Polícia isenta oficina e indicia mecânico por morte de paraibano em Alagoas

Sidney estava trabalhando quando foi atropelado (Foto: News Comunicação)

Sidney estava trabalhando quando foi atropelado (Foto: News Comunicação)

Família da vítima vai acionar a Justiça para que dono do estabelecimento comercial também responda criminalmente pelo homicídio

O delegado Nilson Alcantâra, que responde pela Delegacia da cidade de São Miguel dos Campos (AL), concluiu o inquérito policial sobre a morte do paraibano Sidney Marques Leite (Ney), que morreu por complicações de um esmagamento, provocado por um carro, no dia 20 de setembro último, no interior da oficina mecânica Joel, naquela cidade. Na sua conclusão, o delegado indiciou por homicídio culposo apenas o mecânico Olival Nogueira da Silva, que dirigia o carro que atropelou Ney.

A família do paraibano, no entanto, acredita que muitos pontos deixaram de ser abordados no inquérito, como o tempo e a forma como os primeiros socorros foram prestados, eventuais falhas na solicitação e na execução dos procedimentos médicos bem como uma investigação mais detalhada sobre esses quesitos e sobre a responsabilidade do dono do estabelecimento comercial onde ocorreu o acidente, Joel de Oliveira Chagas. O inquérito já foi enviado ao Ministério Público, responsável pela ação penal.

“Nós vamos tomar as providências para que o indiciado e o dono da loja, respondam civilmente pelo fato ocorrido, e indenizem a família da vítima, a viúva e duas filhas menores do segundo casamento, que perderam o alicerce material e moral de seu lar. A vítima estava trabalhando, lutando pelo pão de sua esposa e filhas, e teve sua vida interrompida por um ato de negligência e imprudência, que poderia ter sido evitado”, afirma o advogado Pedro Neto, que também é o filho mais velho de Ney.

O advogado destaca ainda que recebeu com reservas o relatório do delegado. “Achei um relatório muito sucinto, devido à gravidade do fato, onde também incidiu falha no tempo de solicitação e na execução dos primeiros socorros, questão que deveria ter tido maior atenção nas investigações, já que houve uma demora demasiada entre o acidente e o socorro prestado à vítima, que mesmo expressando muita dor, demorou mais de uma hora para ser removida para a Upa da cidade, e ainda há questões que não foram bem esclarecidas no inquérito, como por exemplo, a relação entre o dono da oficina e o mecânico, já que existe um contrato locatício mal explicado entre ambos, e sabemos que muitos contratos de locação entre donos de oficinas e casas de peças são feitos para burlar a legislação trabalhista, e até mesmo para alterar questões comerciais societárias“, explica.

Ele lembra ainda que várias perguntas ficaram sem resposta e que o delegado sequer ouviu o vendedor que acompanhou Ney até a Upa nem o dono do veículo e também não pediu as filmagens das câmeras da oficina. A viúva de Ney, a pedagoga Kalina Ligia de Moura, que por conta do trauma ainda está muito abalada, afirma que só quer que a Justiça seja feita e que os culpados pela morte trágica de seu marido respondam pelos seus atos.

“Intencionalmente ou não, eles tiraram a vida de um bom pai, um excelente marido e amigo de todas as horas, um filho muito presente na vida de seus pais, de um trabalhador que vivia viajando para assegurar o sustento de sua família, de um cidadão de bem, que vivia sorrindo. Enfim, de uma hora para outra, perdi meu companheiro, e de uma forma tão trágica e repentina. A punição aos culpados por essa tragédia, não vai trazê-lo de volta, nem diminuir nossa saudade e sofrimento, mas vai aliviar a dor de nossa família porque o crime não ficará impune”, disse Kalina.

A mãe de Ney, Francisca Marques Leite, que sofre de diabetes e hipertensão, ainda não se acostumou com a ausência do filho nos almoços de domingo. “Desde a morte de Ney, que os almoços de domingo, sempre alegres e festejados com a presença dele aqui em casa, se transformaram em tristeza. Está sendo difícil não vê mais o sorrido de meu filho e não receber mais o abraço dele. Somente a fé tem me mantido em pé e apenas o consolo de pensar que ele está num bom lugar, me conforta o coração, porque a dor da morte de Ney pulsa em mim todos os dias”, disse Nininha, como é mais conhecida a Sra. Francisca.

Como foi

Sidney era representante comercial da Mônaco Distribuidora (sem vínculo empregatício) e no momento do acidente, no dia 20 de setembro, estava anotando um pedido de compras no interior da loja Joel Auto Peças, junto com um vendedor da mesma empresa, quando um carro desgovernado, dirigido pelo mecânico Olival Nogueira da Silva (que em seu depoimento ao delegado afirma não ter habilitação) e que estava sendo consertado no referido local bateu nele e em seu companheiro de trabalho, imprensando-os contra o balcão.

O vendedor teve apenas ferimentos leves, mas Ney foi atingido em cheio, ficando imprensado entre o carro e o balcão da loja. Foi encaminhado à Upa de São Miguel dos Campos (AL), em estado grave, onde recebeu os primeiros atendimentos, mais de uma hora depois do ocorrido, por causa da demora na prestação de socorro. Na unidade de saúde, ele teve duas paradas cardíacas, foi ressuscitado, mas logo entrou em coma, vindo a falecer poucas horas depois no Hospital Geral do Estado (HGE), de Maceió, para onde tinha sido transferido de helicóptero.

O laudo do IML de Maceió, onde foi feita a autopsia, deu como causa da morte perfuração do baço, hemorragia interna e comprometimento de outros órgãos ocasionados por causa do impacto do veículo, além de constatar fraturas diversas nas pernas, costelas e bacia. O sepultamento de Sidney aconteceu no Parque das Acácias, em João Pessoa, no dia 22 de setembro. Ele era paraibano de Patos e tinha 52 anos. Deixou viúva, cinco filhos, dois deles menores, e toda uma família enlutada.

  • (Por Eliane Sobral, da News Comunicação)
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