Pulverização aérea do Aedes é ‘irresponsabilidade’, alerta cientista paraibano

Eduardo Barbosa: "Uma irresponsabilidade" (Foto: uepb.edu.br)

Eduardo Barbosa (Foto: uepb.edu.br)

“Possui graduação em Licenciatura Em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba (1987), mestrado em Entomologia pela Universidade Federal de Viçosa (1995) e doutorado em Entomologia pela Universidade de São Paulo (2001). Atualmente é professor Associado A da Universidade Estadual da Paraíba. Tem experiência na área de Zoologia, com ênfase em Bioecologia de insetos, atuando principalmente nos seguintes temas: dengue, vetor, insecta, Aedes aegypti e Aedes albopictus”.

Os dados resumem o currículo do Professor Doutor Eduardo Barbosa Bezerra, pesquisador cadastrado no CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Com seus títulos acadêmicos e conhecimentos ele tem, portanto, todas as credenciais do mundo e autoridade científica para condenar, como condenou nesta quarta-feira (6), a Lei 13.301/2016 sancionada pelo presidente interino Michel Temer e publicada no Diário Oficial da União no dia 28 de junho recém findo.

A Lei 13.301/2016 autoriza a pulverização aérea de substâncias químicas sobre as cidades, como meio de combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Trata-se de uma “irresponsabilidade”, adverte o Professor Eduardo, pesquisador do Departamento de Biologia do Centro de Ciências Básicas e da Saúde (CCBS), da UEPB/Campina Grande. Ele alerta ainda que o procedimento é ineficiente e não controla os mosquitos Aedes. No final, explica e prova em apenas quatro tópicos porque pulverizar não é a solução, não funciona. Vejam só o quê e como ele diz:

1) os adultos fêmeas do Aedes encontram-se nas residências, geralmente se escondem em abrigos, por atrás de armários, embaixo de mesa, camas etc. Isso impede que o inseticida atinja o inseto;
2) para ser eficiente é preciso que uma gotícula do inseticida atinja o adulto;
3) o Brasil há anos utilizou o temefós no controle vetorial de larvas e adultos, o que levou ao desenvolvimento da resistência ao inseticida. Monitorei por mais de dez anos várias amostras populacionais da Paraíba e todas apresentavam altos índices de resistência;
4) o temefós e o malathion têm o mesmo modo de ação, ou seja, bloqueiam a acetilcolinesterase na transmissão sináptica no sistema nervoso. Assim, se é resistente a um, é ao outro. Resistência cruzada. Não vai funcionar o controle. Me parece aí uma intenção clara de beneficiar um setor em crise, que é o da pulverização agrícola em detrimento da saúde pública e dos danos ambientais que serão causados.

A manifestação do professor e pesquisador da UEPB faz coro com a maioria das organizações de saúde, de combate a agrotóxicos e de representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), como o procurador regional do órgão em Pernambuco, Pedro Serafim, coordenador do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos (FNDCIA), para quem a lei sancionada por Temer “tem potencial para causar doenças nos seres humanos e outras espécies, além de perdas econômicas”.

Já o coordenador do Grupo de Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Marcelo Firpo, classificou a autorização prevista na lei como um “retrocesso civilizatório”, expressão destacada em matéria publicada pela Agência Brasil no último dia 29. “Segundo ele, as áreas afetadas vão ser usadas como laboratórios”, acrescenta, lembrando ainda que a lei não delimita que substâncias serão permitidas ou proibidas nas pulverizações.

É BOM ESCLARECER
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3 Respostas para Pulverização aérea do Aedes é ‘irresponsabilidade’, alerta cientista paraibano

  1. saulo marinho escreveu:

