JUSTIÇA FEITA, por Rubens Nóbrega

A Justiça fez justiça mais uma vez a quem sempre teve razão nessa trágica história de Camará. Refiro-me particularmente a Francisco Jácome Sarmento, secretário estadual de Recursos Hídricos entre 1999 e 2002, período em que o governo da Paraíba construiu aquela barragem em Alagoa Nova.

Reconhecido e respeitado em todo o Brasil por seus conhecimentos e realizações na sua área de atuação, Sarmento desde antes e sempre alertou para os riscos que corria e corre qualquer obra do gênero cujo primeiro enchimento não seja devidamente monitorado.

Providência básica na construção de grandes açudes, o acompanhamento diligente das primeiras águas de Camará teria evitado elevadas perdas humanas e materiais em Alagoa Grande e municípios vizinhos.

Sinais de vazamento, furo, rachadura ou outro problema na estrutura da barragem seriam notados se vigilância houvesse. Não  havia. Daí, o reservatório não foi esvaziado nem consertos agilizados. Salvariam vidas e a obra que desmoronou sob a força de uma tromba d’água e uma avalanche de omissão e desídia.

Quase duas décadas depois, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconfirma que as consequências nefastas e funestas do que houve no Brejo das alagoas paraibanas foi culpa de quem não cuidou e não de quem construiu. Ou seja, de quem sucedeu Sarmento nas obrigações de zelar pelo patrimônio recebido.

Imagino que a decisão do STJ sobre Camará, divulgada esta semana, traga sensação de alma lavada ao Professor Doutor em Engenharia Civil e, muito mais, ao cidadão Francisco Jácome Sarmento. Mas seguramente não compensa um milésimo as ofensas à sua competência profissional e integridade pessoal que lhe foram assacadas por conta da barragem que ruiu. Como se construíssem barragens para arruinar a obra e a própria imagem do construtor.

E o que tem a ver com isso este que vos escreve? Pouca coisa… Na época, 2004, estava colunista do saudoso Correio da Paraíba. Tentei colocar um pingo de jornalismo em meio ao temporal de presunção de culpa e pré-julgamentos que ameaçavam afogar a razão de quem sempre a teve. Como bem o disse a Justiça, da primeira à terceira e última instância.

É BOM ESCLARECER
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