LÍDER OU MITO? DEPENDE DA ATITUDE, por José Mário Espínola

Gualter Ramalho, presidente da Unimed João Pessoa (Foto: Unimed-JP)

A última eleição para presidente da Cooperativa Unimed João Pessoa, em março de 2020, foi cercada por uma grande expectativa. O candidato da Chapa 1, o anestesiologista Gualter Ramalho, já havia concorrido ao pleito anterior, de 2016, não tendo conseguido vencer o seu adversário, o cardiologista Demóstenes Cunha Lima.

Dessa vez, a situação prometia evoluir diferente. E foi o que aconteceu, tendo Gualter sido eleito com uma significativa vantagem sobre a sua adversária, a também anestesiologista Maria de Fátima Santos.

Ele assumiu uma Unimed ainda dividida por conflitos acumulados nas últimas décadas. Os presidentes que o antecederam haviam feito administrações marcantes, no entanto nunca tinham conseguido unir os cooperados, que ainda guardavam ranços acumulados no passado e que já não têm mais sentido.

Contrariando qualquer expectativa negativa baseada em seu gênio forte, Gualter estendeu a mão a todas as correntes de cooperados, conseguindo acalmar a cooperativa. E vem dando mostras de que não apenas conseguiu dominar o gênio, como transformou-o em caráter e determinação para o trabalho.

A sua posse coincidiu com a instalação da pandemia em nosso país. Justo no Brasil, que já estava com uma economia que vinha claudicando desde o início da administração Bolsonaro. E que então já parecia frágil o suficiente para não sobreviver à emergência sanitária.

Diferente de alguns dirigentes do momento, o presidente Gualter Ramalho tomou como primeiras medidas pacificar a cooperativa, puxando para perto da sua gestão as lideranças mais expressivas.

Diante do imenso desafio que encontrou ao assumir, ele não titubeou. Iniciando um trabalho literalmente hercúleo, formou um Comitê de Crise, reunindo as cabeças pensantes da direção, reforçadas por outros cooperados que não faziam parte dela.

Tomou medidas severas para garantir o isolamento dentro do Hospital Alberto Urquiza Wanderley. Reforçou o estoque de insumos e materiais necessários para tratar os pacientes graves, inclusive com a aquisição de novos respiradores. Isolou uma UTI, especializada em tratar exclusivamente os pacientes graves de Covid. Isolou leitos de enfermaria para os pacientes de menor gravidade.

Preocupado com o fechamento dos consultórios, devido à necessidade de isolamento, com evidente prejuízo para os cooperados, disponibilizou valor semelhante à média das produções médicas dos meses anteriores à pandemia, garantindo-lhes uma receita mínima para enfrentar as despesas dos consultórios.

Ofereceu todas as facilidades necessárias possíveis para os usuários manterem os seus planos, tornando assim possível a conservação da receita da cooperativa.

Em resumo, o presidente da Unimed João Pessoa, Gualter Ramalho, agiu como um verdadeiro líder, e não como um mito qualquer.

DO MITO AO MINTO, por Juca Pirama

Gripezinha' testa 'histórico de atleta': Bolsonaro irá recuar após infecção  pela COVID-19? - Sputnik Brasil

(Imagem: Sputiniknews)

Ontem, no dia em que as mortes por Covid ultrapassaram o total de 300 mil, desde o primeiro caso no dia 17 de março de um ano atrás, o Brasil foi surpreendido por notícias alvissareiras.

A primeira foi pela manhã, quando o presidente do Senado e do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, promoveu uma reunião com os presidentes da República, Sr. Jair Messias(?) Bolsonaro; do Supremo Tribunal Federal, ministro Luis Fux; e da Câmara, deputado Artur Lira.

Esta reunião, tão desejada pela população enlutada e pela parcela que ainda tem esperança, selou, espera-se, a união dos Poderes constituídos em prol da unificação das ações de saúde dedicadas à pandemia que assola o planeta, em especial o nosso país.

Foi criada uma comissão mista com o objetivo de unificar o combate à Covid, potencializando e unificando as ações de saúde realizadas pelo Ministério da Saúde, os governos estaduais e municipais, e distribuindo os insumos e equipamentos necessários a todos os cidadãos.

Pelo menos foi o que anunciou o senador Pacheco… A reticência fica por conta da máxima de que, no Brasil, quando não se quer resolver um problema, cria-se uma comissão. Mas eu acho que essa irá funcionar, sim. Pois parece que a tragédia sanitária finalmente sensibilizou os senhores políticos.

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A outra boa notícia foi a declaração do presidente da Câmara, deputado Artur Lira. Ele enquadrou o presidente(?) da República, Jair Bolsonaro, exigindo deste um bom comportamento, em todos os sentidos, fazendo-lhe ameaças constitucionais.

Artur Lira, ocupando a presidência da Câmara com o apoio explícito e decisivo de Bolsonaro, surpreendeu assim a todos nós. Ele fez em dois meses o que Rodrigo Maia não fez em dois anos.

