TEMPORADA DE CHUVAS ISOLADAS, por Ana Lia Almeida

Nuvens carregadas chegam ao leste do Nordeste

(Imagem copiada de folhageral.com.br)

Sabe quando uma sucessão de acontecimentos ruins chove em sua vida e, mal a pessoa seca, lá vem outro banho de água fria de novo? Parece que faz sol em toda a cidade, mas uma nuvem carregada não sai de cima da gente.

Pois está aberta a Temporada de Chuvas Isoladas por aqui. De Isolada, mesmo, só o nome, porque traz consigo a maior aglomeração. Não tem álcool em gel que dê jeito: de repente, estamos no velório de alguém querido, em uma delegacia de Polícia ou cheio de pessoas outras dentro de casa.

Primeiro veio a perda de um grande amigo. Indizíveis a tristeza e a revolta, dessas marcas que a vida vai cuidando com o tempo, bem devagarinho. Às favas com o isolamento social: foi muito abraço e pouco distância.

Poucos dias depois, a casa pegou fogo. Uma faísca elétrica ardeu o quarto da menina e em pouco tempo havia uns quinze vizinhos sem máscara arriscando a vida por nós.

Afora a fumaça, ficamos todos bem. Menos as roupinhas da dona do quarto, que queimaram todas. Em compensação, ela renovou o quarda-roupa inteiro, o que, por sua vez, nos levou ao shopping depois de 6 meses.

No mesmo dia, podem acreditar, a minha mãe foi furtada e fizeram uma festa com os cartões de crédito. Pior que o prejuízo, só mesmo o 0800 da Caixa Econômica Federal. E lá fomos nós à Central de Polícia, onde ganhamos o chuvisco-bônus da viagem perdida, voltando sem B.O. nenhum porque, você sabe, era fim de semana e ali somente flagrante com violência.

O desisolamento ainda continuará com o retorno à delegacia, a ida ao banco e a reforma do quarto incendiado. Mas esperamos de coração que a Temporada de Chuvas Isoladas tenha se encerrado. 

  • • Ana Lia Almeida é Professora e Cronista