Fiquei convencido ontem, após ver e ouvir sua biliosa réplica a Kaline Lima, jornalista e rapper que um dia antes mostrou publicamente em rede social quão desrespeitoso fora o apresentador da TV Arapuan ao chamar de “nojentas” ou “sebosas” mulheres que não pintam as unhas.
Evidente que alguém capaz de degradar de forma tão abjeta outro ser humano jamais aceitaria uma crítica como a de Kaline. Muito menos reconheceria o erro cometido e pediria perdão. Qual o quê! No troco, Sikerão foi ao infinito e além na baixeza de seus ataques às mulheres em geral e àquela jornalista em particular.
Soube da existência desse cidadão ano passado, quando o Sistema Gregoriano de Comunicação, por engenho e arte do também imbatível Fabiano Gomes, resolveu importar um histrião das Alagoas para derrubar a liderança de Samuka Duarte no ibope de programas de tevê movidos a sangue e escrachos de criminosos pobres.
Por vício deste ofício, dei alguns minutos de audiência à novidade em todo esse período só pra ver como era ou poderia ser. O escasso tempo consumido diante da tevê conferindo a ‘atração’ foi suficiente para perceber que a fórmula era mais do mesmo.
Sikêra coloca sua inegável capacidade de comunicar a serviço da audiência fácil que acerta a preferência e abate a inteligência de alienáveis telespectadores com as armas do deboche e da criminalização dos suspeitos de sempre, quase sempre ‘exilados da cidadania’, como diria o Professor Cristóvam.
A mofização de um tipo de telejornalismo que se pratica na Paraíba encontrou em Sikêra Júnior qualificado expoente. Ele elevou esse deplorável modo de fazer televisão a um novo patamar. O seu pacote é completo de tudo. Nele, cabem desde a imitação caricatural da pregação evangélica às mais repulsivas expressões de machismo e misoginia, como visto.
■ Publicada originalmente em 7.6.2018
Republicada em apoio à campanha #DesmonetizaSikera, do Sleeping Giants.
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