OS BÍBLICOS, por Jesus Soares da Fonseca

Imagem copiada do site Pregação e Personagens Bíblicos

A Nordeste do Nordeste era uma empresa de grande porte que tinha sua matriz na capital, espalhando suas filiais pelo interior do Estado. Empregava, aproximadamente, nove mil servidores, distribuídos por suas filiais e sede central, esta com mais de mil funcionários, grande parte pertencendo ao alto escalão.

Era uma empresa moderna e bem organizada com todos os seus diversos sistemas informatizados. Na qualidade de Técnico em Informática, eu era coordenador de um dos sistemas da empresa. Quis o destino que no Setor houvesse vários funcionários com nomes bíblicos, distribuídos em áreas estratégicas, e que vieram ser os protagonistas desta estória.

Aconteceu, então, que determinada filial, estando com um problema no Sistema de Contabilidade e impossibilitada de resolvê-lo, a fim de solucionar a pendência decidiu telefonar para a matriz.

– Alô, de onde fala?
– Aqui, é da Sede Central da Nordeste do Nordeste, diga o que deseja!
– Com quem estou falando?
– Com Madalena.
– Colega, eu queria falar com o analista encarregado pelo Sistema de Contabilidade.
– Olhe, eu vou transferir a ligação para o chefe do Setor, ele te informará.
– Muito obrigado, colega.

***

– Alô, diga o que deseja, amigo! Aqui quem fala é Nazareno!
– Nazareno, é o seguinte… Você sabe quem é o analista encarregado pelo Sistema de Contabilidade?
– Depende… Qual é o teu caso? É entrada de dados ou é rolo mesmo no Sistema?
– Rapaz, para ser sincero, eu não sei bem te informar qual a área. Você compreende, sou novato nesta filial e estou voando um pouco, mas acho que é entrada de dados.
– Ah! Então é com Cruz! Um momento que eu vou transferir a ligação para ele.

***

– Alô!
– Cruz, é o seguinte…
– Um momento aí, prezado! Cruz viajou para Salvador. Quer deixar algum recado?

A essa altura, o funcionário da filial já estava ficando desconfiado. Primeiro, quem atendeu, foi Madalena, depois Nazareno, que transferiu para Cruz, que viajara para Salvador…

***

– Oh, meu chapa, como é teu nome, mesmo?
– Jordão, pode dizer!
– É sobre o Sistema de Contabilidade. Com quem mais posso falar?
– Ah, sim, vou transferir. É com Jesus.
– Com quem?
– Jesus, o encarregado pelo sistema.

***

Quando foi atendido, o funcionário já foi falando com afobação!

– Posso saber com quem estou falandooo?
– Aqui é Messias. Diga o que deseja.
– É contigo, mesmo, cara, até que enfim! É o seguinte… Ontem, nós recebemos o movimento de Contabilidade e, ao que me parece…
– Um momento, um momento, por favor! Contabilidade é com Jesus, ele trabalha aqui nesta sala, mas no momento não está. Aguarde um instante. Pronto, localizei! Ele está na sala de operação do computador. Não desligue, não, que vou transferir a ligação.

O nosso personagem já estava com os nervos à flor da pele.

– Alôôô, é Jesuus?

– Não, é João Batista! Quer falar com Jesus? Amigo, se eu fosse você ligaria mais tarde, pois Jesus está uma fera! Houve um problema no Sistema e me parece que Sudário o enrolou na história! É coisa antiga, sabe? Não fosse Verônica, sei não…

O funcionário da filial, então, endoidou de vez e fulo de raiva esbravejou ao telefone:

– O que é que vocês estão pensando? Que por acaso sou um paspalho, um otário, um maluco? Que tantas coincidências são essas? Percorri a Bíblia toda e o meu problema não foi solucionado! Vou dar parte a instâncias superiores. Aí não existe Madalena, Nazareno, Cruz, Jordão, Messias, Sudário, Batista, Verônica, Jesus, sei mais lá o quê. Coisa nenhuma! Vocês vão ver!

E desligou, deixando João Batista bastante intrigado, sem entender aquela explosão de raiva do outro lado da linha.

  • Nota do autor: Todos os personagens desta estória eram funcionários da empresa, no Setor de Informática, que por motivos óbvios preferi usar o nome fictício de Nordeste do Nordeste.

TRAJETÓRIA DE UM VISIONÁRIO, por Babyne Gouvêa

(Imagem: Urcamp)

Um jovem morador de uma grande cidade interiorana ambicionava desde criança ser prefeito. Cobiçava ver o seu município com bibliotecas nos diversos bairros, para auxiliar os habitantes ávidos por conhecimentos.

Essa ideia nasceu a partir de Dublin, que teve a oportunidade de conhecer por intermédio de leituras sobre a história da capital irlandesa. Essa cidade adota um sistema municipal de bibliotecas suficiente para atender às necessidades bibliográficas de sua população. Esse modelo de administração foi adotado antes do desenvolvimento econômico daquele país, na década de 80.

O jovem, quando aluno do ensino fundamental em escola pública,  ressentiu-se da ausência de um suporte de leitura. O despertar para a necessidade de bibliotecas surgiu nessa época de sua formação e a obstinação de ver a sua cidade suprida de bibliotecas continuou presente durante toda a sua trajetória de estudante.

Conseguiu entrar numa universidade pública, estudando com livros emprestados, cedidos generosamente por amigos dotados de situação financeira privilegiada. Fez a graduação em Ciências Políticas, com o propósito de reunir condições para administrar o seu município e afastá-lo dos índices alarmantes de analfabetismo em vários graus. Já graduado, candidatou-se a vereador com um slogan de campanha incentivando a leitura, mas não logrou êxito.

