Foi registrada com o nome Júlia. Apesar de ter recebido um lindo nome chegou à nossa casa com o apelido de Nona. Desconheço a origem.
Fomos buscá-la em Pilar, cidade do interior da Paraíba, para me ajudar no nascimento da minha terceira filha, Camila, há 43 anos. Terminou me auxiliando em todas as atividades da casa, além dos cuidados com meus outros filhos.
Tornou-se uma pessoa conhecida e querida de todos da minha família e amigos. As histórias lhe envolvendo são muitas e quase todos gostam de lhe empregar alguma peça, aguardando a sua reação, nem sempre delicada.
Dona de um coração boníssimo, faz questão de ser vista como pessoa austera, brava muitas vezes. Entra em contradição facilmente e denuncia a sua bondade ao manifestar afeto por alguém a quem repreendeu instantes antes.
Embora já tenha passado dos sessenta anos continua com um temor enorme à morte e tudo que diz respeito a falecimento. Ao saber que alguém sucumbiu, pede a Deus que o morto não lhe apareça.
Os mais próximos têm conhecimento dessa fobia e bolam os mais variados sustos. Há quem tenha falado com ela ao telefone imitando a voz de alguém que se foi. Soltou o aparelho e correu pulando aos prantos em minha direção.
O repertório é longo em torno de Nona. Fiel a mim em toda a minha trajetória de vida, assistiu lealmente a todos os meus momentos de dificuldade ou alegria.
Crescimento dos meus filhos, separação do meu primeiro marido, casamento dos meus filhos, meu segundo casamento, nascimento dos meus netos, minha viuvez, são ocasiões nas quais Nona sempre esteve presente, solidária, amiga.
No cenário atual, eu e ela dividimos um enorme ninho vazio. Ela procura fazer de tudo para visualizar um sorriso no meu rosto e fica feliz quando viajo ou saio por alguma razão. A reciprocidade também se dá nas mesmas proporções.
Feliz de quem tem uma Nona em sua vida!
NONA É UMA FIGURA, por Babyne Gouvêa
A DEFESA DA FAMÍLIA, por José Mário Espínola
A expressão “em defesa da família brasileira” foi um dos motes da última campanha presidencial, de 2018. E vem sendo utilizada por aqueles mesmos políticos vencedores. Mas, qual é mesmo a família defendida? A instituição brasileira? Ela estava ameaçada? De que? Por quem? Ela continua ameaçada? Ou seria a família daquele que se apossou do tema simplesmente com objetivos escusos, sinistros, eleitoreiros?
O perfil das três famílias do posseiro em tela justifica muito bem essa desconfiança. São membros que surgiram, cresceram e progrediram economicamente, fazendo fortuna, à custa exclusivamente de cargos eleitorais: deputados estaduais, vereadores, deputados federais e senadores. Nunca prestaram um concurso. Também nunca haviam antes se aventurado a concorrer a um mandato executivo. O que temiam?
Para dar o grande salto devem ter estudado profundamente, não o brasileiro, suas reais necessidades econômicas, educacionais, de justiça social. Senão tão somente as suas fraquezas, os seus medos. Não para tranquilizá-lo, senão para explorar esses medos, tornando-os verdadeira paranoia. E explorá-los. Pois para isso, desde que assumiu, vem promovendo o sentimento de insegurança, intenso e crescente.
Até eles se decidirem pela aventura vencedora, a instituição Família nunca esteve ameaçada. Como a sociedade brasileira é heterogênea, e pensa de maneira diversa, alguns segmentos mais conservadores, ou mesmo ultraconservadores, interpretaram equivocadamente que progressos sociais conquistados pela maioria poderiam se constituir como ameaça aos seus privilégios. E isso foi explorado de forma vaga por líderes religiosos como “uma ameaça à família brasileira”, como se esta fosse um organismo unicelular.
Pois foi o que os políticos mal-intencionados viram nesse sentimento, que constitui um bolsão isolado. Então eles viram nisso um filão eleitoreiro. Passaram a ampliá-lo e explorá-lo, e criaram uma crise artificial junto ao eleitorado conservador. Adotaram o medo como política de governo, dividindo a família brasileira, constituindo, isso sim, numa verdadeira ameaça para essa mesma família brasileira.
