Ricardo Coutinho, durante solenidade de inauguração em Picuí (Foto: SecomPB)

Seguindo a lógica de que “esse Mago é capaz de tudo”, um empresário de João Pessoa procurou hoje (12) este blogueiro para dizer que Ricardo Coutinho deve se candidatar a prefeito da Capital novamente este ano. O governador teria até mesmo uma data emblemática para fazer o anúncio do que seria o mais surpreendente e ousado lance de sua carreira política: 5 de agosto, aniversário da cidade da qual foi prefeito por duas vezes, entre janeiro de 2005 e abril de 2010.

“Lembrando que 5 de agosto é o último dia para os partidos fazerem convenções que indicarão seus candidatos a prefeito, vice e vereador bem como para fechar coligações”, detalhou o colaborador do blog. Na sua (pre)visão, Ricardo também teria um grande motivo para renunciar a dois anos e meio de mandato no Governo do Estado: se a Professora Cida Ramos, pré-candidata do PSB a prefeita de João Pessoa, não subir nas intenções de voto apuradas em pesquisas de consumo interno, a única alternativa para retomar a Prefeitura da Capital seria arriscar-se a enfrentar nas urnas o atual ocupante do cargo, Luciano Cartaxo.

“Além de tudo, Ricardo se acha imbatível aqui e deve estar vendo que somente ele teria condições de disputar competitivamente as eleições em João Pessoa caso Luciano Cartaxo venha mesmo a fechar um acordão com o PSDB de Cássio Cunha Lima e o PMDB de Zé Maranhão”, comentou o ‘autor da tese’, que, por motivos óbvios, não terá seu nome divulgado aqui.

Mas, para além do reconhecido excesso de autoconfiança do governador, o mesmo empresário que ‘levantou a lebre’ da possível candidatura do governador a prefeito de João Pessoa relaciona três razões “muito relevantes” para Sua Majestade arriscar-se num embate de alto risco. Ei-las:

1. Ricardo sabe que será cassado pela Justiça Eleitoral se for julgado em pelo menos dois processos que caminham a passos de tartaruga no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba – as ações de investigação judicial eleitoral (aijes) sobre o Empreender Paraíba e a Paraíba Previdência (PBPrev);
2. Ricardo aposta como essas ações não serão julgadas este ano e se o forem em 2017, mesmo após uma decisão desfavorável no TRE, ele poderia permanecer no cargo de governador mediante liminar concedida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que somente teria condições de julgar o mérito de qualquer das aijes no começo de 2018;
3. Ricardo tem consciência de que se for cassado ficará inelegível por oito anos, mas se for eleito prefeito de João Pessoa antes do seu julgamento como governador, poderá muito bem concluir pelo menos um mandato na PMJP, com chances de esticar a permanência no poder por mais dois anos, prorrogação que pode acontecer nesse meio tempo se vingar finalmente a proposta de coincidência de todos os mandatos e eleições dentro de uma reforma eleitoral ampla, geral e irrestrita.

Em tempo

Ricardo Coutinho não pode ser candidato a prefeito. Se quisesse ser, nos conformes da legislação eleitoral (art. 14, § 6º, da Constituição; art. 1º, § 1º, da LC nº 64/90), teria que ter deixado o cargo desde 2 de abril deste ano.