O GÊNIO DA DIVINA NEGRITUDE, por Francisco Barreto

Pelé comemora gol contra a Itália na final da Copa do México, em 1970 (imagem copiada da Conjur)

Teve todos os dias da vida entre seu nascimento e morte na consagração de suas raízes negras dedicadas ao Brasil. Há mais de 60 anos importantes lembranças da minha vida infante da Copa de 58 vêm à tona.

Ainda criança senti a angustia e o prazer ao estar ao lado de um radinho ouvindo as façanhas de seleção brasileira na Suécia. Durante as emissões éramos muitos. Agoniados ouvíamos as emocionadas narrações dos radialistas que dominavam nós ouvintes nas ondas curtas de inúmeras rádios, a Nacional, Guaíba, Mayrink Veiga dentre outras.

O que está acontecendo? Pelé está na área? As sonoras respostas vagas e reprimidas, e só entendidas com os estridentes gritos de gols e Pelé era um dos nossos heróis. A bola transitava com tanta velocidade que era impossível ter qualquer precisa imagem. A inquietação era a de saber se Pelé e Garrincha estavam no ataque.

Basicamente nos contentávamos delirar com os gols da seleção que brilhava. Para Pelé não foi difícil se distinguir entre tantos craques: Didi, Vavá, Garrincha, Nilton Santos; Zito, Zagallo, Mazolla, sem esquecer Gilmar. Vicente Feola ao lado Aymoré Moreira comandava os meninos.

De longe, Pelé foi o brasileiro que mais abraçou e divulgou para o mundo o ser da alma brasileira. Ele que veio nos históricos rastros da maior chaga que sempre desonrou a formação nacional: a escrava negritude. Com seus irradiantes e generosos sorrisos tão característicos a toda a raça negra ele inundou o país com a sua alma livre e generosa que o sacralizou.

A sua imagem rompeu o tempo, veio de uma época em que a alegria dominava o Brasil, a Democracia, Kubistchek, Brasília, a Bossa Nova, o Cinema Novo, o nosso futebol. Era uma feliz outra era.

Pelé passou a ser a imagem mais definida do Brasil. Era “esférico”, ou seja, por onde o víssemos ele era muito bom. Humilde, carismático, generoso, artista, feliz, icônico, encarnava os trópicos lindos e felizes.

Durante alguns anos em que estive fora do Brasil, quando éramos indagados sobre as nossas nacionalidades, e respondíamos: Pelé. E o Brasil vinha então pela gravidade do prazer. Evitávamos nos sinalizar como brasileiros em repúdio aberto a então ditadura brasileira.

Em 1970, tínhamos um grave conflito político aberto por razões ideológicas e humanas. A Copa nos atemorizava ao termos que nos curvar e exultar as cores verde e amarela. As emoções nos atraiçoavam e não impediram de ver todos os jogos. Pelé nos cegou e abrandou pela sua genialidade. Adorávamos a seleção, detestávamos o Brasil dos militares. Nos curvamos à profunda brasilidade futebolística que nos impunha o prazer e nos reduzia a um estado de letargia ideológica.

Pelé e sua trupe temporariamente nos esterilizaram politicamente. Fomos felizes por alguns dias. Depois mergulhamos no submundo do exílio. Num choque ideológico desfeito retomávamos a nossa contestação à Ditadura fazendo faixas, pichações, cartazes nos prédios, sobretudo na Cité Internacional Universitaire, e nos imóveis da Sorbonne: “Brésil, Champion Mondial de la Torture”.

Mas a vitória do tricampeonato ficou tatuada na alma. Lembro que em meados de Julho de 70 fui a Roma, e durante o trajeto fomos abordados pelo controle fronteiriço e alfandegário e arguidos pelo oficial fiscal: Nationallitá: Passaportes! Respondíamos em coro: Quatro a Uno! Palavrões foram pronunciados, os quais, que só eles os italianos os dizem com agradável e sonoridade embora insultantes: Porca Madonna!

Hoje o que mais me comove é sentir que Pelé foi e será sempre a representação mais legítima de um Brasil negro. Veio do nada e com recursos pauperizados do futebol se impôs e transmitiu ao mundo a honra, a grandeza de ser um gênio da raça negra brasileira e mundial. Não foi apenas um ícone futebolista. Muito além se curvando à sua negritude mostrou a dignidade e o esplendor de suas origens que em séculos foi sepultada pelo escravismo e pelo racismo indigno.

Assim vejo Pelé encarnado na sua negritude e na grandeza de sua raça liderando na condição do mais importante estimado brasileiro de todos os tempos no mundo.

O Brasil e seus brasileiros têm o dever se curvar pela remissão de seus históricos e atuais preconceituosos pecados se declararem humildes e convictos que o Negro Pelé é um dos gênios da nossa Nacionalidade.

VACINAÇÃO DOS FAMOSOS, por Euripedes Mendonça

O líder espiritual tibetano Dalai Lama recebeu a vacina contra a covid-19 em Dharamsala, Índia, no dia 6 de março de 2021

Dalai Lama vacinado na Índia: exemplo e incentivo à imunização (foto copiada de bbc.com)

Após os 14 casos nacionais de denúncias de aplicação de “vacinas de vento”, passou este autor a observar detidamente as imagens (fotografias e vídeos) veiculados nas mídias sociais. Começo com quatro personalidades.

O líder espiritual Dalai Lama foi imunizado ontem (6), em um Centro de Vacinação da Índia. A foto surpreende positivamente pela técnica e paramentação da vacinadora, quase a mesma dos profissionais das UTIs/Covid. Portava gorro, máscara, avental e luvas.

