Cunha sondou PGR para fazer delação, revela jornal

Janot e Cunha em solenidade no STF (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Janot e Cunha em solenidade no STF (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

O jornal Valor Econômico divulgou nesta quinta-feira (8) que diante de uma cassação iminente e o temor de ser preso o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já teria consultado a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a possibilidade de fechar um acordo de delação premiada na Operação Lava-Jato.

“A sondagem foi feita por emissários que foram diretamente à PGR para consultar procuradores-chave da Lava-Jato”, esclarece Valor, adiantando que as conversas estão na fase inicial, ou seja, “ainda não houve a redação de anexos com a indicação de políticos, operadores e empresários a serem delatados nem a assinatura de um acordo de confidencialidade”.

O jornal informa ainda que o ex-presidente da Câmara dos Deputados sondou a PGR para saber se as portas estariam abertas, mesmo depois de ele tanto usar a tática do ataque como defesa, sempre tendo como alvo Rodrigo Janot, o procurador-geral da República. “A resposta dos procuradores aos emissários de Cunha foi que, se ele estiver disposto a entregar o que sabe, o Ministério Público estará totalmente disposto a ouvir”, acrescenta Valor.

A decisão de partir ou não para a delação deve ocorrer, todavia, depois do julgamento do processo de cassação na Câmara, marcado para segunda-feira. “Cunha começou a aventar a ideia de colaborar com o Ministério Público temendo ser preso, após uma sequência de derrotas em diversas frentes, envolvendo também sua família”, historia o jornal.

A última derrota do deputado aconteceu hoje (8) no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros negaram-lhe a suspensão do processo de cassação, que deve ser concluído no próximo dia 12. O único voto a favor da concessão do pedido de Cunha veio do ministro Marco Aurélio Mello. Placar da votação: 10 a 1. A maioria entendeu que não cabe interferência do Judiciário nas decisões de outro Poder, no caso, o Legislativo.

Desde seu afastamento da Presidência da Câmara, segundo informações de bastidores da grande imprensa, Cunha estaria ameaçando ‘entregar’ pelo menos 150 parlamentares e autoridades do Poder Executivo Federal com os quais teria se associado em atos de enriquecimento ilícito através de propinas.

As ameaças funcionariam como um recado para dentro e para fora do Congresso, mirando inclusive o Palácio do Planalto. A notícia de que ele estaria negociando delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), via Lava-Jato, seria mais uma ameaça velada a seus supostos comparsas de corrupção. Tudo para, em tese, forçá-los de algum modo a preservar o mandato e a imunidade parlamentar de Cunha, condição que o livra de virar réu em ações penais que passariam a ser julgadas pelo juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba (PR).

É BOM ESCLARECER
O Blog do Rubão publica anúncios Google, mas não controla esses anúncios nem esses anúncios controlam o Blog do Rubão.