À LUZ A CAÇULA, por Babyne Gouvêa

Leila, a caçula de Babyne (acervo familiar)

O calendário marcava 3 de abril de 1982. Início de noite. Ela resolveu antecipar a sua vinda ao mundo, prevista para o dia 21 daquele mês. Não é possível, pensei. A cesariana está marcada para daqui a 18 dias. Mas os sinais estavam claros: sensação de abertura nas costas e contração do abdômen. Não tinha dúvida, já tinha passado por três experiências de partos normais. 

Partimos para a maternidade, ligeirinho. O parto tinha que ser cesárea para em seguida me submeter à laqueadura. A minha bebê não entendia e queria sair a todo custo do corpo onde habitou temporariamente. Eu tentava mentalizar para ela assimilar a necessidade de aguardar mais um pouco. Mas ela respondia com pressões no sentido da gravidade.

Finalmente, chegamos. Fui colocada numa maca, sendo aguardada pelo anestesista e o obstetra, já informados por familiares. Estavam à minha espera porque conheciam o meu histórico de partos rápidos. Entre uma contração e outra, o anestesista fez o seu trabalho, pacientemente. Eu estava um pouco ansiosa porque ia enfrentar uma nova modalidade de parto. Até então tinham sido todos normais.

O seu corpo emergiu do meu. Com um chorinho suave ela apontou para a vida. Dei à luz a minha caçula. À época, a ultrassonografia para identificar o sexo ainda produzia laudos incertos. Tanto que o radiologista, equivocadamente, identificou um bebê do sexo masculino.

Imaginem a minha surpresa e alegria quando ela surgiu. Fiquei radiante quando foi anunciada uma menina. Pensei de imediato na companhia que faria à irmãzinha um ano mais velha. Chegou perfeita. A exemplo dos seus irmãos, coloquei-a junto a mim ainda besuntada, exalando cheiro de vida. Ficamos nos sentindo e trocando olhares por um agradável tempo.

Após a assepsia, demonstrou ser gulosinha, procurou a mama que guardava o que era só seu: o colostro. Sugou com avidez e proporcionou um sentimento de missão cumprida à mãe. Completa, a minha filha manifestava perfeição no seu corpinho e com ótimos reflexos.

Agradeço à natureza por ter tido a capacidade de gerar a minha caçula, a quem dei o nome de Leila, em homenagem à Leila Diniz, atriz que eu admirava.

Tornou-se uma mulher rica de atributos honrados de personalidade, beleza e competência profissional. Hoje, celebra os seus 40 anos junto à linda família que construiu, cuja base é o amor.

Parabéns, minha filha amada! Obrigada por ter me presenteado com a sua vida!