CAMILA, por Babyne Gouvêa

Camila

Chovia torrencialmente na noite que a minha filha Camila resolveu vir ao mundo – 18 de março de 1981. A data é marcada pelo incidente ocorrido na Rua 13 de Maio, centro de João Pessoa, provocado pelo rompimento de galerias de águas pluviais.

Naquele momento o meu foco eram as contrações que anunciavam a sua chegada. Desconhecia o que estava ocorrendo longe do meu espaço. A ansiedade de ver o meu bebê com sinais vitais normais centralizava minhas atenções.

Corremos para a maternidade, em meio ao temporal, e chegamos a tempo de ser colocada numa maca específica de parturiente. O detalhe assustador foram as infiltrações na sala de parto. Meu obstetra não sabia se ficava atento a mim ou à parte do ambiente inundado.

Ela, que habitava o meu corpo durante uma completa gestação, resolveu sair do seu confortável casulo de forma apressada, como os seus outros dois irmãos. Embora pedisse moderação na saída do meu ventre, insistia na indisciplina e ignorou a chuva e seus danos.

Besuntada com o líquido amniótico deixou o aconchego uterino e deitou nas minhas mamas. Precocemente, fez gestos com o beicinho procurando o colostro, sua primeira alimentação num mundo desconhecido.

De maneira análoga, bem semelhante à sintonia das notas musicais, sentimos juntas um acorde de respirações criando um soar harmônico. A cumplicidade se instalou imediatamente e o compromisso de conivência foi estabelecido.

Examinei todo o seu corpinho antes do pediatra. Vi que estava perfeito. Num monólogo lhe falei sobre a felicidade que a sua chegada estava proporcionando à família e, principalmente, à sua mãe. Adverti sobre a festiva recepção dos seus irmãos, que lhe aguardavam em casa.

O parto íntegro, apesar do vendaval lá fora, teve um desfecho exultante. A nova vida lhe garantiu uma existência plena de realizações pessoais e profissionais. A formação do seu caráter altivo, solidário e sociável contribuiu para se tornar uma bela mulher, digna de admiração de todos que lhe conhecem. A família que construiu ratifica a minha premissa.

Parabéns, meu amor. Agradeço à vida por ter me presenteado com uma filha como você.

Maternidade de Patos faz um parto extremamente raro

Médica segura o bebê empelicado (Foto: News)

Médica segura o bebê empelicado (Foto: News)

Um parto extremamente raro, que acontece em um a cada 80 mil nascimentos segundo as estatísticas, foi realizado com sucesso na Maternidade Dr. Peregrino Filho, de Patos. O parto empelicado da Sra. Tatiana Pereira Bezerra, da cidade de Manaíra (PB), surpreendeu a equipe médica chefiada pela obstetra, Dra. Iak Sodara. Neste tipo de parto, o bebê nasce sem que haja o rompimento da bolsa amniótica e, neste caso específico, a placenta estava junta. A criança nasceu saudável com 2.035 kg, medindo 41,5 cm e índice de Apgar 7/8, de uma gestação de 34 semanas. Mãe e recém-nascido evoluíram bem e tiveram alta poucos dias após o parto, realizado no dia 14 de junho último.

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