O INDEFENSÁVEL, por Camilo Flamarion

Imagem copiada do Contraditório (página no Facebook)

Recebi com surpresa crítica a minha pessoa publicada nesse blog, em matéria assinada pelo Presidente da Empaer, Sr. Nivaldo Magalhães.

Tentando se defender do indefensável, não admira que tal crítica parta exatamente de um dos responsáveis diretos pela erosão ou vossoroca provocada nas três empresas agrícolas do Estado, criando sem necessidade a Empaer.

A sua infeliz ação ficará marcada na história da agropecuária, como o homem que conseguiu desmontar e destruir três importantes empresas do setor agrícola, sem consultar um único especialista no assunto.

Ah, agora entendi o porquê de tudo. É que o Sr. Nivaldo, não sendo da área, mas psicólogo, não teve noção do estrago que iria causar. Teimou na junção da Pesquisa com a Extensão na Paraíba, já que, com rara exceção, prosperou essa junção nos demais estados brasileiros.

Eu, sem dever nenhum favor e com muito respeito, informo ao Sr. Nivaldo que com orgulho sou Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da Embrapa há 46 anos, e com os meus esforços consegui me especializar com um
doutorado na Espanha e três pós-doutorados no Brasil.

O Sr. Nivaldo necessita melhor se qualificar para destilar o seu veneno em quem merece.

Em resposta àquilo de que me acusou, esclareço que quando estive à disposição da extinta Emepa, por mais de 35 anos, fui, com muito orgulho, Diretor Técnico, promovi o maior evento agrícola do Estado, o Simbrau, produzi seis livros técnicos sobre a cultura do urucum, um sobre a mangabeira, produzimos e distribuímos com os produtores rurais mais de 800 mil mudas de urucum, publiquei mais de dez trabalhos científicos, coordenei dois projetos de pesquisa aprovados pelo Banco do Nordeste, BNB, participei como membro titular em diversos projetos de pesquisa sobre inhame, umbu, caju, abacaxi, urucum e mangaba.

Fui ainda coordenador de produção de sementes e mudas, coordenador dos projetos, milho, milheto e sorgo e de difusão de tecnologia.

O Sr. Nivaldo necessita saber, porque não é do seu ramo, que ser membro de projeto difere da condição de coordenador apenas na ordenação das despesas. A participação de cada um na equipe é igual, mas talvez maior do que a de coordenador.

Lembro também ao Sr. Nivaldo que proferi mais de 80 palestras sobre a cultura do urucum em todo o Brasil e participei a convite, como membro titular, de mais de 30 bancas examinadoras de dissertações de mestrado e teses de doutorado.

Modéstia à parte, elevei, juntamente aos valorosos e demais competentes pesquisadores, o bom nome da Emepa.

Creio que você, Sr. Nivaldo, não está sendo justo comigo, que sempre estive ao seu lado, defendendo-o de muitas críticas feitas por pessoas do seu próprio convívio.

Mesmo assim, sinto muitas saudades da Emater e Emepa, que prestaram relevantes serviços ao homem do campo, hoje totalmente desassistidos.

É prudente explicar que o Sr. Nivaldo chegou a comandar as citadas empresas, menos por competência e mais por fazer versos para agradar o ex-governador Ronaldo Cunha Lima e por tabela o filho deste, Cássio Cunha Lima, então governador. que mesmo, por sua competência.

Também é preciso lembrar que o Sr. Nivaldo deixou por oportunismo o Governo Cássio para apoiar Ricardo Coutinho e, por último, deixou Ricardo por João Azevedo. Nunca vi tanta coerência! Agora, meu amigo, em que palanque você vai subir para fazer versos?

A maior prova da sua incompetência é, agora em 2022, o absurdo na devolução de quase 1,5 milhão de reais relativos a três projetos de pesquisa, por falta de viabilização por parte da Diretoria, em um tempo de escassez de recursos.

Tudo isso é apenas o começo, porque maiores destroços ainda virão! Não queira, Nivaldo, culpar os abnegados secretários da Agricultura que passaram ou mesmo os demais governadores que confiaram, entregando as valorosas empresas para você administrar.

Para finalizar, saiba que não guardo mágoa ou rancor. Muito pelo contrário. Como cristão, dou-lhe o perdão e peço a Deus que o abençoe, concedendo-o muita sabedoria e paz de espírito.

• Camilo Flamarion é Engenheiro Agrônomo

SOBRE A EMPAER, por Antônio Carlos F. de Melo

Imagem meramente ilustrativa copiada de site da Prefeitura de Pirpirituba

À Editoria do Blog do Rubão

Senhor Editor,

Li nesse espaço texto pretensamente redigido pelo sr. Nivaldo Magalhães, presidente da Empaer, no qual ele não reconhece, como esperado, o desmantelamento do setor agropecuário na Paraíba por omissão ou indiferença do governo estadual. Prefere dizer inverdades sobre interesses meus supostamente contrariados. Esclareço, de início, que o meu filho tem uma empresa de rastreamento veicular, mas não participou à época da licitação para prestar serviços ou fornecer produtos àquela empresa.

Para mim ou para meu filho jamais pedi algo ao sr. Nivaldo. Primeiro, porque nunca usei desse tipo de expediente; segundo, porque conheço os trâmites legais de processos licitatórios, onde o tipo de ação que ele insinua não funciona, posto que o processo é gerido por uma comissão licitatória, onde o presidente não tem nem deve ter a menor influência.

A única verdade sobre essa licitação é que meu filho não participou dela porque a empresa dele não tinha lastro ou condições, como o próprio presidente da Empaer frisou.

