projetada, licitada, em execução e por enquanto quase inteiramente bancada pela administração estadual.

A gestão federal de agora, aliada dos opositores do governador, vem sabida e notoriamente contingenciando recursos – acertados desde o governo anterior – para o chamado Viaduto do Geisel. Bem diferente do que os atuais inquilinos do Palácio do Planalto fazem com governos aliados. Que o digam os R$ 2 bilhões liberados para obras municipais em menos de dois meses, no primeiro semestre deste ano.

Quem quiser conferir, no caso de não acreditar no blog, basta abrir o link que se oferece da matéria intitulada ‘Sob Temer, repasses priorizam aliados‘. Prioridades atendidas de verdade. Com ou sem medição. O texto do Estadão vai mostrar exatamente o seguinte: antes de esgotar o prazo fixado em lei para repasse de verba pública em ano eleitoral, a dinheirama federal abasteceu o caixa de mais de 2.400 prefeituras dirigidas por peemedebistas ou “gente da base”.

Gente como o deputado federal licenciado Bruno Araújo (PSDB-PE), o ministro das Cidades que nesta segunda-feira, 31 de outubro recém findo, veio a Paraíba protagonizar o quadro ‘Fiscal por um dia’. Como protagonizou também uma surrada e batida esperteza de velhos políticos que adoram anunciar liberação de verbas já orçamentadas ou programadas por gestões anteriores. A exemplo dos R$ 65 milhões há três anos prometidos para implantação em João Pessoa do aguardadíssimo VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

Desde maio de 2013, tanto a grana como o novo meio de transporte de massa para a Capital dão mote e mídia para sucessivos anúncios e promessas, tanto da ex-presidente Dilma Roussef quanto do prefeito Luciano Cartaxo, de João Pessoa, que desde 2015 virou “gente da base” de Temer. Tal e qual o ministro a quem serviu ontem de comitiva e claque.