TRAJETÓRIA DE UM VISIONÁRIO, por Babyne Gouvêa

(Imagem: Urcamp)

Um jovem morador de uma grande cidade interiorana ambicionava desde criança ser prefeito. Cobiçava ver o seu município com bibliotecas nos diversos bairros, para auxiliar os habitantes ávidos por conhecimentos.

Essa ideia nasceu a partir de Dublin, que teve a oportunidade de conhecer por intermédio de leituras sobre a história da capital irlandesa. Essa cidade adota um sistema municipal de bibliotecas suficiente para atender às necessidades bibliográficas de sua população. Esse modelo de administração foi adotado antes do desenvolvimento econômico daquele país, na década de 80.

O jovem, quando aluno do ensino fundamental em escola pública,  ressentiu-se da ausência de um suporte de leitura. O despertar para a necessidade de bibliotecas surgiu nessa época de sua formação e a obstinação de ver a sua cidade suprida de bibliotecas continuou presente durante toda a sua trajetória de estudante.

Conseguiu entrar numa universidade pública, estudando com livros emprestados, cedidos generosamente por amigos dotados de situação financeira privilegiada. Fez a graduação em Ciências Políticas, com o propósito de reunir condições para administrar o seu município e afastá-lo dos índices alarmantes de analfabetismo em vários graus. Já graduado, candidatou-se a vereador com um slogan de campanha incentivando a leitura, mas não logrou êxito.

Foi aprovado num concurso público para o magistério, iniciando como docente do ensino fundamental. Imediatamente, colocou-se na posição do seu alunado recapitulando a sua própria experiência, diante da inexistência de apoios bibliográficos. Essa situação não desejava aos seus discípulos. O tempo passou, mas a conjuntura permaneceu a mesma.

Tomou a iniciativa de criar uma hemeroteca na escola, a partir de assinaturas de jornais, revistas e obras em série, com recursos financeiros próprios. Percebeu o interesse dos seus discentes pelo acervo que crescia rapidamente, já que eram coleções seriadas; essa demanda aumentou o seu entusiasmo, levando-o a conversar com alguns residentes do seu bairro e colegas professores.

O que de fato incentivaria os eleitores? Teria que ser algo ligado a livros e leitura. Iniciou um trabalho que lhe exigiu paciência e persistência, falando inicialmente com os alunos, seus grandes aliados e, posteriormente, com os pais. Em seguida, coordenou atividades de recreação, reunindo moradores da circunvizinhança da escola, com a intenção de atrair um bom número de pessoas para formar uma base de apoio à concretização do seu intento.

Convocou reuniões com os simpatizantes de sua candidatura e obteve críticas favoráveis à ideia da instalação de bibliotecas. Sentiu uma espécie de pontapé inicial; agora teria que identificar os formadores de opinião. Foi relativamente fácil apontar os líderes entre os apoiadores na escola, no seu bairro, nas entidades de classe e nos clubes recreativos.

Chegou o período das eleições municipais e ele se candidatou a uma vaga na Câmara de Vereadores. Dessa vez, conseguiu se eleger com razoável soma de votos. Ficou satisfeito com o perfil dos seus eleitores: intelectuais, escritores, jornalistas, educadores e até donas de casa, para a sua surpresa.

Durante o mandato trabalhou até a exaustão, com ideia fixa em seu objetivo – o de criar um sistema eficiente de bibliotecas.

A recompensa do seu empenho na Câmara foi o reconhecimento dos eleitores nas urnas, elegendo-o prefeito do município com uma representativa soma de votos. Formou o seu secretariado tomando por base a competência técnica para desenvolver o seu Plano de Governo. Os cargos das secretarias da Educação e Cultura foram devidamente preenchidos por especialistas, alinhados com a sua propositura administrativa.

As bibliotecas e salas de leitura foram instaladas nos bairros, contando com o apoio do empresariado local, e o sistema de bibliotecas ambulantes foi criado, atendendo os moradores do perímetro urbano e da periferia do município. A meta estava assim sendo atingida – tornar a leitura acessível a toda a população.

Implantou no Ensino Fundamental as disciplinas eletivas ‘Canto Orfeônico’, ‘Libras’ e ‘Braille’, procurando estender o aprendizado da leitura a grupos específicos. O resultado desse investimento foi favorável ao incremento de atividades sociais manifestadas em consultas à população.

Foram intensificados eventos artísticos e musicais e vários concursos na área da literatura foram realizados. Outras ações ocorreram por meio de projetos de cooperação técnica em parceria com vários âmbitos governamentais e diversos setores da sociedade civil.

O propósito das políticas públicas foi básico para a recondução do prefeito ao cargo. Em seu discurso de posse reiterou os benefícios nas áreas de educação e cultura como determinantes para o progresso da cidade sob a sua administração.

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