A BENDITA SABEDORIA POPULAR, por José Mário Espínola

É o Brasil entrando…

A partir da formação intelectual nós vamos aos poucos abandonando, até mesmo rejeitando, as origens da nossa forma de pensar. É como se fosse um amadurecimento. É um equívoco cometido pela maioria de nós.

Hoje, faço um mea culpa reconhecendo que depois que me tornei adulto passei a não dar muita atenção a adágios e provérbios que ouvi na infância e na juventude, ditos por pessoas geralmente simples. Pura presunção!

Pois, atingindo a maturidade à qual cheguei, vejo como são sábios os aforismos populares. Debruçar-me-ei aqui sobre alguns deles.

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Cão que ladra não morde – Este ditado está sendo desmistificado pelo presidente. Desde que assumiu o cargo, todos os dias ele desfia um rosário de denúncias, ataques e agressões contra pessoas e entidades que porventura discordem das suas palavras: políticos de partidos adversários, a imprensa, instituições ou pessoas que de repente ele toma como desafetos, tenha ou não justificativa para tais condutas.

A princípio, não era levado a sério, mas o tempo se encarregou de mostrar que o seu grau de malignidade exige cuidados maiores do que a simples vacinação antirrábica. Dois fortes exemplos são o governador de São Paulo, João Doria, e o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Com certeza ele morde.

Mente vazia, oficina do diabo – Este provérbio está sendo comprovado que é realmente um sábio ditado. Pois nunca esteve no Brasil alguém com a mente tão vazia elucubrando tanta maldade, criando um clima de tamanha intranquilidade, praticando um verdadeiro terrorismo contra a população. Senão, vejamos.

  • O fim dos radares móveis aumentou a velocidade nas estradas, elevando o risco de acidentes. O fim da obrigatoriedade do assento para crianças tornou-as mais vulneráveis no trânsito.
  • A política de armar a população está despejando mais armas nas cidades, à disposição dos ladrões e assassinos. Além de aumentar a letalidade nos conflitos que diariamente ocorrem nas ruas das cidades.
  • A agressão sistemática e institucional à natureza está permitindo que o Brasil alcance o lugar desejado pelo governo e exposto pelo ex-chanceler Ernesto Araújo, ou seja, o de pária das nações.
  • A política governamental de saúde, executada (sem trocadilhos, por favor) pelo Ministério da Saúde, também vem ajudando o Brasil a alcançar esse lugar desonroso. Além de colaborar para o elevadíssimo número de mortos por covid, uma média de cinco acidentes de Boeing por dia.

Isso só para citar uma parte da política pública do atual governo. É realmente uma caixa de maldade.

Dize-me com quem andas que te direi quem és – Quando estava em campanha, o presidente criticou muito os políticos e partidos do chamado Centrão – entidade maligna que habita o Congresso Nacional e que, segundo Dr. Lauro Wanderley Filho, é quem sempre termina governando o país.

Desde que o Centrão desembarcou no governo, a convite do presidente, como garantia de lhe proporcionar longa vida, ele passou a se parecer com todas más qualidades que atribuía a esses políticos, alvo da campanha que lhe auferiu muitos votos dos incautos que nele acreditaram.

Além disso, pessoas que aceitaram compor-se com um governante terrivelmente impopular correm o risco de um dia serem confundidas e cobradas por isso. É o caso do mesmo João Doria. E dos militares que estão aparelhando a administração federal.

Onde há fumaça, há fogo – Desde que assumiu, o presidente sempre bradou ameaças contra as instituições, tanto nas manifestações de rua como no chiqueirinho do Palácio da Alvorada. No começo, alguns achavam que ele não seria capaz de levar adiante essas intenções. Achavam que cão que ladra não morde.

O tempo está demonstrando, porém, que ele é, sim, indivíduo de alta periculosidade para as instituições democráticas. Nem precisa ir muito a fundo para mostrar o quanto esse temor é procedente. Para bom entendedor, meia palavra basta!

A triste figura vem praticando terrorismo com suas ameaças à democracia, à cultura, às minorias sociais, aos direitos de todos. O povo já não aguenta tanta agressão, ao ponto de ter desafiado o risco de contrair covid. “Ruim com o vírus, pior com o Doido”, foi o que mais se ouviu nas recentes manifestações.

O que estimula a esperança do povo brasileiro é saber que quem com ferro fere, com ferro será ferido. E também que um dia é da caça e outro do caçador!

E se o futuro a Deus pertence, certamente Ele vai abençoar a nossa esperança e nos dar razão.