Como o país vem sofrendo um abalo em sua estrutura política e social há quase uma década, a tática surtiu efeito.
Por sua vez, a elite brasileira, ressabiada pela perda temporária do poder total, viu nesse grupo político a grande oportunidade da retomada de uma dominação exploratória, de viés escravagista, que nunca engoliu nem aposentou definitivamente a senzala, mais de 120 anos depois da “Abolição da Escravatura”.
A mesma elite adotou ardorosamente o candidato que pretensamente defendia a família, cegando intencionalmente para todos os defeitos que lhe são exuberantes, desde que era um nada à esquerda nos porões do Baixo Clero da Câmara dos Deputados. E com essa atitude concorreu decididamente para a sua eleição.
Hoje, parte inteligente dessa elite já se mostra desconfiada dos rendimentos e dividendos dos ‘valores cristãos’ nos quais investiu, pois o cidadão não tinha nada mais a oferecer senão a exploração do medo da sociedade brasileira. Enxerga que ele nada mais é do que o ovo de uma serpente sórdida, que prepara um golpe para varrer do país as instituições democráticas.
Quatro anos depois, a história quer se repetir como um escancarada farsa. Mas será que a sociedade brasileira ainda cai nessa esparrela? Ela também enxergou que o Brasil precisa de muito mais do que uma prosaica e fictícia “defesa da família”. Precisa de administrações competentes, voltada para o futuro, para a reconstrução da sociedade sob o prisma da realidade mundial.
A sociedade precisa de um governo de conteúdo real, imerso na realidade brasileira, com ministros que trabalhem e não vivam de ficção. E ministros que sejam eficientes e não fantoches de um camelô. Ministros que ofereçam segurança, saúde, economia, progresso, obras, justiça e cidadania. Que resgatem o respeito do Brasil entre as nações do mundo. Que garantam a soberania do nosso vasto território, a partir dos confins da Amazônia. Que tente recuperar o atraso de um década sofrido pela educação nos últimos três anos.
O Brasil precisa de um governo que traga de volta o nosso Plano Nacional de Imunização, que era a menina dos olhos do Ministério da Saúde, visto com respeito pelo resto do mundo. Que traga a paz de volta à nossa sociedade, propositalmente dividida, pois assim tornou-se mais fácil de ser conquistada por indivíduos sem caráter e sem empatia alguma para com o seu semelhante.
Manter o que aí está é, sim, a verdadeira ameaça à verdadeira Família brasileira.
FAMÍLIA POR PERTO, por Babyne Gouvêa
É primordial. Comprovado recentemente com caso familiar próximo à autora. A assistência dos filhos adultos aos pais idosos, vítimas da Covid, foi decisiva para a recuperação dos infectados.
O envelhecimento assusta, preocupa e exige acolhimento. É um processo natural do qual ninguém escapa. Ter família por perto faz a diferença. As limitações físicas surgem à medida que a idade avança; e olhem que nem as mentais estão aqui cogitadas.
Os casos conhecidos levam à reflexão. As interrogações tomam proporções muitas vezes exageradas, mas compreensíveis. O temor de olhar para o lado e não ver um familiar por perto chega a dar arrepios.
A distância não só preocupa os mais velhos, mas todos os integrantes do núcleo familiar. Basta uma ocorrência na saúde para bater o sentimento de desamparo. E como faz bem saber que um parente pode lhe proteger com a sua presença.
Estar junto do ente querido é tudo o que uma pessoa precisa para se recuperar de uma enfermidade ou circunstância imprevista. A angústia por haver oceanos e estradas dificultando o contato presencial desestabiliza quem estiver necessitando de cuidados.
Da mesma forma, comemorar algum acontecimento com pessoas íntimas é a certeza de aconchego. Trocar olhares, abraços e confidências com quem tem afinidade é celebrar a felicidade.
Há quem não goste de família numerosa, mas entre tapas e beijos os integrantes desse grupo são, geralmente, os primeiros a prestigiar ou a prestar socorro a um consanguíneo.
Em tempos difíceis, como o atual, o afago presencial é terapêutico. Funciona como um fármaco eficaz. Essa afirmação é comprovada com exemplos no nosso entorno.
Ocorre de alguém migrar do continente europeu para prestar assistência a familiar no continente americano – não é uma iniciativa acessível a qualquer um. É um privilégio para quem dá o apoio, como para quem recebe.
