CARTA A UM ESCRITOR, por Babyne Gouvêa

Hildeberto Barbosa Filho, escritor (Foto: Substantivo Plural)

Professor Hildeberto,

Não sei se você me conhece, mas preciso lhe confessar que o seu texto ‘O Leitor Ideal’, de 12/06/21, deixou-me feliz e aliviada.

Sabe aquela sensação de estar plenamente sã? É o que está em mim depois de ler as suas citações sobre ‘Notas para uma definição do leitor ideal’, de Alberto Manguel.

Destaquei algumas delas onde me vejo. Sinceramente, Professor, não há presunção da minha parte. Só me sinto bem em me ver nelas.

“O leitor ideal não reconstrói uma história: ele a recria”. Essa premissa do Manguel é perfeita, é exatamente isso que ocorre comigo. As minhas fantasias tentam recriar o que li, transportando a narrativa para a minha experiência de vida. Vou fazendo complementações à leitura e também supressões, tentando me aproximar do protagonismo do enredo. Será que estou exagerando?

“O leitor ideal conhece a infelicidade”.
Concordo com você ao afirmar que o leitor ideal também conhece a felicidade; cita, inclusive, a frase ‘Ler é uma forma de felicidade’, de Jorge Luís Borges. Certíssimo.

Ao ler, transfiro o meu ser para a narrativa – sofro, fico feliz, sorrio;  deixo-me conduzir por meio do sentimento vestido de letras.

“Escrever nas margens é marca de um leitor ideal”. Outra citação oportuna que você faz do Manguel. Ah, professor, os meus livros são grifados, sublinho frases inteiras, destaco expressões, as setas são reprisadas quantas vezes necessárias, mas sempre usando lápis grafite. Tenho um zelo caprichado pelo livro em papel. No Kindle não há o perigo do dano.

“O leitor ideal quer chegar ao final do livro e ao mesmo tempo saber que o livro nunca acabará”. Você faz essa outra citação do Manguel e eu me encaixo direitinho.

Sabe que eu economizo a leitura quando o livro está muito bom? Serei mais clara – tenho receio que a história termine. Quando isso ocorre, bate uma vontade danada de dar continuidade, ler uma ‘parte II’. A partir daí, dou asas à imaginação e os pensamentos fluem…

Professor, concordo demais com o seu texto no Letra Lúdica. O livro não acaba, deixa saudade. Como você, também releio muitos escritores.

Como não reler os contos de Tchekhov? Os poemas de Pessoa ou de Bandeira?

Perdoe-me por ser um tanto repetitiva, mas não posso deixar de reiterar os meus agradecimentos por ter constatado a minha sanidade mental como leitora, graças ao seu texto.

Fraternalmente,

Babyne

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