    Concordo plenamente com o Professor Eduardo , no entanto, como complemento afirmo que.
    1)A pulverização aérea com qualquer agrotóxico fere a legislação ambiental que impede sequer que aeronaves com tais produtos utilizados no campo, sobrevoe povoados em áreas urbanas e rurais .
    2)Os produtos do grupo químico organofosforados utilizados pelo MS/ANVISA (larvecida themefos e os adulticidas malathion/malatol ou fenitrothion ,como afirmado alem de afetarem o sistema nervoso central, TAMBÉM provocam microcefalia , macrocefalia, hidrocefalia, câncer , são mutagênicos e teratogênicos.
    Por outro lado, o “hormônio” controlador de crescimento piriproxyfen , atualmente utilizado para interromper o ciclo larva-pupa em águas acumuladas, inclusive água de beber vem sendo questionado, como sendo um dos responsáveis por ocasionar microcefalias , uma vez que proporcionam anomalias e mutações nos insetos controlados.
    4)Os adulticidas , inseticidas do grupo dos “piretroides e piretrinas” , como o lambdocialotrina, deltrametrina e cipermetrina, também recomendado pelo MS/ANVISA, por serem fotossensíveis, tem poder residual baixo e consequentemente eficiência reduzida no controle do Aedes. Alem disto o Aedes desenvolveu resistência aos inseticidas destes grupos químico.
    3)O larvecida biológico Bacillus thurigiensis var. isrraelensis,(BACTÉRIA) testado e aprovado pela EMBRAPA desde 2006, embora(completamente inofensivo ao homem) registrado no MS/ANVISA ainda não vem sendo utilizado intensamente em substituição aos perigosos agrotóxicos.
    5)O adulticida Wolbachia,(BACTÉRIA) testado e aprovado na Austrália, como forma de controle biológico do inseto adulto, por pesquisador Brasileiro da Fundação Osvaldo Cruz erradicado naquele país, poderia ser utilizado nos atomizadores seja ‘fumaces ou pulverização aérea” SEM PREJUÍZOS PARA O HOMEM E PARA O AMBIENTE.
    6)A tentativa de controle do inseto A.aegypti “odioso do Egito” através da pulverização aérea, não surtirá o efeito que a pulverização via terrestre poderia proporcionar,,utilizando-se o conhecido fumace (EMBORA EM AMBOS OS CASOS SEJAM UTILIZADOS ATOMIZADORES DE ALTA PRESSÃO), considerando-se também que alem do inseto adulto, “os ovos ” que não eclodiram e de difícil visualização nos criadouros podem permanecerem em processo de dessecação “dormência” por até 450 , onde encontrando ambiente e clima favoráveis eclodirão e formarão novos insetos, sendo portanto também uma forma de resistência e dispersão da especie.
    6)A utilização de adulticida deveria ser utilizado, “ATRAVÉS DE PULVERIZAÇÃO COM A WOLBACIA’ apenas, só e somente só , em áreas próximas “a distancia de 200m” dos criadouros previamente identificados. A capacidade de voo do mosquito fêmea é de em geral 200 ms, sendo nesta área a recomendação para controle do inseto adulto.
    7)O MS/ANVISA, embora tenham ‘AMPLA’ liberdade de escolha na forma de controle e nos produtos a serem utilizados , não tem uma estratégia de controle eficiente para o Aedes, mesmo porque como sabemos, apresenta 4 formas OVO-LARVA-PUPA-ADULTO, e é exatamente as formas de resistência e dispersão da especie ‘OVO E ADULTO’, onde se encontra o ponto de estrangulamento e dificuldade para pelo menos reduzir a população do inseto, que também vem demonstrando variabilidade no que diz respeito a adaptação aos diversos ambientes, sobretudo na área urbana mais populosa.
    8)A lei 13.301/2016, que autoriza o uso de substancias quimicas, certamente contribuirá para a seleção de insetos resistentes aos agrotóxicos,além de contribuir para redução dos inimigos naturais não só do Aedes, mais de outras pragas urbanas que provocam doenças diversas.
    9)Por último, embora O MS/ANVISA, afirme que os produtos químicos ora utilizados sejam testados e recomendados pela OMS, de forma comprovada estes agrotóxicos ‘sejam organofosforados, piretroides, piretrinas, carbamatos’, provocam danos irreversíveis ao ambiente e ao homem .
    10)Mais ainda , porque não se utiliza os produtos biológicos (BACTÉRIAS) WOLBACHIA'( adulticida)’ e o Bacillus thurigiensis (larvicida) , uma vez que alem de eficientes , não provocam danos ao homem nem ao ambiente , pelo contrario, são verdadeiros inimigos naturais deste inseto exótico, e por sinal são encontradas na natureza.

  2. fulvio escreveu:

    pulverizar cidades com o falso intuito de combater o mosquito tem o pano de funo bem mais nefasto e mortifero ,uma açao dessas causará doenças em seres humanos e nos animais ,como tambem a contaminação de manancias ,a sociedade organizada tem que impedir tal açao que seria disseminar a morte entre nos ,leia-se que em alguns lugares do mundo ja estar havendo pulverizaçoes aéreas que estar causando severa doença em seres humanos chamada morgelons ,que sao lavas subcutaneas intratáveis pela medicina,tomemos muito cuidado….

  3. Bezerra da torre escreveu:

    Muito bom gostei de + acopanho todos diaas na cbn agora na palma da mao