Situação realmente ideal numa adversidade é contar com parentes morando nas proximidades; facilita a vida de todos os envolvidos. É suficiente uma mensagem e todos ficam interligados, caem em campo à disposição do necessitado.
A segurança se instala com a presença do parente. O natural receio é superado instantaneamente. A solidariedade familiar é sublime, milagrosa e contagiosa. Família por perto é um porto seguro em nossas vidas.
DESABAFOS RECORRENTES, por Babyne Gouvêa
Tentei calar, mas não consigo. A Covid chegou à minha família, de forma preocupante. A indignação com o (des)governo renasce, estava em banho-maria. O sentimento de impotência toma conta de mim, devorando-me, gritando no fundo do âmago que não sou nada, mesmo pagando os impostos em dia. Que egoísmo é esse que me faz ficar isolada sem prestar assistência a quem precisa?
A confusão de sentimentos me consome, ora falo com um devido médico pedindo misericórdia para salvar um familiar, ora me concentro em orações rogando piedade aos deuses. Choro, não estou preparada para enfrentar encantamentos de quem adoro, idolatro, de quem amo perdidamente.
Volto a pensar nas declarações do abutre travestido de governante, negando a compra de vacinas. A indignação me corrói ao pensar nas suas observações diante das sucessivas mortes: do seu pedestal soltando pilhérias e sendo ovacionado por seus abutrezinhos. Esses pensamentos só fazem aumentar em mim a sensação de uma cidadã inerte, sem conseguir se locomover para lutar em defesa do coletivo, afastando do governo essa figura maléfica.
No momento, por estar sendo investigado em uma CPI, o governante nefasto procura transferir responsabilidade apenas para o seu anterior ministro da saúde, eximindo-se de culpa. É uma fraqueza de caráter, mais uma. E a falta de condições para ser um administrador continua com uma das máximas: suspender a pesquisa alegando falta de verba, com cancelamento do censo num visível negacionismo social e econômico. Merece respeito uma medida dessa ou é opinião de uma cidadã revoltada?
Tento ler, mas não consigo assimilar nada; tento assistir a vídeos de plataformas de compartilhamento, e me deparo com uma informação, verdadeira afronta ao cidadão consciente. A notícia versa sobre a devastação da economia brasileira com a Lava Jato, segundo a economista Rosa Maria Marques. Ela afirma, em artigo publicado no livro Relações Obscenas, que houve um desmantelamento da construção civil e do petróleo e gás. Vai além, falando sobre o impacto negativo que a operação Lava Jato trouxe à economia do país: um prejuízo de R$ 142,6 bilhões para a economia brasileira em apenas um ano; estimando-se que, nos três primeiros anos, ocorreram mais de 2,5 milhões de demissões ligadas às empresas investigadas pela Operação Lava Jato ou a suas fornecedoras.
Sem vacinas para imunizar a sociedade; com blindagem do governo de todos os lados; gastos do governo despencando com a pandemia em 2021; discurso do governante-mor apresentando dados imprecisos no combate ao desmatamento na Cúpula do Clima. Esses são exemplos desanimadores para uma cidadã fragilizada em busca de um alento para se encorajar diante de tantas adversidades.
Sobe número de famílias endividadas; veja como sair dessa situação
O percentual de famílias brasileiras endividadas subiu para 56,2% e o de inadimplentes (com dívidas ou contas em atraso) para 23% em fevereiro deste ano em comparação ao mês anterior, segundo levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
Palestra em João Pessoa ajuda família no planejamento financeiro
‘Como planejar e vencer juntos’ é o título da palestra que a Fundação Cidade Viva promove amanhã (17) às 20h em sua sede no Bessa, João Pessoa. O evento tem como objetivo ajudar famílias a planejarem suas finanças.
Igreja faz ‘Caminhada pela Família e Contra a Corrupção’ amanhã em João Pessoa
A Igreja Cidade Viva espera reunir amanhã (15) milhares de famílias na Avenida Epitácio Pessoa, a principal de João Pessoa, para em pleno feriado dedicado à Proclamação da República realizar uma “Caminhada pela Família e contra a Corrupção”. O ato é parte integrante do Movimento Godstock, que desde o ano passado integra o calendário oficial de eventos da Capital paraibana.