Para quem conhece este blogueiro pessoalmente ou pelo menos o suficiente deve ter imaginado nesta segunda-feira (27) o quanto amanheci feliz. Primeiro, pela graça de viver um pouquinho o São João em Bananeiras, ainda que um pós-São João (no sábado, 25).
É tudo de bom e do melhor sentir outra vez aquele friozinho de fazer tiritar o corpo desprotegido de roupa mais fechada, mas logo esquecido (ou seria aquecido?) na hospitalidade da gente boa da minha Macondo. Que se transforma ligeiro em Pasárgada tão logo vejo, ainda na estrada, pouco antes de chegar, o relógio da matriz de Nossa Senhora do Livramento.
Mas, ao contrário de Bandeira, em Bananeiras posso até não ser amigo do rei, mas tenho comigo a mulher que eu quero e amo e ainda a possibilidade de me deitar na cama que escolherei. Desde que tenha vaga, lógico, em alguns dos bons hotéis e pousadas da cidade. Caso contrário, um bate-e-volta resolve e adia mais uma vez a decisão de ficar para sempre.
É igualmente muito bom, de qualquer sorte, voltar para a Vila das Neves e reencontrar filhos, neto, pais, irmãs e irmãos – toda a parentela, enfim – com saúde ou a saúde possível. Especialmente num tempo em que a gente vai ao interior e volta para a Capital com a sensação de que a chikungunya está dizimando os nossos conterrâneos, principalmente os mais idosos.
Difícil não encontrar um ou outro amigo ou conhecido que não tenha uma história de internamento ou de morte de parente próximo que o narrador do fato invariavelmente bota na conta da febre mais terrível e dolorosa que o mosquito da dengue já espalhou no planeta.
“Minha mãe está no Antônio Targino, em Campina, e eu fico indo e vindo de lá pra cá porque não tenho com quem deixar isso aqui”, disse-me o dono de um bar onde nos sentamos para forrar com a panqueca de camarão mais deliciosa de todo o Brejo. Regada a molho rosé, o preferido da minha senhora.
“E o irmão da professora que mora aqui na esquina? Também foi pro hospital com chikungunya”, informou o garçom que peruava a conversa. Lembrei-me no ato de Newton César, vendedor de seguros que roda a Paraíba toda pelo menos uma vez a cada três meses e vem alertando onde pode e a quem pode sobre o avanço da chikungunya por todo o território do Estado.
Pelo que vê, ouve e sente em muitas cidades paraibanas, o que não vê nem ouve nem sente no Rio Grande do Norte ou no Ceará, por onde também anda um bocado, Newton garante que a população daqui vive uma calamidade de altas proporções e crescente letalidade graças à indiferença ou omissão de autoridades estaduais e municipais diante do problema.
“O mosquito está trabalhando para manutenção da doença e, se brincar, ele vai pra reeleição com vantagem absoluta”, ironizou ele, em recente zapzap que me mandou, referindo-se à situação de abandono em que se encontram algumas comunas sertanejas nas quais o prefeito, vereadores e aliados locais do governador do Estado certamente ainda não pegaram chikungunya.
Pois é, não fossem as notícias de doenças e mortes naturais ou matadas que não param de acontecer na Paraíba, este teria sido o meu final de semana perfeito. Afinal, além de ter passado em Bananeiras, ainda tive o prazer de ver no sábado o Vasco ganhando mais uma, dessa vez com direito a gol olímpico de Andrezinho. E no domingo, pra fechar com chave de ouro, Flamengo e Argentina perdendo.
É BOM ESCLARECER
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