TRISTEZA PELA ARGENTINA, por José Mário Espínola

Messi ontem, na Copa (Foto: Natasha Pisarenko/NYT)

Na manhã dessa terça-feira, a seleção da Argentina perdeu para a seleção da Arábia Saudita, jogo pela primeira rodada do Grupo C da Copa do Mundo no Qatar. O fato foi muito comemorado por torcedores brasileiros. Não me incluo. Na realidade, fiquei triste.

Primeiro porque não acho correto torcer pela desgraça dos outros. Não é de mim tripudiar sobre quem está por baixo. Tenho a mania de me colocar no lugar deles. Depois, porque me condói a situação do povo do país vizinho.

Há décadas, a Argentina sofre uma crise econômica sem fim, praticamente contínua. Parece até um país em estado de mendicância. Dezenas de planos econômicos, de todos os matizes, lá não sobrevivem. E o país continua pobre.

Ora, dirão vocês, mas o argentino é um povo arrogante! Ainda bem!, digo eu, pelo menos não baixam a crista. Pode ser o ânimo que precisam para reagir e lutar para sair do fundo do poço. Para muitos, até parece que eles só têm o futebol e o tango para se orgulhar, mas eles têm muito mais do que isso. Se não, vejamos.

A Argentina é um dos mais belos países do mundo. A sua situação geográfica faz com que ofereça clima e paisagem para todos os gostos: do calor das províncias mais setentrionais às geleiras do sul, passando pelos grandes vinhedos, que fornecem excelentes vinhos.
Os pampas do norte se continuam pelas planícies de Córdoba. A região de La Plata, onde está a capital Buenos Aires, é uma muito rica e variada.

A cordilheira dos Andes é belíssima, principalmente quando vista do lado argentino. A Patagônia, no extremo sul, é uma região que impressiona pela sua grandeza e diversidade, tanto da geografia como da fauna. Ushuaia é a cidade mais meridional do mundo. E a mais próxima da Antártida.

Bariloche é a estação de esqui dos brasileiros, onde muitos de nós tiveram a oportunidade de conhecer a neve sem ir à Europa. A região dos lagos é muito bonita, e visitada por turistas de todo o mundo, principalmente por nós, brasileiros. Mendoza é uma das maiores produtoras de vinho das Américas.

O tango é um ritmo bastante bonito, e uma dança muito sensual. Buenos Aires tem mais livrarias do que todas as cidades do Brasil. E que livrarias! Jorge Luiz Borges foi um dos maiores escritores que a literatura mundial já conheceu.

A Argentina já deu à humanidade cinco Prêmios Nobel, inclusive dois Nobel da Paz: Carlos Saavedra Lamas, em 1936, e Adolfo Perez Esquivel, em 1980, quando o país ainda estava mergulhado numa ditadura sanguinária.

O cinema argentino é o melhor da América Latina. Seus filmes são de ótima qualidade, excelentes, e se destacam em direção, produção, câmera, fotografia e roteiro. Seus artistas são consagrados no mundo do cinema. O ator Ricardo Darin é um dos melhores do mundo, e é sempre referência de bom filme.

E, se todos esses argumentos não fossem suficientes, a Argentina deu ao mundo católico um dos melhores papas já vistos: o Papa Francisco!

Querem mais do que isso?!