É tempo de caras e lentes para cima. São dias nos quais ela infla e se mostra aos habitantes de todo um hemisfério. Sempre assim: quando aparece para você, também aparece para metade do globo terrestre.
Então, é meio mundo que a enxerga, simultaneamente, no menor e no maior dos seus brilhos, dia ou noite. O que muda é o jeito como as pessoas a percebem das duas bandas da Terra. Tem a parte convexa apontada para oeste, no nosso caso, moradores da banda sul.
Mais importa, todavia, é vê-la plena, absoluta, radiante. Nas redes sociais, assim tidas e havidas, ela é, agora, a imagem mais buscada. E, vaidosa como toda fêmea, exibe-se sem recato aos que a busquem.
Para Catulo da Paixão Cearense (o nome do moço já é um poema), não há, ó gente, luar tão belo quanto o do Sertão. Ali, mais parece a Lua um Sol de prata. O mesmo Catulo versejou a valsinha do flautista Pedro Alcântara a fim de explicar o que é a dor de uma paixão. “Ontem ao luar”, fruto dessa parceria, tem acalentado sucessivas gerações graças ao talento de gente como Vicente Celestino, Altemar Dutra e, mais recentemente, Marisa Monte.
E tem sido assim pelo mundo inteiro. Dificilmente, haverá um povo que não tenha visto a Lua com a lente e os modos do coração. “Fly me to the Moon”, já pedia à sua amada, em 1954, o compositor norte-americano Bart Howard por meio da canção que Frank Sinatra e outros não menos cotados transformariam num ícone do jazz. E o que dizer do “Blue Moon” que Richard Rogers e Lorenz Hart pariram em 1934?
“Canta a Lua, seminua, flor mimosa”, dizia o fado de Amália Rodrigues, o “Flor de Lua”, muito antes que Celly Campello ficasse branca como a neve. No cancioneiro italiano, ora a lua é vermelha (Luna Rossa), ora verde (Verde Luna).
Pessoalmente, lembro do bolero cantado por um Bievenido Granda com a alma aos pedaços, no fim dos anos de 1950, uma vez, pelo menos, no auditório da velha Rádio Tabajara: “Luna, ruégale que vuelva”. Ei, Legião Urbana, hoje à noite tem luar, sim. Acabo de fotografá-lo, aqui de casa.