TEM QUE SABER USAR, por Antônio Carlos Ferreira de Melo

Imagem: revistacultivar.com.br

Temos uma semana marcada por importante seminário realizado nas dependências do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para debater o processo de desertificação do Nordeste, especialmente em nossa Paraíba. Lamento não ter participado presencialmente em razão de virose que me acometeu. Lamento também, de outro lado, que determinados assuntos não tenham merecido o necessário aprofundamento ou pelo menos alguma abordagem durante o evento.

Refiro-me, por exemplo, ao fato de nenhum expositor tocar em assunto tão relevante para o controle e combate à desertificação que é entregar água a produtores rurais e outros usuários sem que esses recebam capacitação técnica ou orientação mínima em relação ao uso dessa água através de sistemas de irrigação eficientes, manejo adequado do solo e preservação do meio ambiente. É o básico do básico para o emprego produtivo de recursos hídricos nos quais o Brasil tanto investiu.

São processos e procedimentos voltados para deter ou atenuar a temerosa degradação dos solos e consequente desertificação. Se os governos não vêm executando políticas públicas no sentido de conter os danos da desertificação, que se encontra em plena ascensão, que pelo menos execute ações de natureza preventiva, que passo a relacionar.

  • • Levantamento do perfil de solo e quais culturas devem ser plantadas nas terras que irão receber as águas do São Francisco em nosso estado (algo feito apenas parcialmente em algumas das propriedades cadastradas, segundo tomei conhecimento;
  • • Somente liberar a água para agricultores que tenham comprovadamente participado de treinamento do uso da irrigação eficiente (por microaspersão ou gotejamento), além de capacitação técnica no manejo da cultura que vai plantar e licenciamento ambiental para execução da atividade;
  • • Ter a garantia de assistência técnica e gerencial do empreendimento, para se ter certeza do sucesso no projeto (essa assistência técnica e gerencial, se não for possível na esfera estatal, sugere-se que grupos de produtores contratem técnicos autônomos, através de financiamentos bancários, onde essa atividade pudesse ser incluída no mesmo projeto de financiamento da produção).

Isso feito de forma coletiva torna-se mais barato e eficaz para um conjunto de beneficiári0s, a exemplo do que já vem fazendo com sucesso o sistema Senar/Faepa. Sugerimos ainda aos bancos financiadores da produção só liberarem créditos para os produtores que atendam as citadas exigências, para não continuarmos na mesma situação de décadas, onde a maioria não tem assistência técnica, muito menos gerencial.

Sem esse apoio, sem tal direcionamento, o resultado provável é o insucesso do empreendimento, provocando inadimplência e piorando a qualidade de vida dos nossos agricultores. 

FOME E SEDE EM CANAÃ, por Paulo Montenegro

Barragem de Jandaia entra em colapso e 6 cidades ficam sem água | ManchetePB

Resto de água no Açude Jandaia, que abastecia Bananeiras (foto publicada em setembro de 2021)

Verdade nua e crua. O predador-homem, em sua fome pelo vil-metal não poupa nada. Está matando o planeta.

Na Paraíba, hoje, mais da metade de suas terras já são verdadeiros desertos. Os rios em sua grande maioria são esgotos das urbes que esvaziam as zonas rurais onde a mão de obra e a agricultura já quase foram dizimadas.

Veja-se o exemplo de Bananeiras. A mídia enganosa a fez transformar numa terra desejada. Têm beleza realmente suas serrarias com seus montes e vales. Mas cadê água para o homem-turista endinheirado dar vazão ao seu ego?

Até as fontes de água do antigo campus da centenária Escola Agrícola, em parte “vendido” em transação escabrosa por um dos seus diretores, justamente a um seu funcionário… Que hoje industrializa e vende aquela água a peso de ouro, enquanto o povo de Bananeiras e Solânea esmola água dos carros-pipas vindo d’além como favor eleitoreiro.

Assim, com o acréscimo da falta de água, a já secular inquietação de José Américo de Almeida ainda vale – e como vale! – para o Brejo Paraibano de agora: “Miséria maior que morrer de fome – e também de sede – no deserto é não ter o que comer na terra de Canaã”.

Paulo Montenegro é médico

Transposição pode custar R$ 150 milhões por ano à Paraíba

Gustavo Canuto reunido com João Azevedo e secretários do Estado (Foto: Francisco França/Secom-PB)

Se depender do governo Bolsonaro, a Paraíba vai pagar cerca de R$ 150 milhões por ano para ter direito à água da transposição do Rio São Francisco, segundo estimativa divulgada no último dia 8 pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), ex-Ministério da Integração.

Clique para ler mais

Estado começa a pagar água da Transposição no 1º semestre de 2018

Reunião em Fortaleza que definiu requisitos da operação comercial do Pisf (Foto: Codevasf)

Valor pode chegar a R$ 80 milhões por ano

Clique para ler mais

Governo aposta em obra inconclusa para acabar racionamento em CG e região

Canal Leste da transposição foi inaugurada em março deste ano, mas obra está em teste, segundo MI

O eixo leste do canal de transposição das águas do Rio São Francisco ainda é uma obra em teste. Mesmo assim, conforme observou o doutor em Recursos Hídricos, Francisco Jacome Sarmento, o Governo do Estado confiou plenamente no resultado da transposição, quando anunciou a suspensão do racionamento de água em Campina Grande e mais 18 cidades, para o próximo dia 26, quando o Açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão, deve atingir 8,2% do seu volume. Clique para ler mais

Adutora inaugurada pelo governo também atrasa água para Campina

A adutora de Coxixola, recém-inaugurada pelo Governo do Estado, está captando água da transposição do Rio São Francisco; consequentemente, diminui a vazão destinada a encher o açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão, e atrasa o fim do racionamento em Campina Grande.

Clique para ler mais

Barragem no caminho da transposição expõe falhas na gestão das águas na Paraíba

Barragem em Caraúbas (Foto extraída de imagens de vídeo enviado via WhatsApp)

Dezenas de leitores criticaram nos três últimos dias as falhas de fiscalização e de gestão da Agência Executiva das Águas da Paraíba (Aesa-PB), após o blog publicar que uma barragem recém construída no município de Caraúbas reduziu a vasão da água da transposição do Rio São Francisco que deveria reabastecer o açude de Boqueirão em benefício de Campina Grande e municípios vizinhos.

Clique para ler mais

Paraíba tem menos de 13% da água que pode acumular

Boqueirão já recebe água do São Francisco, mas ainda tem menos de 4% de sua capacidade (Foto: Secom-PB)

As últimas chuvas no Litoral podem ter feito muita gente esquecer desse ciclo de seca prolongada, que entra pelo sexto ano consecutivo, na Paraíba. Mesmo com fartura de água na faixa leste, o Estado continua com menos de 13% da reserva hídrica que é capaz de acumular em 126 açudes. Clique para ler mais