Agindo assim, tanto o deputado Lira quanto o senador Pacheco conferiram Bolsonaro à sua real dimensão: a insignificância. Demonstraram-lhe que a nação é maior do que ele. Que o país pode passar com ele, sem ele ou apesar dele.

Que Jair Bolsonaro não passa de um adorno feio totalmente perdido na beleza do Palácio do Planalto…

Coincidência ou não, na noite anterior ele havia feito um pronunciamento à nação, durante o qual relatou como realização sua tudo aquilo que não fez, até o momento. Reafirmou, assim, a sua alcunha de O Minto.

Ficou evidente que o pronunciamento não foi muito bem recebido, dada a manifestação espontânea de panelaços pelo Brasil inteiro.

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Não perdendo a oportunidade, liguei para o amigo patriota:

– E aí, Verde & Amarelo, tudo bem? Ontem foi um dia histórico: pela manhã o presidente do Senado assumiu o protagonismo e fez O Minto recolher-se à sua insignificância. E à tarde O Minto foi ameaçado veladamente pelo presidente da Câmara, caso não quisesse se recolher. Como homem dos bastidores que você é, o que acha que o G.O., Gabinete do Ódio, vai fazer? Vai deixar por isso mesmo? Ou vai reconhecer a própria covardia, botar o rabinho entre as pernas e num fazer nada? Não vai espalhar nenhuma sujeirazinha dos dois políticos? Ou será que o G.O. já não mais destila esses ódios todos? Será que o G.O. não passa de um WC pestilento (daqueles de posto de gasolina) anexado ao gabinete do presidente?

Tut-tut-tut… A ligação caiu antes que ele respondesse.

A DESTRUIÇÃO DO NOSSO MAIOR PATRIMÔNIO, por José Mário Espínola

Quatro pessoas morrem à espera de leitos de UTI em Ribeirão Pires -  Notícias - R7 São Paulo

Em todo o país, UTIs lotadas e milhares de infectados em estado grave à espera de um leito (Imagem: R7)

Hoje a Família Alvinegra amanheceu com uma notícia que deixou a todos nós muito tristes. Um bom amigo, nosso companheiro dos bons e maus momentos do Botafogo, que sempre estava presente em todos os jogos da Torcida do Ricão, perdeu para a Covid 19 o seu segundo filho em pouco mais que uma semana. Ambos adultos saudáveis e ainda gozando da plena juventude.

É muito difícil conformar-se e superar semelhante perda. Considero uma inversão da ordem natural: pai enterrar filho. Torcemos para que o amigo botafoguense e sua família tenham forças para superar essa dor. O terrível acontecimento nos leva a perguntar, contudo, por que chegamos a isso. Como chegamos? Poderia ter sido diferente? É muito difícil responder. Mas alguns fatos nos fazem pensar que, sim, poderia ser diferente.

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Na década de 1970, mais exatamente em 1975, o Brasil vivenciou uma experiência inusitada. Diante da epidemia de meningite C, foi necessária uma operação gigantesca e inédita: vacinar toda a população brasileira num curto espaço de tempo, para vencer a velocidade de expansão da doença.

Na época estávamos em plena ditadura militar. O presidente era o general Ernesto Geisel e o ministro da Saúde, o mineiro Paulo de Almeida Machado. Num prazo exíguo, o ministro aparelhou como pôde o Programa Nacional de Imunização (PNI) e realizou a primeira grande campanha nacional de vacinação em massa num curto período de tempo. Foi um sucesso.

Segundo historiadores, depois dessa campanha o PNI foi praticamente abandonado pelo ministro Almeida Machado, não realizando mais campanhas nacionais, ficando a vacinação limitada a ações isoladas na rotina dos postos de saúde.

Nos governos seguintes, o ministério da Saúde incrementou o PNI, que se aperfeiçoou e tornou-se modelo para o mundo, especialmente na área de imunização em massa. E atingiu o seu ápice na administração José Sarney com o ministro Seigo Tsusuki, que realizou a primeira Campanha Nacional de Imunização contra a hepatite B. Logo depois enfrentou um surto de meningite meningocócica B.

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Foi com esse elevado conceito, nacional e internacional, que o presidente eleito Jair Messias (?) Bolsonaro encontrou o Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. O programa era capaz de realizar campanhas de vacinação quase que relâmpagos, atingindo facilmente níveis de imunização superiores aos 90% em muito pouco tempo.

Para titular da pasta, Bolsonaro nomeou o deputado federal Henrique Mandetta. Ortopedista pediátrico de formação, o ministro Mandetta soube montar uma equipe respeitável, especialmente na área da epidemiologia. Passou o ano de 2019 administrando discretamente, como parece ser o seu estilo, respeitando as características de cada um dos seus auxiliares. Organizou todos os programas de sua pasta, inclusive o PNI.

Demonstrando capacidade de trabalhar em equipe, ao assumir em janeiro o ministro Mandetta jamais imaginaria como essa equipe seria útil para o país, um ano depois.

Em dezembro de 2019, surgiram na cidade de Wuhan, na China, os primeiros casos de uma síndrome respiratória aguda gravíssima, extremamente contagiosa e letal, causada pelo coronavírus, e que foi batizada de covid 19.

