QUERIDO RUBENS, por Frutuoso Chaves

Tio Sam, ícone norte-americano

Escrevo estas mal traçadas linhas a fim de contar, aflito, que bloqueei Hélder Moura no Messenger, no Zap, no Instagram e no Facebook.

Ele mesmo, nosso Helder, o jornalista talentoso, o escritor admirável, o amigo de todas as horas, o camarada inscrito nas hostes dos imortais, porquanto membro festejado da Academia Paraibana de Letras.

Hélder é daqueles que a gente aponta, sem esconder a vaidade, quando citado numa roda de conversa: “É meu amigo bem chegado”. Exatamente como faço em relação a você, meu caro Rubens, ou a Chico César, a quem dei o primeiro emprego em jornal e me abandonou, afortunadamente, em busca dos palcos do mundo. Se avexem não. É coisa de macaca de auditório.

Bloqueei Hélder, mas tudo por conta do Agent Mark. Sabe não? É o cara de meia idade, bonito, engravatado, sorridente e bem penteado que fala em nome do DHHS, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.

Pois não é que recebi recado no Messenger com a cara e o número de um Hélder felicíssimo pelo prêmio de 300 mil dólares a si conferido por um tio em comum, o velho Sam, criatura das mais cristãs, das mais solícitas e dadivosas!

Dólares, caro colega, para um Hélder que não precisa dessa ajuda concedida, via Agent Mark, a título de amparo aos velhinhos do planeta, aos carentes de juventude, saúde e dinheiro.

Segundo a mensagem, eu tenho meu nome e tenho foto na lista dos assim premiados pelo DHHS. Se Helder, quem nem idoso é, abiscoita US$ 300 mil, imagina, então, o quanto caberia a mim que já tenho saudade dos 70 redondos e há muito me recinto da falta de saúde e grana.

Ligo para Hélder, sem haver atendido ao pedido para abrir o link da premiação que me fora remetido, dele ouvindo: “Você é um dos cinquenta que já me telefonaram com esse aviso. Me raquearam o Face, o Instagram, o Zap, o diabo a quatro”.

Pobre Hélder, tive que bloqueá-lo, pesaroso, até que ele recupere essas contas. Espalho o fato porque ele assim também o faz, a título de alerta aos amigos.

Tempos bicudos estes nos quais vivemos, meu amigo. Não sei se acontece também a você, mas eu estou cansado de excluir pedidos de adição ao Facebook formulados por deusas louras, várias delas envergando, com galhardia, a farda da Marinha de Guerra dos Estados Unidos.

Semana passada, deletei um coronel daquelas bandas. Deste não me apiedo, mas tenho pena de Dayse, Kelly, Mary e Suzan. Que olhos, que bocas… Perdão, queridas. Mas a desconfiança crônica, orgânica mesmo, me leva a rejeitá-las.

E, aqui para nós, preciso confessar. Tenho, há muito tempo, uma certa repulsa a esses guerreiros e guerreiras. Que as moças disso não saibam, mas, nos meus idos de faroeste, das cadeiras do Plaza e do Cine Rex, eu já torcia pelos índios nas brigas com a Cavalaria.

Posteriormente, me veio a leitura daquela frase lapidar proferida pelo velho Porfirio Diaz, muito depois de haver perdido o Texas: “Pobre México. Tão longe de Deus e tão próximo dos Estados Unidos”.

Dali, mesmo, eu somente gosto da gente de paz, dos gênios da literatura, da música, das artes cênicas, enfim, das coisas que edificam, tocam a alma, envolvem, comovem e, por conta disso, fazem bem à humanidade. E, com minha gratidão pela escuta e paciência, fico por aqui.

Abraço, do Frutuoso

É BOM ESCLARECER
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