Teatro Pedra do Reino (Foto: João Francisco – SecomPB)

Se confirmada, merece entrar para o Guiness Book, o Livro dos Recordes, a nova façanha atribuída às equipes encarregadas de cumprir ordens ou atender às vontades do governador do Estado. Segundo depoimentos, reclamações e gozações que circulam desde ontem (4) na Internet e redes sociais, a distribuição de 1.500 ingressos para um show de Zé Ramalho no Teatro Pedra do Reino, em João Pessoa, foi concluída em apenas uma hora.

Sendo verdade, trata-se mesmo de um novo recorde digno do Guiness, considerando que em média durou quatro segundos cada troca de dois quilos de alimentos por cada um dos 1.500 ingressos que atraíram uma imensa fila na manhã dessa quinta-feira no Espaço Cultural, local da inédita proeza. Fica plenamente batida, portanto, uma marca anterior que todo mundo julgava insuperável e que deve ser creditada ao governante e seus advogados.

O recorde superado aconteceu há duas semanas, quando conseguiram no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) um despacho que não demorou além de um minuto para atender a um agravo regimental de interesse do governador. Com isso, retardou-se mais um pouco o envio ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de um processo em que a oposição pede a cassação do mandato do reeleito em 2014. O caso envolve uma ação de investigação judicial eleitoral (aije) sobre a concessão em ano de campanha de descontos generosos e numerosos na cobrança de impostos estaduais.

Nada se compara, contudo, à velocidade supersônica do atendimento aos mil e tantos fãs que foram ontem ao Espaço Cultural na expectativa de um ingresso para o show de Zé Ramalho na noite desta sexta-feira (5), no fabuloso teatro do Centro de Convenções da Capital, que tem capacidade para 3 mil pessoas. O feito significaria, de outro lado e conforme amplamente divulgado, que as outras 1.500 cadeiras teriam sido reservadas para convidados do governador.

Se o governador realmente reservou metade do teatro para familiares, amigos, auxiliares, eleitores ou aliados políticos, é porque certamente deve pagar do próprio bolso o revelado cachê de R$ 171 mil do mais admirado cantor e compositor paraibano em atividade. Como diria o amigo Gosto Ruim, “eu não quero acreditar que o dinheiro público esteja financiando um show particular para deleite pessoal do governador e dos seus mais chegados, pois, pelo que conheço, o republicanismo de Ricardo Coutinho jamais admitiria algo assim. Ele não teria coragem de fazer uma coisa dessas. Ou teria?”.