Coisa de um mês atrás, Gosto Ruim recebeu notificação da Justiça para comparecer na última quarta-feira (21) a uma Vara de Família da Capital. Catarina, segunda ex-mulher, quer aumentar a pensão alimentícia do filho que os dois botaram no mundo há 10 anos. Não chegaram a um acordo na primeira audiência. Inclusive porque o pensioneiro fez inesperada e inusitada contraproposta. Desarmou até mesmo o Doutor Juiz, que até então não parava de defender o pedido da pensionista.
Antes de contar o que o meu amigo propôs, vamos ao que pedia Catarina. Ela quer dobrar o valor da pensão, sob o argumento de que os outros dois filhos de Gosto, do primeiro casamento dele, são maiores de idade e a menina, a mais velha, “inclusive terminou a faculdade”, como informou ao Doutor Juiz. O magistrado prontamente usou tal informação para mostrar a Gosto que ele não mais era obrigado a manter a filha, “além de maior, formada”. Com isso, haveria margem financeira para atender à pedida da ex-mulher.
“Não, Excelência, não posso deixar de sustentar minha filha. Ela concluiu há pouco o curso. Ainda depende totalmente de mim, pois não tem emprego e está estudando para concurso. Ela e o outro menino só têm a mim. Tenho a guarda deles desde criança. A mãe mora no Sul. O outro menino só tem 22 anos e ainda estuda, só estuda. Já meu filho com a senhora aqui presente conta também com a mãe, que é profissional de saúde, tem três empregos e ainda dá uns plantões aí, por fora”, atalhou Gosto Ruim.
A ex-mulher manteve-se irredutível, todavia. “Excelência, ele só dá 10% do salário, mas poderia dar mais porque é assessor de político e como assessor ganha bem mais do que na repartição”, entregou Catarina. Na sua vez de falar, Gosto explicou ao Doutor Juiz que foi assessor parlamentar, não é mais. Além disso, complementou, “assessoria é hoje e não é amanhã”. Tanto é assim que o político para quem trabalhava terminou o mandato, não quis mais saber de eleição e a gratificação que o assessor parlamentar recebia saiu do seu bolso para “entrar para a história”.
“Mesmo assim, o senhor há de convir que 10% é muito pouco e o senhor não tem mais obrigação de sustentar uma filha maior de idade que já é formada”, insistiu o juiz. “Né o que eu digo…“, atravessou Catarina. “Mas, Excelência, o que eu gasto com os outros dois é o equivalente, individualmente, ao que gasto com o caçula, com esse nosso filho. Isso dá 30% do meu líquido, Excelência. No mínimo. Porque tenho que arcar com outras coisas também, com despesas não previstas dos três. E quanto a mim, por acaso não posso gastar comigo também? Pago aluguel, prestação de carro, plano de saúde, tenho que me alimentar, me vestir, comprar remédio…“, lembrou.
O juiz resolveu, então, colocar as partes e respectivos advogados para conversarem em outro ambiente, por meia hora, enquanto despachava processos que o rapaz do cartório trouxera. Deu meia hora ao ex-casal para entrar em consenso. Caso contrário, avisou, encerraria a audiência em curso e marcaria uma outra apenas para comunicar decisão. Apesar da ‘advertência’, deu em nada a conversa na sala ao lado do gabinete do meritíssimo. Catarina não abriu dos 20%. Gosto Ruim manteve-se firme nos 10%.
Mas, de volta à presença do Doutor Juiz, Gosto sacou da cachola uma contraproposta que sequer mencionara na conversa reservada. Sei não, mas pelo que conheço da fera, tenho quase certeza de que ele trazia a ideia na cabeça desde quando tomou conhecimento da ‘reivindicação’ de Catarina. Vejam só: “Eu tenho uma proposta, Excelência. Seguinte: ela me dá 10% do que ela ganha e eu fico com o menino”. Pois bem, graças à sacada do meu amigo, pelo visto a nova audiência não mais será somente para as partes tomarem conhecimento da sentença. Tem carta nova na mesa que pode virar o jogo.
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