Daniela Bandeira, secretária municipal de Planejamento, expôs projeto para salvar a barreira

Todos foram convidados pelo Grupo Amigos da Barreira (GAB), mas nenhum candidato a prefeito de João Pessoa compareceu hoje (10) pela manhã ao debate sobre a Barreira do Cabo Branco promovido no auditório da PBTur, em Tambaú. É bem provável, contudo, que os presentes não tenham sentido a menor falta de qualquer um dos que postulam governar o município da Capital, graças à importância do tema e ao nível dos expositores e debatedores.

Sem contar que todos os participantes tiveram a oportunidade de conhecer ou reconhecer o que a atual gestão da Prefeitura da Capital pretende fazer para conter o processo de erosão e desmoronamento da falésia, um dos principais pontos de referência da história e geografia litorâneas da cidade, além de inegavelmente importante para o turismo da Paraíba.

Enrocamento (colocação de rochas no sopé da barreira), engordamento da faixa de areia, colocação de quebra-mares submersos a 300 metros da praia e drenagem das águas pluviais. Esse, em resumo, é o projeto executivo que a PMJP contratou e se dispõe a discutir com a sociedade antes de implementá-lo, anunciou a secretária Daniela Bandeira, do Planejamento municipal.

Para iniciar os serviços e obras, já licenciados previamente pelo órgão ambiental (Sudema, do Estado), a Prefeitura terá que elaborar um Eia-Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) e, para tanto, espera a contribuição dos segmentos sociais e científicos envolvidos na questão. “Não estamos entrincheirados por esse projeto, estamos de portas abertas para receber críticas e sugestões que possam melhorá-lo”, disse a secretária.

Antes de Daniela Bandeira, falou a Professora Lígia Tavares, do Departamento de Geociências da UFPB, historiando os estudos feitos em 2011 por uma equipe multidisciplinar da qual faziam parte especialistas de três universidades federais (além da UFPB, a Rural de Pernambuco e a Federal do Ceará).

Todos os cientistas e pesquisadores trabalharam na avaliação da falésia do Cabo Branco e na identificação das causas que levaram à sua degradação. Todos sob a liderança do Professor Paulo da Nóbrega Coutinho, paraibano radicado em Pernambuco e uma das maiores autoridades do mundo em geologia e geofísica marinhas.

Secretária de Meio Ambiente da PMJP na gestão de Luciano Agra (2010-2012), Lígia lembrou aquele trabalho identificou os principais pontos de erosão da praia do Seixas ao Cabo Branco e formulou uma proposta de contenção do avanço do mar, discutida e aprovada em audiência pública na Estação Ciência. Mas todo esse esforço teria sido engavetado ou desconsiderado pela gestão atual.

O debate contou ainda com intervenções de Karine Oliveira, do Instituto Soma Brasil, e do professor Williams Lima, da Faculdade Internacional da Paraíba, geógrafo e também profundo conhecedor dos problemas da barreira do Cabo Branco.