Pedreiro tenta há seis anos retirar pedra de 4,5 cm do rim

José Damião também recorreu à Justiça para salvar o rim (Foto: Marcelo Andrade)

José Damião também recorreu à Justiça para salvar o rim (Foto: Marcelo Andrade)

Seis anos e três centímetros e meio depois, José Damião, 50 anos, pedreiro e morador do Timbó, em João Pessoa, conseguiu finalmente ser atendido por um serviço público de saúde que pode libertá-lo de uma dor insuportável para a maioria dos humanos que sofre de cálculo renal.

Em 2010, quando foi diagnosticada, a pedra que ele carrega em um rim tinha apenas um centímetro, tamanho que já recomendaria imediato procedimento para extração. Hoje, com quatro centímetros e meio, o mesmo cálculo requer uma intervenção médica de emergência que a Secretaria Municipal de Saúde não autorizava até a manhã desta quarta-feira (10), quando o caso foi divulgado pela rádio CBN João Pessoa através de reportagem do jornalista Marcelo Andrade.

Até então, o pedreiro sentia-se feito uma ‘bolinha de papel’ jogada de um lado para o outro por autoridades da área de Saúde do município da Capital. Sentimento compartilhado cotidianamente pela filha Rosimary, que acompanha a peregrinação do pai por balcões do poder público em busca de socorro. Até o socorro aparecer na forma de denúncia em uma emissora de rádio, José Damião não parou de sentir dores lancinantes nem de de trabalhar. “Não consigo ficar de pé nem deitado. Deitado é pior. Tenho que ficar me movimentando, andando. Às vezes, fico de quatro pra ver se dói menos”, disse o pedreiro.

Também não deixou de trabalhar porque filha e neta dependem dele. Mas nos últimos dias a situação subiu ao patamar do desespero, após um médico advertir que se a pedra não for retirada em três meses José Damião vai perder um rim. “Como medida emergencial, foi instalado um cateter entre o rim e a bexiga no fim de julho, quando ficou internado por onze dias por causa de um sangramento que não parava mais”, informou Marcelo.

Por R$ 4 mil

Após a veiculação da matéria, a Diretoria de Atenção à Saúde da SMS encaminhou enfim o paciente ao Hospital Santa Isabel, que na rede pública paraibana seria o único habilitado e capacitado para resolver problemas como o do pedreiro do Timbó. Procurado para saber porque nos últimos seis anos a PMJP não atendeu aos apelos e tentativas de José Damião, o diretor Carlos Franca prestou os seguintes esclarecimentos:

  • O Sistema Único de Saúde (SUS) não financia o tratamento indicado para o pedreiro. O dinheiro tem que sair dos cofres da própria Prefeitura. O procedimento é a litotripsia percutânea, técnica através da qual o urologista consegue bombardear com ondas de choque e remover grandes cálculos renais por meio de pequenos cortes na pele na região lombar.
  • Trata-se de procedimento de alta complexidade, cujos insumos custariam R$ 4 mil que a Prefeitura de João Pessoa compra com recursos próprios para atender não só a quem mora na Capital. Pacientes de todo o Estado são tratados no Santa Isabel.
  • O caso de José Damião será tratado como emergencial. Tanto que uma consulta pré-operatória já foi marcada para o próximo dia 17. Exames serão refeitos, porque aqueles realizados (e pagos pelo próprio paciente) já teriam perdido a validade.

Ordem judicial

O repórter Marcelo Andrade levantou, contudo, que o atendimento pelo Hospital Santa Isabel via de regra é determinado por ordem da Justiça. Pelo menos o foram os 50 procedimentos realizados de março de 2015 até o mês de julho último. “Outras 52 pessoas aguardam na fila por uma cirurgia e 17 desistiram porque não aguentaram esperar”, explicou o repórter.

É BOM ESCLARECER
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