A vida vale pouco em um assalto. Ou nada

Violência

Embora a orientação da polícia seja a de jamais reagir a um assalto, é praticamente impossível prever o que cada um faria diante de alguém que lhe aponta uma arma. Sempre é melhor passar o celular, a bolsa, o carro, o que for. Mesmo assim, a simples entrega de dinheiro e objetos de valor ao assaltante não garante que ele valorize a vida de quem ameaça naquele momento. Reagindo, então

Tentar de algum modo enfrentar ou fugir do ladrão é invariavelmente a pior escolha, como teria acontecido com uma representante comercial na cidade de Esperança, no Agreste paraibano, no último dia 14. Ao ser abordada por uma dupla de assaltantes, ela teria tentado correr e foi baleada três vezes nas costas.

O autor dos disparos, um adolescente com corpo e feições de criança. Aos 31 anos, a vítima do assalto ficou paraplégica, segundo o neurocirurgião Marcos Wagner, do Hospital de Trauma de Campina Grande, onde a moça se encontra internada desde a data em que ocorreu o crime.

A história não para por aí. É uma sucessão de tragédias. De um lado, uma jovem trabalhadora com muitos sonhos a conquistar. Do outro, um adolescente frágil – na estatura e na vida – mas que tem nas mãos o poder de decidir quem vive e quem morre. Um adolescente, ainda com traços infantis, que possivelmente conhece bem a desestrutura familiar e a falta de políticas públicas que poderiam ter lhe mostrado um caminho diferente da criminalidade. Políticas públicas que os afastem das drogas, do tráfico, dos bandidos adultos

É preciso também discutir as medidas socioeducativas aplicadas no país. Quando falhas, não recuperam, apenas pioram o sujeito que volta às ruas fortalecido, com a sensação de que o crime compensa.

Os muitos apelos e relatos de violência podem ser acompanhados a todo instante nas redes sociais. Um dos canais é o grupo ‘Fui Assaltado-JP’, que reúne cerca de 15 mil membros e recebe atualização quase constante sobre roubos, furtos, sequestros, homicídio e outros delitos praticados em João Pessoa.

É uma ferramenta importante para ser acompanhada pelos gestores públicos que afirmam se preocupar com a insegurança que hoje já não é mais ‘privilégio’ de quem mora nas grandes cidades.

(por Valéria Sinésio)

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