Ganha força movimento contra despejo de mais de 1.200 famílias

Sessão na Assembleia em apoio ao Movimento Liberta Rio Tinto (Foto: Ascom/ALPB)

Governador e deputados apoiam movimento. MPF instaura inquérito e fará perícias para saber se terras de Rio Tinto pertencem aos Lundgren ou à União

Perícias do Ministério Público Federal (MPF) e da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) deverão comprovar que as terras do município de Rio Tinto em poder da família Lundgren pertencem, na verdade, à União. Com isso, deverá ter fim o drama de 1.226 famílias que podem ser despejadas por quem se diz dono dos imóveis onde muitas das pessoas ameaçadas vivem há mais de 60 anos.

As esperanças dos moradores concentram-se desde ontem (24) em um inquérito civil público instaurado pelo MPF na Paraíba para conduzir e resolver corretamente a questão. A informação sobre o procedimento e sua próxima etapa – a realização de perícias para saber se as terras são mesmo dos Lundgren ou da União – foi dada na tarde dessa quinta-feira pelo procurador da República José Godoy, durante sessão especial realizada na Assembleia Legislativa, em João Pessoa, para debater o problema.

“O entendimento preliminar é que boa parte são terras da União, e que devem ser repassadas às pessoas que as ocupam atualmente. Para isso, órgãos federais realizarão perícias nesse sentido”, explicou Godoy, um dos convidados para a audiência pública organizada pela própria Presidência da Assembleia e da qual participaram representantes dos moradores ameaçados, de instituições, de tribos indígenas de Rio Tinto e do Governo do Estado.

Para se contrapor à ação de despejo movida pela família Lundgren, lideranças da comunidade e dirigentes locais uniram-se em torno do Movimento Liberta Rio Tinto, que ontem recebeu o apoio de parlamentares de todos os partidos com assento na Assembleia e do governador Ricardo Coutinho, representado na ocasião pelo deputado Buba Germano, secretário de Desenvolvimento e Articulação dos Municípios.

Segundo Buba, que atua politicamente no município, no início do século XX os Ludgren compraram um engenho de fogo morto em Rio Tinto (Engenho Preguiça) e expandiram seus negócios com a instalação de uma fábrica têxtil, a Companhia de Tecidos, que faliu e fechou as portas no começo dos anos 80.

Desde então, conforme apurou o blog, o Grupo Lundgren alegaria ter recebido por doação do Governo Federal uma extensa área (mais de 600 quilômetros quadrados) onde moram as famílias das quais cobra aluguel até hoje. Alguns desses moradores garantem que seus ascendentes habitavam o local desde muito antes da inauguração da fábrica, em 1918.

De acordo com a Wikipédia, a enciclopédia livre da Internet, “a região onde viria a ser implantado o parque industrial têxtil dos Ludgren era originalmente coberta de Mata Atlântica”. Além disso, parte das terras da antiga companhia têxtil tornou-se a Reserva Biológica Guaribas.

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3 Respostas para Ganha força movimento contra despejo de mais de 1.200 famílias

  1. portal do investidor em imóvel escreveu:

    Terceira opção, os donos desses imóveis são um um fundo hipotecário, como os imóveis da região de se Campina Grande-PB, QUE DA MESMA FORMA, ESTÃO EMBARAÇADOS, OS REGISTROS IMOBILIÁRIOS.

  2. João Memória Boa escreveu:

    Se o Poder Público estiver descontente com a situação, pode desapropriar o local (pagando indenização prévia ao proprietário, em conformidade com a lei) e, em seguida, pode fazer um programa social de doação dos terrenos, para os atuais ocupantes.
    Só o que não faz sentido é mobilizar a sociedade para subtrair a propriedade do proprietário.
    Aos que integram este movimento, sugiro ler a Magna Carta – a original -, datada de 1215, em que o Rei João, conhecido como Rei João Sem Terra, decretou que nenhum homem será privado de sua propriedade, sem um fundamento justo e um julgamento legal.
    Vide os termos da Magna Carta:
    “Nenhum homem livre será preso, aprisionado ou privado de uma propriedade, ou tornado fora-da-lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra ele ou mandaremos alguém contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou pela lei da terra.”

  3. Romero Antônio escreveu:

    Rubão, fui à Assembléia ontem à tarde. Já vinha acompanhando o movimento Liberta Rio Tinto e acredito na justeza das suas reinvidicações, além de ajudar a desnudar a nossa história.