Foi aprovado num concurso público para o magistério, iniciando como docente do ensino fundamental. Imediatamente, colocou-se na posição do seu alunado recapitulando a sua própria experiência, diante da inexistência de apoios bibliográficos. Essa situação não desejava aos seus discípulos. O tempo passou, mas a conjuntura permaneceu a mesma.

Tomou a iniciativa de criar uma hemeroteca na escola, a partir de assinaturas de jornais, revistas e obras em série, com recursos financeiros próprios. Percebeu o interesse dos seus discentes pelo acervo que crescia rapidamente, já que eram coleções seriadas; essa demanda aumentou o seu entusiasmo, levando-o a conversar com alguns residentes do seu bairro e colegas professores.

O que de fato incentivaria os eleitores? Teria que ser algo ligado a livros e leitura. Iniciou um trabalho que lhe exigiu paciência e persistência, falando inicialmente com os alunos, seus grandes aliados e, posteriormente, com os pais. Em seguida, coordenou atividades de recreação, reunindo moradores da circunvizinhança da escola, com a intenção de atrair um bom número de pessoas para formar uma base de apoio à concretização do seu intento.

Convocou reuniões com os simpatizantes de sua candidatura e obteve críticas favoráveis à ideia da instalação de bibliotecas. Sentiu uma espécie de pontapé inicial; agora teria que identificar os formadores de opinião. Foi relativamente fácil apontar os líderes entre os apoiadores na escola, no seu bairro, nas entidades de classe e nos clubes recreativos.

Chegou o período das eleições municipais e ele se candidatou a uma vaga na Câmara de Vereadores. Dessa vez, conseguiu se eleger com razoável soma de votos. Ficou satisfeito com o perfil dos seus eleitores: intelectuais, escritores, jornalistas, educadores e até donas de casa, para a sua surpresa.

Durante o mandato trabalhou até a exaustão, com ideia fixa em seu objetivo – o de criar um sistema eficiente de bibliotecas.

A recompensa do seu empenho na Câmara foi o reconhecimento dos eleitores nas urnas, elegendo-o prefeito do município com uma representativa soma de votos. Formou o seu secretariado tomando por base a competência técnica para desenvolver o seu Plano de Governo. Os cargos das secretarias da Educação e Cultura foram devidamente preenchidos por especialistas, alinhados com a sua propositura administrativa.

As bibliotecas e salas de leitura foram instaladas nos bairros, contando com o apoio do empresariado local, e o sistema de bibliotecas ambulantes foi criado, atendendo os moradores do perímetro urbano e da periferia do município. A meta estava assim sendo atingida – tornar a leitura acessível a toda a população.

Implantou no Ensino Fundamental as disciplinas eletivas ‘Canto Orfeônico’, ‘Libras’ e ‘Braille’, procurando estender o aprendizado da leitura a grupos específicos. O resultado desse investimento foi favorável ao incremento de atividades sociais manifestadas em consultas à população.

Foram intensificados eventos artísticos e musicais e vários concursos na área da literatura foram realizados. Outras ações ocorreram por meio de projetos de cooperação técnica em parceria com vários âmbitos governamentais e diversos setores da sociedade civil.

O propósito das políticas públicas foi básico para a recondução do prefeito ao cargo. Em seu discurso de posse reiterou os benefícios nas áreas de educação e cultura como determinantes para o progresso da cidade sob a sua administração.

MUDANÇA SOCIAL E BUROCRACIA, por Rubens Pinto Lyra

(Charge de autor desconhecido. Ilustração de texto sobre a peça ‘O Inspetor Geral’, de Gogol, em pt.nextews.com)

As esquerdas querem mudar, substituir uma ordem injusta, baseada na opressão econômica, social e política, por outra, capaz de favorecer o aprofundamento da igualdade social, da liberdade e da democracia. Mas a mudança não pode se limitar à economia e ao poder.

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Receita Estadual admite e corrige falha no sistema que deixou comerciantes sem emitir cupom fiscal

(Imagem meramente ilustrativa: shopper.com.br)

A Secretaria de Estado da Receita (SER) admitiu anteontem (1º) que uma falha de sistema – corrigida ainda no sábado – bloqueou a emissão de cupons fiscais por comerciantes paraibanos que denunciaram prejuízos por impossibilidade de vendas naquele mesmo dia.

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Polícia da Grande João Pessoa ganha rádio à prova de bandido

Em solenidade marcada para o Palácio da Redenção, em João Pessoa, será inaugurado às 10h da próxima segunda-feira (19) o sistema de rádio digital da segurança pública da Paraíba que vai cobrir João Pessoa e toda a região metropolitana da Capital.

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UEPB cede gratuitamente programa que facilita acesso a contracheque do servidor

Quando o salário de todos os servidores estaduais e municipais estiver disponível na Internet na próxima semana, conforme prometeu o Tribunal de Contas da Paraíba (TCE-PB), qualquer órgão do Estado ou de prefeitura pode facilitar a consulta a essa informação através de um programa de computador desenvolvido na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

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Eixo Leste foi inaugurado sem duas estações de bombeamento e sem sistema de controle

A revelação foi feita ontem (17) pelo Professor Francisco Sarmento (foto), em resposta a uma série de dúvidas e questões encaminhadas pelo blog acerca da efetividade do projeto de Transposição do Rio São Francisco via Eixo Leste, inaugurado formalmente no último dia 10 pelo Governo Federal.

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Padre alerta que presídios já têm quase metade de presos provisórios

Sob o título ‘Situação do Cárcere’, artigo do Padre Bosco Nascimento (leia adiante) revela que o número de presos provisórios é “quase metade” da população carcerária. Reconhecido por seu esforço para humanizar o sistema penitenciário, no seu escrito ele adverte ainda que quem fecha uma escola abre uma prisão.

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