Nova modalidade de cobrança por boleto deve prejudicar empresas, alerta consultor

boleto

O pagamento por boleto bancário, da forma como vigora há 20 anos no país, será substituído a partir do começo do ano por uma nova “Nova Plataforma de Cobrança”. Mas, desde já, começam a surgir questionamentos à mudança que significa, na prática, efetuar a quitação apenas dos boletos daqueles que contrataram o serviço à rede bancária.

A mudança, anunciada desde setembro pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), começou a ser questionada por causa de uma eventual elevação de custos para quem contrata esse serviço à rede bancária. E, também, pelo temor de indução à perda de empregos, num momento de crise que afeta indistintamente as empresas de quase todos os segmentos econômicos.

Na opinião do consultor paraibano em organização e finanças Josiclei Cruz, de João Pessoa, a opção única de emissão de boleto com registro vai penalizar, principalmente, pequenas e médias empresas, e mais especialmente ainda aquelas que trabalham com e-commerce (vendas pela Internet), porque representará aumento de custos.

Ele cita, a propósito, o exemplo das escolas particulares, onde cerca de metade das mensalidades é paga via boletos bancários. “Cada boleto/mês da escola particular do meu filho tem um custo de R$ 5,90, vezes doze no ano. Agora, imaginem para uma escola onde de 100 alunos cerca de 50% paguem com boleto bancário. É claro que este custo será pactuado entre a empresa e o cliente, especialmente num momento de crise”, explica Josiclei.

Só quem lucra é o banco

Para ele, a cada dia os bancos investem mais em tecnologia e modernizam seus processos internos, mas nada disso reverte em uma boa prestação de serviços e em custos menores para empresas e profissionais liberais. “Ao contrário, os bancos aumentam seus lucros, tirando de quem mantem o seu negócio e os postos de trabalho. Onde vamos chegar com essa lógica?”, questiona.

A chamada “cobrança registrada”, única modalidade a valer a partir de 2017, caracteriza-se quando empresas ou profissionais liberais repassam à instituição financeira informações referentes a uma determinada operação comercial para que possam gerar os boletos de pagamento. Será exclusivamente assim que vai funcionar o pagamento via boleto. Anualmente, são pagos no país cerca de 3,5 bilhões de boletos bancários de venda de produtos ou serviços.

Febraban: só vantagens

A Febraban explica a mudança em sua página na Internet por meio de seu diretor-adjunto de Negócios e Operações, Walter Tadeu de Faria, e garante que o novo sistema “reduzirá inconsistências de dados, evitará pagamento em duplicidade e permitirá a identificação do CPF do pagador, facilitando o rastreamento de pagamentos e redução das fraudes, fonte de preocupação permanente para todo o sistema bancário”.

Segundo a entidade, todas as informações que, por norma do Banco Central, obrigatoriamente devem constar do boleto – CPF ou CNPJ do emissor, data de vencimento, valor, além do nome e número do CPF ou CNPJ do pagador –  deverão trafegar pela Nova Plataforma.

“Com este novo processo, os bancos passarão a controlar melhor todos os boletos que forem postados para os pagadores, melhorando a capacidade de filtrar o envio de boletos indevidos”, prevê o diretor.

Tudo isso permitirá, conforme assegura,  maior transparência em todo o processo, garantindo às empresas melhor gestão dos recebimentos, uma vez que as condições da operação negociadas com os consumidores serão preservadas. Além disso, destaca a Febraban, o comprovante de pagamento será mais completo, apresentando todos os detalhes do boleto, (juros, multa, desconto, etc.) e as informações do beneficiário e pagador.

A mudança maior

O diretor da Febraban chama atenção para o fato de que a grande mudança proporcionada pelo novo sistema ocorrerá mesmo quando o consumidor (pessoa física ou jurídica) fizer o pagamento, mesmo de um boleto vencido: nesse momento será feita uma consulta à Nova Plataforma para checar as informações.

Assim, se os dados do boleto que estiver sendo pago coincidirem com aqueles que constam no sistema da Nova Plataforma, a operação é validada. Se houver divergência de informações, o pagamento do boleto não será autorizado e o consumidor poderá realizar o pagamento exclusivamente no banco que emitiu a cobrança, uma vez que esta instituição terá condições de fazer as checagens necessárias.

No modelo atual, lembra a Federação dos Bancos, isso não ocorre porque nem todos os boletos são registrados em uma base centralizada. Por isso, os emissores dos boletos deverão registrá-los no seu banco de relacionamento, com as informações necessárias.

  • (Com informações da Febraban)
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8 Respostas para Nova modalidade de cobrança por boleto deve prejudicar empresas, alerta consultor

  1. Jorge escreveu:

    Nao quero meu CPF sendo informado pro banco de tudo que eu comprar!

    Filhos da p***!

  2. Joelma Nascimento escreveu:

    Realmente um absurdo..Quem vai pagar o pato somos nós como sempre..Fazem as compras e nós brasileiros pagamos a conta..

  3. Deivi Silva escreveu:

    Essa medida da Febraban vem em completo desacordo com o momento de crise que nós vivemos. Mais uma vez as pequenas e médias empresas, que mais empregam, vão sofrer com a burocratização e oneração dos serviços bancários. O que precisamos é que os bancos forneçam a estrutura necessária para que as empresas expandam seus negócios, através de serviços modernos, ágeis e baratos.

    • Karla Gomes escreveu:

      Absurdo!!
      Para que tenhamos uma melhor capacidade de filtro, temos que desembolsar um valor maior para os bancos fazerem esse papel??Discordo…até porque eles tem a devida responsabilidade de fornecerem os boletos de forma segura, ágil e com custos reduzidos aos seus consumidores.

  4. Nascimento escreveu:

    Essa matéria chegou em boa hora, infelizmente, os bancos suga ao máximo tudo das empresas, uma taxa absurda esta pela emissão de boleto bancário, serviço este que não deveria onerar, mais ainda quem gera riqueza para o PAÍS, está mais que na hora de reavaliar esse custo para uma emissão de boleto bancário.
    Será necessário o que mais acontecer, para as empresas se unirem em prol de ir contra esse novo reajuste de tarifa para 2017. Acredito que isto vai converter em mais prejuízo ao empresariado brasileiro, e também na paraíba.

  5. Rodrigo Leone escreveu:

    Há um bom tempo, o lucro dos bancos deixou de vir do spread entre as taxas de captação e de aplicação para vir da cobrança por serviços. Esse é mais um exemplo. E quem paga são os clientes, como sempre.

  6. Fábio Lemos escreveu:

    Acredito que a iniciativa é importante para evitar fraudes e pagamentos em duplicidade. Porém não deveria ser cobrado à mais por isso, uma vez que as instituições financeiras já cobram caro pela emissão de boletos como por qualquer outro serviço no Brasil. O problema é que o governo permita que os bancos continuem explorando a população mesmo em momentos de crise.

  7. Ricardo escreveu:

    Os Bancos são os grandes vilões do Capitalismo Selvagem e desumano