CUIDADO COM O ‘NÉ?’, por Aderson Machado

Tá frio né

(Imagem meramente ilustrativa. Crédito: Top Imagem)

É muito comum, na linguagem oral, a maioria das pessoas repetir, exaustivamente, o malfadado “né?” no final das frases. Isso acontece tanto no que se refere à linguagem informal, como na linguagem formal, como em conferências, programas radiofônicos, ou coisa que o valha. E, para exemplificar, vou citar o meu exemplo. Ou mau exemplo?

Pois bem, enquanto locutor de rádio – e isso já fiz 25 anos de batente! – ainda não me libertei completamente, do ‘famoso’ “né?” quando me aventuro em falar algo de improviso nos meus programas. Tenho essa consciência porque costumo gravar a maioria dos programas, exatamente para poder avaliar onde foi que eu errei. E nessas possíveis imperfeições, acredite, caro leitor, o “né?” está liderando disparadamente!

Por isso, há muito tempo, venho me debatendo para, pelo menos, amenizar esse cacoete, porém sem muito sucesso, diga-se de passagem. A propósito, recentemente, comprei um livro que me chamou bastante a atenção. Seu título: ‘Superdicas para falar bem em conversas e apresentações’.

É importante citar o autor desse livro. Chama-se Reinaldo Polito, um dos mais destacados especialistas no ensino da arte de falar, com obras publicadas em diversos países. Como título tão sugestivo, não vacilei em comprá-lo. Até aí, nada demais. Curioso, incontinenti comecei a lê-lo. E, para minha surpresa, deparei-me com o capítulo ‘Acabe com o né?’. Aí, a minha atenção se redobrou!

Dessa forma, peço licença ao autor da obra em apreço para reproduzir, na íntegra, para você, possível leitor, o capítulo acima mencionado, por acreditar que ele será de muita utilidade para quem usa e abusa do “né?”. Depois eu volto.

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ACABE COM O ‘NÉ?’

Um ‘né?’ tudo bem. Dois, vá lá. Três ou quatro ainda podem ser suportáveis. Mas usar o ‘né?’ com frequência, em quase todo final de frase, pode fazer com que as pessoas se irritem e se sintam desestimuladas a prestar atenção em suas palavras, seja numa reunião da Empresa, nas negociações, seja nas entrevistas.

Estou falando do ‘né?’ porque ele é o grande chefe de uma imensa família que inclui parentes como ‘tá?’, ‘OK?’, ‘entende?’, ‘percebe?’, ‘tá entendendo?’ e outros agregados não menos votados, como ‘não é verdade?’, ‘fui claro?’.

Para eliminar os desagradáveis ‘né?’ da sua comunicação, o primeiro passo é tomar consciência deles. Embora não seja muito simples descobrir sozinho se o ‘né?’ está entrando e interferindo na sua fala, com um pouco de atenção e boa vontade talvez você consiga perceber se já foi picado por esse bichinho inconveniente. Uma boa solução é gravar suas conversas mais informais ou pedir a ajuda a um amigo.

Se você estiver inseguro, a tendência é falar como se estivesse perguntando, mesmo nos momentos em que deveria fazer afirmações. A falta de segurança fará com que esteja quase sempre pedindo algum tipo de retorno ou de aprovação dos ouvintes. É como se você dissesse no final das frases: ‘Estou me comunicando bem, né? Por isso, ao falar usando a entonação de quem está fazendo perguntas, irá se valer do ‘né?’ para encerrar as frases.

Assim, sempre que perceber a entonação característica de pergunta na sua comunicação, quando deveria estar afirmando, procure mudar a maneira de falar e se expresse com afirmações.

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Está aí uma excelente dica do mestre Reinaldo Polito, orador renomado, conhecido no Brasil e no exterior.
Como foi para mim, acredito que esse capítulo a respeito do “né?” tenha sido de grande valia para você, possível leitor deste texto.

Afinal de contas, esse “né?” tem atormentado a vida de todos nós… Né?