Brasil melhora, mas violência contra jornalista continua e diploma é fundamental

Por FERNANDO PATRIOTA
Jornalista e produtor cultural 

Imagem: Abraji

Um estudo da Organização Repórteres sem Fronteiras revelou que o Brasil subiu dez posições no ranking de liberdade de imprensa, ficando na posição 82 entre 180 países avaliados. O levantamento, divulgado na sexta-feira passada (3), também revelou que os desafios, como violência contra jornalistas e desinformação permanecem presentes e precisam ser enfrentados, pelas instâncias governamentais e organizações representativas da categoria e o diploma de Jornalismo é fundamental e deve ser obrigatório.

Em 2021, o Brasil atingiu seu pior índice e ficou em 111ª posição e entrou na chamada zona vermelha do ranking, a segunda pior do ranking. Agora, o país se situou na zona laranja clara, a terceira melhor. O relatório também destacou que 100 repórteres palestinos foram mortos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, pelo menos 22 deles enquanto exerciam a profissão.

“O novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva traz de volta uma normalização das relações entre as organizações estatais e a imprensa, após o mandato de Jair Bolsonaro marcado por uma hostilidade permanente ao jornalismo”, disse o relatório. A liberdade de imprensa é um dos pilares fundamentais de qualquer democracia saudável. Infelizmente, durante o governo Bolsonaro, houve um aumento alarmante nos casos de violência contra jornalistas e ataques à liberdade de imprensa em todos os estados da federação.

Durante quatro anos de governo Bolsonaro foi adotada uma retórica hostil em relação à imprensa, rotulando veículos de comunicação críticos como ‘fake news’ e desqualificando o trabalho dos jornalistas. Devido a essa postura foi criado um ambiente propício para a escalada da violência contra profissionais da mídia, difícil de ser desfeito. O relatório da Organização Repórteres sem Fronteiras ainda afirma que a desinformação intoxica o debate público. “O Brasil continua muito polarizado e os ataques contra a imprensa, que se tornaram comuns nas redes sociais, abriram caminho para agressões físicas contra jornalistas”, diz o estudo.

Para alguns observadores, Lula fortaleceu a democracia brasileira ao permitir uma imprensa mais livre, com a disposição para enfrentar perguntas difíceis em entrevistas coletivas e sua tolerância a críticas públicas. Além disso, apontam para políticas que promoveram a diversidade e a pluralidade na mídia, como o incentivo à criação de novos veículos de comunicação e a expansão do acesso à internet. Contudo, o presidente precisa colocar em pauta o fortalecimento das mídias alternativas e trabalhar junto à Câmara dos Deputados a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Essa matéria (PEC 206/12) já foi aprovada no Senado, em dois turnos.

Para a diretora científica da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Iluska Coutinho, à volta do diploma para jornalista é fundamental. “Os processos de descredibilização, o avanço da desinformação e a violência têm ligação com processo de perda de confiança e de qualidade decorrentes da queda da exigência do diploma para atuação como jornalista, que ocorreu em 2009. Aliás, a regulamentação do exercício profissional se relaciona com outra muito urgente: a regulamentação das plataformas digitais, essa em tramitação no Congresso Nacional”, destacou.

• Artigo escrito em colaboração para o Observatório Paraibano de Jornalismo 

IMPRENSA DA PARAÍBA GANHA OBSERVATÓRIO

A imprensa paraibana conta agora com um serviço de acompanhamento e análise das informações divulgadas por qualquer meio de comunicação no Estado.

Trata-se do Observatório Paraibano de Jornalismo (OPJor), que fará crítica de mídia, checagem dos fatos e pesquisa sobre qualidade e acessibilidade das informações jornalísticas.

Iniciativa de jornalistas profissionais e professores da área, o Observatório está institucionalmente criado junto ao Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Os primeiros conteúdos do Observatório já estão disponíveis em seu blog (https://observatoriopbdejornalismo.blogspot.com/) e através do perfil no Instagram (https://www.instagram.com/p/CSxCPfMgKzd/…).

TV Câmara resgata memória da imprensa paraibana

Walter Santos é o entrevistado do programa de estreia da série Cobra Criada (Foto: YouTube)

Na noite do próximo domingo (27), a partir das 20h, os telespectadores da TV Câmara de João Pessoa (canal aberto 39.1 e Net 23) vão assistir ao primeiro episódio do programa ‘Cobra Criada – Memória da Imprensa Paraibana’.

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Presidente do STF anuncia comissão para apurar ações contra liberdade de imprensa

Cármen Lúcia, presidente do STF (Foto: Renato Alves)

Na conferência de abertura do 9º Fórum Liberdade de Imprensa e Democracia, realizado na última quarta-feira (3), em Brasília, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, anunciou a criação de uma comissão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o qual também preside, para investigar possíveis restrições do Judiciário à liberdade de imprensa.

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Paraíba e Paraná fazem escola: assédio judicial contra jornalistas chega ao Espírito Santo

A prática de processar jornalistas por ‘crime de opinião’ ou ‘danos morais’ não é privilégio de governantes da Paraíba nem de juízes do Paraná. No Espírito Santo, PMs resolveram adotar o mesmo procedimento, o mesmo padrão de assédio judicial, para intimidar ou censurar a liberdade de expressão.

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TRE deve concluir amanhã julgamento da ação de Ricardo contra imprensa

Sessão plenária do Eleitoral (Foto: Arquivo/TRE-PB)

Sessão plenária do Eleitoral (Foto: Arquivo/TRE-PB)

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) iniciou ontem (29) e deve concluir amanhã (31) o julgamento da Aije da Imprensa ou Aije da Mordaça, como é mais conhecida a Ação de Investigação Judicial Eleitoral nº 191221, ajuizada em 2014 pelo atual governador e então candidato à reeleição Ricardo Coutinho (PSB).

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Gonzaga Rodrigues, do primeiro ao quinto

Gonzaga Rodrigues, por Antônio David

Gonzaga Rodrigues, por Antônio David

O jornalista e escritor Gonzaga Rodrigues foi homenageado na manhã deste sábado (18) na Livraria do Luiz, de João Pessoa. Homenagem de múltiplos sentidos e razões. Primeiro, por tudo o que ele representa para a literatura paraibana, da qual é reconhecida e indiscutivelmente o maior dos cronistas. Segundo, por sua militância incessante em defesa da cultura mais genuína ou mais autêntica da terrinha, nela priorizando do que há de mais popular ao mais erudito que ainda existir ou resistir. Terceiro, por seu incansável esforço em favor da divulgação, preservação e valorização da obra de Augusto dos Anjos. Quarto, pela proximidade dos seus 83 anos, idade que o alcançará na terça-feira (21). Quinto, por 65 anos de batente profissional na imprensa paraibana, onde já foi de um tudo, de revisor a diretor de jornal, trabalhando ainda como repórter, redator, secretário de redação e editor.