Sobre o sucateamento de veículos da empresa, lamento que não tenham realizado o propalado leilão. Já deveriam ter tomado as providências, pois é fato que os carros estão apodrecendo expostos ao relento sem nenhuma proteção.

Sobre fazer críticas a desmandos no setor agropecuário, faço isso há mais de dez anos, quando começou o desmonte. Isso pode ser comprovado por vários artigos que publiquei nesse blog sobre o assunto. Fiz e faço tais críticas por entender ser inaceitável um tratamento pernicioso dessa natureza a um setor tão importante.

Não há porque falar, portanto, em interesses contrariados. O que me contraria é ver a inoperância e incompetência em organismos governamentais que pouco ou nada contribuem para o desenvolvimento agropecuário da Paraíba.

Esclareço, ainda, que nunca trabalhei nem quis trabalhar na Emater, empresa que antes do desmanche em curso sempre procurei ajudar quando e enquanto fui coordenador do Pronaf, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. O sr. Nivaldo sabe muito bem disso. O mais é fruto da mente criativa de quem vive em um mundo de fantasia onde Emater, a Emepa e o Interpa ainda fazem alguma coisa.

Como se não bastasse, o sr. Nivaldo vem propagandear regularização de títulos de propriedade, o que sempre foi um engodo nos últimos tempos. Os títulos de que fala, sabemos, vêm sendo emitidos através do Incra, numa ação que o governo federal vem fazendo nos últimos três anos em todo o país, já tendo regularizando nesse período em torno de 278 mil propriedades.

O sr. Nivaldo não fala, mas a gente sabe que nos últimos tempos o governo da Paraíba não tem assentado uma só família. Além do mais grave: os poucos que foram assentados estão abandonados, sem assistência técnica e crédito para se manter em suas terras.

Quero defender aqui os excelentes técnicos que Emater tem, mas é como já disse: tem que dar as mínimas condições a esse pessoal. Em vez disso e por outro lado, o sr. Nivaldo optou por atacar Camilo Flamarion, a quem atribui não ter apresentado nenhum projeto de pesquisa nos últimos dez anos na Emepa.

Como trabalhar e pesquisar onde falta de tudo, do material de expediente ao transporte dos servidores até a sede e vez por outra não há ração ou medicamento para animais que são objeto de pesquisa, como me revelaram técnicos da própria Emepa, que também convive com sua estação de produção de mudas de Lagoa Seca em situação deplorável, caindo aos pedaços. Seria interessante que o sr. Nivaldo mostrasse as mudas lá produzidas nos últimos anos.

Que ele aproveite a oportunidade e mostre também operações de crédito do Pronaf feitas ultimamente em favor de produtores e criadores. Tive informações de que se não fossem as operações do Crediamigo realizadas pelos agentes do BNB, os agricultores estavam a ver navio.

Finalmente, quero deixar bem claro que não tenho nada contra a Emater, Emepa e Interpa, hoje Empaer, mas não se pode ficar assistindo passivamente a tamanho desmantelo, como parece ser o caso do sr. Nivaldo.

Atenciosamente,

Antônio Carlos Ferreira de Melo

AGROPECUÁRIA DESPREZADA, por Antônio Carlos Ferreira de Melo

Salinização do solo e desertificação são algumas das consequências de uma agropecuária desprezada (Imagem meramente ilustrativa copiada de iGUi Ecologia)

Lamentável, triste mesmo, a situação a que chegou a agropecuária em nosso Estado. Esse desastre foi anunciado desde o primeiro mandato de Ricardo Coutinho e o governo atual deu sequência ao desmantelamento do setor.

Pra fechar com chave de ouro o desmantelo, estou só esperando o governo entregar a água do São Francisco para os agricultores despreparados para lidar com sistemas de irrigação eficientes e sem assistência técnica.

Se não houver apoio, orientação e crédito para quem produz, a tendência é vermos e sofrermos com solos lavados e salinizados, por conta de irrigação inadequada, arcaica, repetindo a frustrante experiência de São Gonçalo e Sumé.

A antiga Emater, coitada, simplesmente nada mais faz. Basta ver o amontoado de carros apodrecendo no pátio da empresa, porque não têm mais utilidade. Falta de combustível, de manutenção, de vontade, de decisão…

Dá dó ver um patrimônio público tão valioso apodrecer por falta de uso. A Emater agoniza, não tem mais recuperação. Mesmo caso da Emepa, conforme descrito pelo respeitado e reconhecido pesquisador Camilo Flamarion.

Em artigo recém publicado (‘Saudades da Emepa – Fim melancólico’), ele lamentou, como também lamento profundamente, a desnecessidade de extinção da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba, “empresa esta, que sempre orgulhou a todos os paraibanos e os amantes da agricultura”.

O crime de sucatear a Emater, Emepa e a própria Secretaria da Agricultura, da qual hoje nem se fala mais, é um crime que nem cadeia paga, porque com a morte dessas importantíssimas entidades, morre também na Paraíba o setor mais dinâmico da economia nacional.

Camilo, dos quadros da Embrapa Paraíba, observa bem em seu escrito que “a extinção da Emepa e da Emater não foi digerida pelos agropecuaristas”, hoje órfãos e saudosos de ambas.

Imaginem, então, o que não sentem os pesquisadores e os técnicos da extensão rural na Paraíba, vendo tudo que construíram virar sucata sob a omissão deliberada de nossas autoridades. Não é apenas triste e lamentável, é revoltante, deplorável.

Antônio Carlos Ferreira de Melo é Professor aposentado da UFPB e Zootecnista