QUATRO POR NOITE, por Frutuoso Chaves

Que maravilha! Quem garante é o doutor famoso, homem de grande audiência no YouTube, sujeito de quase 600 mil visualizações em três semanas, o que dá algo próximo das 30 mil por dia. Você, meu caro, pode ter quatro grandes ereções por noite sem disso saber.

Mas, espera aí… Sem saber? Quer dizer que nem dá para despertar a patroa ao lado, com todos os riscos de um belo esculacho, porque acordou, acabou? Então, para que serve o teste de ereção que o doutor recomenda?

Ele responde: serve para constatar se a flacidez de corpo, alma e membro decorre do estresse. Se advém do medo de perder o emprego, do salário que acaba antes do mês, da conta que não fecha, ou do resultado da consulta ao proctologista ainda por vir.

Se assim for, você é macho para dedéu, mesmo que disso não saiba. Quatro ereções das boas por noite, já imaginou? Tão logo pus minha vista cansada, ela também, no vídeo em questão, eu li “eleição” com certo pavor. Uma a cada quatro anos já me basta.

A banana meio arregaçada na ilustração é que me fez atinar para o real conteúdo da matéria. Lá estava ela ereta, impávida, desafiadora. Já não mais havia dúvida do que se tratava. Também estava ali, de fato, um assunto que me interessava. A mim e aos 600 mil visitantes do canal (êpa!) do moço. Seiscentos mil, meus caros, dá 50 vezes a população de Pilar, minha terra. Dá umas 30 Bananeiras do amigo Rubens. Tudo, decerto, cabisbaixo.

Mas vamos ao estresse. Se for esta a causa do seu desânimo, pode preparar o foguetório. Procure os canais competentes e a solução que lhe for recomendada. É quase interminável a lista de medicamentos contra isso. Há sedativos, antidepressivos e betabloqueadores de todos os preços.

A coisa ainda pode ser resolvida com exercícios físicos, acupuntura, ou conversa com a turma da psiquiatria. Há, ainda, os calmantes naturais, os chás das avós. Pensando bem, é melhor não envolvê-las. Elas não servem para isso. Estão longe de qualquer estímulo dessa ordem.

Mas, em suma, o problema tem menor gravidade se decorrente das doenças da alma. O troço se complica, meu querido, quando resulta de questões físicas, das cardiopatias, da hipertensão, ou da diabetes.

Ou seja, se advém dos males da idade, eu diria, se agora mesmo não me viesse à mente a figura impressionante do Seu Viana, um pilarense de cinco casamentos e pai de menino novo aos 90 anos. Antes que algum maledicente disso duvide, aviso que o simples olhar para aquelas crianças já dispensava o teste de paternidade. Todos tinham a cara e o jeito daquele de cujos cachos saíram.

Acontece que Seu Viana, fenômeno não decifrado, era um daqueles seres surgidos para desafiar a vida e a morte. Um dia, para sorte de dona Ritinha, a última companheira, foi dormir e não mais acordou. O barbeiro Parcela fez campanha para que ele fosse enterrado em pé, no melhor dos seus trajes, em cova vertical.

Mas essa é outra história. Resta a cada um de nós, miseravelmente falíveis, desgraçadamente mortais, o teste caseiro recomendado, via YouTube, pelo nosso doutor.

Faça assim: antes de dormir, banho tomado, envolva o dito cujo, lá pela metade, com um pedaço de fita adesiva de tamanho apenas suficiente para uma volta completa. Manhã seguinte, antes de sair da cama, verifique se a fita rasgou ou se, ao menos, descolou. Assim ocorrido, encomende os foguetes e trate do estresse. Se coladinha a fita permanecer, você estará tão passado quanto aquele que tantas alegrias já lhe deu. Duvida do que eu digo? Veja, então, o vídeo.