A simples busca por uma vaga de estacionamento nas principais ruas do Centro de João Pessoa pode se tornar uma tarefa das mais estressantes para os motoristas. Mesmo nas primeiras horas da manhã, encontrar uma vaga é um desafio. Não apenas pelo excesso de carros nas ruas da cidade, mas também pela atuação de flanelinhas nas vias mais concorridas.
Na manhã da última sexta-feira (28), por exemplo, na Santo Elias (Centro), às 8h05 quase não havia vagas. Embora área de Zona Azul, onde a Prefeitura da Capital cobra R$ 1,50 por até duas horas de permanência, cones no leito da rua ou guardando calçada de guia rebaixada, preferencialmente de loja fechada, denunciavam a presença dos flanelinhas. Que não demoram a aparecer assim que o ‘Doutor’ ou ‘Doutora’, como eles chamam, descobre onde estacionar.
Na Santo Elias ou em qualquer outro lugar de João Pessoa, com ou sem Zona Azul, a abordagem dos flanelinhas nem sempre é das mais agradáveis ou amistosa. “Coloca o carro aqui, Patroa!”. O tom não é de quem pede ou sugere. É de quem manda. “Puxe mais pra cá, encoste mais no dá frente, que aqui cabre outro carro”. É outra ordem que a maioria dos motoristas se sente obrigada a seguir, por temer possíveis represálias. Na própria pele ou na lataria do carro.
Quando há qualquer evento, shows principalmente, no Centro ou na Orla, então… Aí é que eles mandam mesmo! Cercam terrenos vazios sem muros com ripas e fitas de isolamento, interditam ruas e calçadas do modo que acham melhor e cobram ‘tarifas’ flagrantemente abusivas a quem não tem alternativa de estacionamento. Resta ao cidadão submeter-se ou ir embora, porque quase todo o espaço público no entorno do espetáculo foi ‘privatizado’.
“Caso de Polícia”
Procurado pelo blog, Carlos Batinga, superintendente municipal de Mobilidade Urbana (Semob), reconheceu o problema com os flanelinhas, mas afirma que a questão não é de responsabilidade da pasta. “Na verdade, se há intimidação ou mesmo agressão, é um caso de Polícia. A Semob atua exclusivamente com os veículos”, explicou.
Ele descartou a possibilidade de cadastrar os flanelinhas como foi cogitado há cerca de três anos. “Temos feito parceria com a Polícia para garantir a harmonia no trânsito em caso de eventuais ocorrências”, disse. Revelou também que a Prefeitura de João Pessoa vai relicitar toda a área da Zona Azul.
“Até 2013, uma empresa era responsável, mas acabou abandonando. Atualmente a Zona Azul é administrada pela própria Prefeitura. A abertura da licitação seria dia 20 de outubro, mas o Tribunal de Contas do Estado (TCE) fez algumas recomendações às quais estamos nos adequando. Na próxima terça-feira teremos uma nova reunião”, afirmou.
Resta, então…
Ligar para a Polícia e denunciar qualquer irregularidade (cones, tijolos, pedras, latas ou qualquer outro objeto que impeça estacionamento nas ruas sem Zona Azul, por exemplo). Recomendável ligar também se a pessoa se sentir ameaçada ou pressionada a pagar por uma vaga em espaço público onde estacionou o carro. A ligação pode ser feita para o 190 ou o 3218-5837, do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran).
Diante dessa realidade e de casos como os expostos aqui, por mais que alguns compreendam que essas pessoas trabalham na rua porque precisam ou porque são vítimas do “nosso belo quadro social”, como diria o poeta Raul Seixas, não há como desconhecer excessos e abusos da parte delas quando se comportam como donas do ‘pedaço’ e decidem quem deve ocupá-lo e por quanto. Não dá para desconhecer também a omissão do poder público diante do problema, negando-se a reconhecê-los como trabalhadores informais carentes de orientação, organização e até de um possível treinamento.
Algumas tentativas de cadastramento para eventual credenciamento foram tentadas no passado recente, por iniciativa de dirigentes da Prefeitura ou intervenção do Ministério Público Estadual. Nada nesse sentido foi levado adiante, contudo. Já sob o atual governo municipal, pelo visto, não há o menor interesse em fazer qualquer coisa para dar um mínimo de urbanidade ao trato dos flanelinhas com as pessoas às quais oferecem ou impõem seus ‘serviços’.
A alternativa recomendada, como se vê, é chamar a Polícia em caso de “intimidação ou agressão”. Algo que Polícia alguma impedirá de se repetir, e na reincidência causar danos irreparáveis, literalmente. Ou seja, perda total. De vidas humanas, inclusive.
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4 Respostas para Flanelinhas mandam nas ruas de João Pessoa
Há omissão sim do Secretário Batinga, tanto no caso dos flanelinhas como dos lavadores de para brisas nos sinais. Claro que é um problema social e de sobrevivência para essas pessoas, mas que precisa de uma solução racional que traga paz ao nosso trânsito tão violento. Não seria possível absorver esses trabalhadores no próprio serviço da zona azul? Ou a zona azul é mais um trem da alegria de segunda classe da Prefeitura? Conta a história direito homem!
A polícia não faz nada. Já ocorreu de dois flanelinhas mandarem tirar meu carro caso eu não pagasse a eles. Como não quis pagar por causa da intimidação, me ameaçaram e tivemos que voltar para o carro. Isso foi constrangedor e humilhante. Falei com um policial, mas ele não estava nem aí. Isso deveria ser proibido em todo o país.
Excelente matéria. O tema não pode morrer.
Causa espécie essa lavada de mãos do Secretário Batinga, especialmente se levarmos em conta que a PMJP tem uma guarda municipal, que embora sem poder de polícia, bem que poderia tomar algumas medidas, paliativas decerto, mas de alguma valia.
Chama a atenção, por outro lado, não só os fatos de que esses flanelinhas atuam até mesmo nas áreas sob administração da Prefeitura (zona azul) e ousam usar coletes ou cinturões sinalizadores que lhes dão ares de oficialidade.
Por outro lado, é de se lamentar o desprezo que a PMJP e sua Secretaria de Mobilidade dedicam às vagas especiais, que embora fruto de lei federal, não recebem das nossas autoridades municipais o devido cuidado, como podemos ver facilmente, onde elas existem e são ocupadas até mesmo por vendedores ambulantes que as utilizam como se fossem seus “pontos comerciais”, como se vê facilmente nas áreas centrais da cidade e na orla marítima.