Logo, logo Wuhan se tornaria o epicentro dessa doença viral grave como a humanidade moderna nunca tinha vivenciado, desde a epidemia mundial de gripe espanhola, na década de 1920 do século passado.

Depois de se espalhar pela Europa, foi no mês de fevereiro de 2020, durante o carnaval, que surgiram os primeiros casos de covid 19 no Brasil. A 11 de março foi decretada a pandemia global pela Organização Mundial de Saúde. No dia seguinte surgiu o primeiro óbito no nosso país.A partir daí, o Brasil passou a assistir a evolução da doença, dia-a-dia, exposta pelo próprio ministro Mandetta com a sua equipe.

Embora o povo brasileiro a princípio tenha ficado aflito, passou a sentir-se mais tranquilo pela segurança que essa equipe passava para nós, em seus informes diários, sob a liderança do ministro Mandetta. Mas, até parece que o capeta, insatisfeito por que a situação parecia sob controle, estava rondando o nosso país, buscando uma maneira de fazer piorar as coisas. E encontrou um ponto fraco na nossa defesa: logo na pessoa do presidente Bolsonaro!

Até então, o presidente só olhava de longe sem atrapalhar, embora negasse a gravidade evidente da epidemia. Porém, mal aconselhado pelos seus filhos e outras figuras de pensamento deformado que cultiva em torno de si, o presidente engravidou pelos ouvidos. Eles botaram na cabeça presidencial que o ministro da Saúde estava “aparecendo demais”.

E na qualidade de pessoa medíocre que é o nosso presidente, qualquer um que apresente nível um pouco elevado de inteligência, por menor que seja, causa-lhe inveja. E instigado por sua turma, forçou a demissão do ministro Mandetta, por puro despeito.

Para infelicidade geral da nação, junto com o ex-ministro saíram todos aqueles especialistas competentes que compunham a sua equipe: epidemiologistas, infectologistas, sanitaristas. A essa altura, as mortes começaram a se multiplicar.

O que a nação estarrecida assistiu foi uma sequência de filmes de horror. Primeiro, com a nomeação de um ministro que demonstrou apatia para com a importância do cargo. Como ele se recusou a adotar os protocolos pouco científicos que o presidente queria impor, também foi demitido. E as mortes aumentando…

Para o seu lugar, o presidente encontrou o ministro ideal, segundo o seu padrão: um general da ativa, apresentado como médico veterinário e militar especializado em logística. E que não administra de fato a pasta, fazendo apenas tudo o que o presidente manda.

A princípio o fato de ele ser da área de saúde, mais ainda com especialização em logística, gerou uma esperança de que pudesse ser um bom ministro, que pudesse administrar melhor a grave crise sanitária que estava se agravando. As mortes se multiplicando…

Surgiu o advento da possibilidade muito breve de vacinação, o que significava esperança de dias melhores, econômicos e sociais. De normalidade plena.

Ainda em meados do segundo semestre de 2020 veio a boa notícia: a vacina começava a se tornar uma realidade possível já para os próximos meses. E de vacinação entendíamos nós, que tínhamos um dos melhores sistemas de imunização do planeta. Éramos capazes de vacinar a nossa população em muito pouco tempo. Para isso era preciso apenas que tivéssemos doses suficientes de vacinas. Mas esse sonho logo se desvaneceu.

Com a perspectiva da iminente concretização da vacina, todos os países começaram a se mobilizar, fazer planejamento para ter vacinas suficientes para imunizar as suas respectivas populações contra a doença terrível, trazendo o planeta de volta à normalidade. Menos o Brasil.

Para azar nosso, parece até que o cão é quem estava (está?) no comando. Pois o nosso Grande Líder Bolsonaro não acredita em vacinas! Aliás: ele não acredita em ciência. Pelo menos é o que podemos depreender do seu comportamento explicitamente negacionista, sempre dando mau exemplo de desrespeito às medidas sanitárias preconizadas pela entidades mundiais de saúde. O general-ministro, claro, passou a também não acreditar na ciência. E as mortes aumentando…

Assim, apesar de termos um especialista da logística à frente do ministério mais importante para o Brasil no grave momento que estamos vivendo, esse estrategista NÃO PROVIDENCIOU vacinas para imunizar o nosso povo. Negava, com essa omissão, a possibilidade de um retorno mais rápido à normalidade da nação. Que conta cada vez mais mortos.

E quando as vacinas chegaram, encontraram um ministério da Saúde com o seu PNI sucateado, desmantelado, tendo perdido a capacidade de promover vacinações em massa, como era até um passado recente.

A principal consequência é o atraso criminoso da vacinação da população, esperança de dias melhores, de diminuição da mortalidade, de redução do número de casos com a consequente melhora na capacidade de absorção pelo sistema de saúde, oferecendo melhores chances de sobrevivência para aqueles que forem acometidos.

Mas isso está longe de acontecer, pois Jair Bolsonaro, O Mito, havia destruído o nosso patrimônio sanitário maior: o Programa Nacional de Imunização. Justamente no momento em que o número de mortos acelera na direção de um recorde sinistro: 300 mil mortos!

Triste realidade.