O sinal fecha e duas crianças se aproximam dos carros com o intuito de lavar algum parabrisa e ganhar ‘uns trocados’. São dois meninos. Um aparenta ter 12, 13 anos. O outro, o mais tímido, não deve ter mais de 11. O apelo, ante vidros fechados, é feito com palavras (que não se ouvem) e gestos que motoristas e passageiros veem e a eles não reagem, fingindo não ver.
Um dos meninos faz cara de choro. O maior joga água no vidro, mesmo com o motorista dizendo não. Mas, naquele instante em que o sinal fecha para a sociedade, é como se uma porta se abrisse para os garotos naquela situação dia e noite, noite e dia. A cena aqui descrita aconteceu no sábado (6) no bairro dos Bancários, em João Pessoa, mas ela é bastante comum nos semáforos de Manaíra, Tambaú, Tambauzinho, Cabo Branco…
De outro lado, muito motorista que já presenciou situações como essa há de concordar: a impressão que se tem é que o poder público não está nem aí para retirar essas crianças e adolescentes da condição de vulnerabilidade.
Para o juiz da Infância e Juventude da Capital, Adhailton Lacet Porto, “o problema de crianças no semáforo começa pela desigualdade social, com a agravante de um lar destruído pelo envolvimento dos pais com drogas e outros tipos de violência, além da ausência de uma efetiva política pública de apoio a essas crianças”.
Uma vez na rua, sob o semáforo ou na calçada, meninos e meninas ficam à mercê de todo tipo de sorte (falta de sorte talvez seja o termo mais apropriado). “Em muitos casos, essas crianças são acolhidas nas instituições, entretanto, algumas fogem e retornam para as ruas. É preciso fortalecer a rede de defesa para garantir os direitos infanto-juvenis”, declarou Porto.
No fim das contas, falta amparo, faltam acolhida e políticas públicas efetivas. A eles, crianças e adolescentes, o poder público e a sociedade – que faz tão bem seu papel de cúmplice nesse crime – oferecem a rua. O problema maior é que ninguém parece se incomodar. A rede não funciona. A população também faz que não vê. E eles continuam abandonados.
Ao presenciar crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade nas ruas da Capital, as pessoas devem comunicar aos conselhos tutelares ou acionar o Ruartes (Serviço Especializado em Abordagem Social, da Prefeitura de João Pessoa).
(Valéria Sinésio)
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5 Respostas para À mercê de trocados e da indiferença geral
Diante da falta de oportunidades e do abandono pela sociedade, essas crianças e adolescentes são exploradas por aliciadores. Já presenciei mais de uma vez os mesmos sendo trazidos em Kombis para lavar vidros na região da lagoa, centro da cidade. Creio que o Ministério Público deveria também ser acionado.
Rubão, com todo o respeito, mas quem tem que se importar é o governo, e os governos Lula e Dilma fizeram muito . Bolsa Família, bolsa gás, bolsa escola, Minha Casa Minha Vida. É por isso que apoiei e apoio estes dois governos. Isso é politica pública, o caso era tão sério, que embora tenha melhorado muito, não foi possível erradicar. Mas a sociedade brasileira acha que isso não é importante e resolve retirar, não no voto, mas por imposição de alguns bandidos apoiados por esta sociedade viciada em poder pisar no mais fraco e simplesmente resolve mudar este tipo de política de governo. Eu, sinceramente, espero que quando a fome e a miséria voltarem, como antes, o que vai, essas pessoas que hoje estão nos semáforos não fiquem apenas pedindo, mas tomem o que lhes são de direito e lhe arrombem as casas, invadam os condôminos de luxo, lhes arrombem os carros, as Hilux, as Land Rovers, as Pajero, e lhes arranquem o fígado pra comer . É este meu desejo. talvez não estaremos aqui pra presenciar isso. Mas, se isso continuar, é o destino deste país.
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