Posso bater no peito e dizer que tive dois grandes professores com nível de excelência: Ivanildo Brito e Júlio Goldfarb, na década de 70, aos quais serei eternamente grata.
Desses dois grandes mestres guardo conhecimento e lembranças da didática utilizada por eles em salas de aula. Ambos tinham muito em comum, embora lecionassem matérias distintas: o primeiro ensinava ‘História da Arte’; o segundo, ‘Evolução do Pensamento Científico e Filosófico’.
Assíduos, transferiam para os alunos cargas incomensuráveis de sabedoria. Embora fossem sábios não eram esnobes ou distantes dos seus aprendizes. A condução do ensino era feita com maestria, facilitando o aprendizado dos seus receptores.
O legado que herdei deles foi rico para os padrões do ensino de graduação. Tenho essa percepção clara face à base que assimilei. As portas da mente ficaram firmadas para receber outros saberes.
Havia ocasiões em que o Professor Júlio ministrava a sua aula para um número reduzido de alunos, porque o assunto não era atraente para alguns colegas. Isso não era motivo para diminuir o seu entusiasmo em lecionar. Não sabiam os ausentes que aqueles ensinamentos seriam utilizados durante toda a nossa existência.
O pensamento científico está muito presente na vida cotidiana e nos permite fazer perguntas baseadas na razão. Uma pessoa com mentalidade científica quer saber o porquê dos acontecimentos. O Professor Júlio insistia nessa premissa.
O Professor Ivanildo preparava as suas aulas com o esmero comparável à uma defesa de dissertação. Ele estabelecia conhecimento e sabedoria amplos – das mais antigas pinturas até a arte contemporânea -, promovendo um passeio fascinante sobre a História da Arte.
Com a sua erudição e uma oratória fluente, era dono de um talento excepcional para comunicar o seu amor pelas obras de arte. Descrevia de forma impecável as características dos estilos artísticos.
Competência e credibilidade desses grandes mestres deram aos seus discípulos espaço para pensar, questionar e expressar. Souberam formar o alicerce das habilidades intelectuais dos seus pupilos.