CONTRADIÇÕES DO NATAL, por Sebastião Costa

Um nasceu na pobreza de uma manjedoura; o outro, gerado no berço do capitalismo.

Papai Noel, voando no seu trenó puxado a renas, visita todo ano residências chiques e seletas. Sua miopia social não enxerga a pobreza dos morros, favelas, palafitas.

A sensibilidade ‘cristã’ de Jesus visita todo dia casas de taipa, barracos e abrigos. No seu caminhar de sempre, se faz renascer em morros, favelas e palafitas.

Papai Noel, com sua roupa europeia, sua arrogância capitalista, não suporta o calor do sol africano nem a aridez do solo nordestino.

Jesus convive muito bem em meio ao calor humano dos pobres e desabrigados.

Papai Noel é o representante fosforescente da superficialidade capitalista.
Cristo se configura no amor e na solidariedade.

No dia do nascimento de Jesus, que pregou a humildade, todas as luzes para o símbolo do consumismo. E o aniversariante, sem brilho no coração das pessoas.

É a força do capitalismo triturando os ensinamentos do cristianismo.

Há de se perguntar se Papai Noel, vivo fosse há mais de dois mil anos, teria pousado seu trenó naquele estábulo da Galileia para entregar um presente àquele  menino, filho de um carpinteiro?

Sebastião Costa é médico e cronista

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