BRUNO E DOM, por Babyne Gouvêa

O indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips (Reprodução)

Como pode ter acontecido tamanha barbaridade com vocês? Cheguei a alimentar esperança que estavam perdidos entre os verdes da floresta.

Minha ingenuidade caiu por terra. Vocês foram vítimas de humanos selvagens, a exemplo de outros crimes reveladores de descaso do Brasil pela Amazônia.

Chegaram ao fim as suas trajetórias de altruísmo. Altruísmo sim, traduzido pelo compromisso com a manutenção da mola mestre do nosso meio ambiente – a Amazônia e suas originárias populações: os indígenas.

Agradeço a vocês, como brasileira atentamente preocupada com a sustentabilidade e a terra indígena. Com coragem e sob ameaças vocês foram em frente, defendendo o que é nosso contra interesses ilegais. Não se intimidaram.

Você, Dom Phillips, estava escrevendo um livro sobre a Amazônia. Serviria como relevante obra de referência para todas as gerações. E o seu exemplo, Bruno Pereira, será imortalizado pelas denúncias das atividades ilícitas naquela região. Mas sofreu retaliação com o desmonte da Funai no atual governo.

Sua história, Bruno, é admirável. Depois de ter sido afastado de um cargo de coordenação da Funai por defender os direitos indígenas – em contraposição ao direcionamento do governo federal -, pediu licença do órgão e foi trabalhar em outra organização, dando continuidade ao trabalho de indigenista. Sei bem mais, Bruno.

Você perdeu o cargo por decisão assinada por um homem de confiança de Moro. Com isso, o presidente cumpriu a promessa da “foiçada no pescoço da Funai”. Mas você prosseguiu firme mata adentro, com o propósito de proteger as terras indígenas.

Quem se coloca como defensor da área amazônica é eliminado. O Brasil tem histórico de hostilidade e violência contra ambientalistas. Chico Mendes, Irmã Dorothy Stang, Maxciel dos Santos, vários anônimos, e agora vocês.

No momento da fatídica notícia, tive uma espécie de déjà vu. Veio à lembrança a nefasta frase do presidente: “Jesus não comprou pistola porque não tinha naquela época”.

Alarmante o nível de ganância sobre as riquezas da região amazônica – adequadamente apelidada “pulmão do mundo”. E o que causa estranheza aos bons patriotas é a abstração, ausência, omissão dos governantes àquele patrimônio.

Bruno e Dom, críticas à política ambiental brasileira devem se intensificar. Vocês serão sempre lembrados por todos os compromissados com a biodiversidade. Estes honrarão os seus exemplos.

O DOM E O TALENTO

Promessa entre Messi e Neymar destrói Cristiano Ronaldo (e o Real)

Imagem: Blasting News Brasil

Poucas pessoas no mundo têm talento e fazem bem o que fazem.

Outras, pouquíssimas no universo, têm o dom de fazer o melhor.

Talento é para quem é muito inteligente e o dom, coisa de gênio.

Talento tem esperteza e malícia; o dom, criatividade e sabedoria.

Talento pode construir algo belo, mas só o dom dá o acabamento.

Talento é propensão, inclinação; o dom, predicado, atributo nato.

O talento se desenvolve e se aperfeiçoa, mas até um certo limite. 

O dom é geração espontânea, simplesmente brota e se apresenta.

Alguns governantes são talentosos, mas só estadistas têm o dom.

Na música, por exemplo, Wilson Batista seria talento; Noel, dom.

Na educação, Anísio Teixeira foi o talento; Paulo Freire, o dom.

Na literatura, quem nasceu Junqueira jamais será um Machado.

No futebol, Neymar tem muito talento, mas o Messi tem o dom.

E você? Qual é o seu talento? Ou você tem o dom? Diga aí…

  • Texto atualizado às 9h30 de 28.8.2020