No Brasil, destaco a vacinação de dois “reis”. O da música, Roberto Carlos, ocorreu no dia 1º deste mês, sendo de longe o mais paramentado de todos os famosos. Portava luva, boné, óculos, além da máscara.

Pelas imagens do vídeo, a vacinadora estava menos paramentada que o Rei, pois usava apenas um gorro e aparentemente “não aspira” e termina com a colocação padrão de uma mecha de algodão pressionado sobre o local da punção.

O vídeo não mostra o destino da mecha e se foi colocado depois um adesivo (tipo dos disponibilizados nos laboratórios de Análises Clinicas quando de punção venosa).

No último dia 2, a vez do Pelé, o Rei do futebol. Usava máscara. A foto demonstra a que vacinadora portava luvas e pulseira (adorno este não recomendado pela Norma Regulamentadora 32 do Ministério do Trabalho e Emprego e pela Anvisa).

Na Paraíba, destaco a vacinação, também em primeira dose, no dia 16 de fevereiro passado, do Dr. Tertuliano Brito. Nada mais nada menos que o cirurgião-dentista mais atuante na região nordestina no campo do cooperativismo de crédito e odontológico.

A observação do vídeo demonstra o famoso Dr. Tertuliano de máscara. A vacinadora portava um colete, máscara, aliança e relógio (adornos não recomendados pela NR 32 do MTE) e aparentemente também “não aspira”.

Também este autor tomou a sua primeira dose, mas, por não ser famoso, não há registro de imagem. Para finalizar, uma curiosidade e uma recomendação: ocorreu um empate técnico no tocante ao “braço oferecido para vacina”. Dalai e Pelé, o direito; Roberto Carlos e Tertuliano, o esquerdo.

Paramentação uniforme é fundamental

Sugiro que quando chegar a sua vez, tome a vacina, observe e torça para que até lá ocorra uma uniformização nacional da técnica de paramentação das vacinadoras(quase 100% do gênero feminino), conferindo mais tranquilidade para os vacinados.

Não esqueça de colocar a mecha de algodão em um saco plástico e descarte-o em local apropriado.

Todos contra o coronavírus. Deus na proteção de todos.

  • Euripedes Sebastião Mendonça de Souza é Médico

PELÉ – 80 ANOS, por Aderson Machado

Vida longa ao Rei: os 79 anos de Pelé em imagens históricas | VEJA

Momento maior da carreira de Pelé: o tricampeonato mundial pelo Brasil em 1970, no México (Foto: AP)

Pelé, o Rei do Futebol, completou 80 anos no dia 23 de outubro último. É uma data marcante para o futebol brasileiro bem como para o futebol mundial. Os menos jovens, digamos assim, devem se lembrar que Pelé, com apenas 17 anos, jogou na Copa do Mundo de 1958, quando o Brasil foi campeão mundial pela primeira vez.

Em 1962, aos 21 anos, Pelé participava do bicampeonato mundial, embora não tivesse jogado toda a Copa por motivo de contusão. Em 1966, uma nova contusão o retira da Copa, mas o Brasil não foi bem naquele Mundial, não passando da primeira fase.

Em 1970, enfim, veio a consagração. Pelé, pela quarta vez, volta a defender a nossa Seleção, e o Brasil tornou-se tricampeão do mundo, com uma grande atuação do nosso Rei, embora lá estivessem outras feras, como Tostão, Rivelino, Gérson, Jairzinho e outros mais.

O Mundial de 70 foi o último disputado pelo Rei Pelé. Foi por pura opção, pois ele, com menos de 34 anos, ainda tinha condições técnica e física para disputar mais uma Copa, até porque, também, ainda não tinha pendurado as chuteiras. O fato é que o nosso Rei achava que já tinha dado a sua contribuição a nossa Seleção com os três títulos conquistados. E que contribuição!

Pelé se consagrou não apenas pelos títulos que deu ao Brasil, mas, principalmente, pelas suas jogadas geniais, quer defendendo a nossa seleção, quer jogando pelo Santos Futebol Clube, no qual ele alcançou feitos internacionais inesquecíveis. O Atleta do Século conseguiu o bi sul-americano e mundial com o Santos, arrebentando em jogos contra os grandes Milan, Boca Juniors e Benfica. No final de carreira, rumou para os EUA para defender o New York Cosmos, que foi campeão nacional em 1977.

Questionado sobre as comparações com Maradona, o ex-técnico Zagalo foi curto e grosso: “O Pelé foi tricampeão mundial. O Maradona só ganhou uma Copa. O Pelé marcou quase 1300 gols. O Maradona não chegou nem aos 400. O Pelé era completo. O outro foi apenas um bom jogador. E nada mais.”

Por fim, devo dizer que tive a honra e a satisfação de ver Pelé jogar. Isso aconteceu no longínquo ano de 1969, em João Pessoa, num jogo amistoso que o Santos fez contra o meu Botafogo da Paraíba. Esse jogo foi vencido pelo Santos, e Pelé fez o gol de número 999, e depois foi para o gol. Aliás, existem controvérsias a esse respeito, tendo em vista que muitos especialistas no mundo do futebol acham que aquele foi, na verdade, o milésimo gol do Rei Pelé. Mas essa é uma outra história…

Polêmicas à parte, externo aqui os meus parabéns ao maior jogar de futebol que o mundo já conheceu.

  • Aderson Machado é Engenheiro Civil e Bacharel em Letras