UM BANCO SOB AS ESTRELAS, por Frutuoso Chaves

Imagem meramente ilustrativa (Crédito: Pixbay)

Naquela madrugada de 1970, não sei por que, eu me pus a assoviar “Summertime”, a canção que George Gershwin legou à eternidade. Todo mundo já a ouviu, mesmo que disso, porventura, não o saiba. Está, vez ou outra, no rádio, embora quase se tenham passado 90 anos desde a composição para a ópera “Porgy and Bess”. Tornou-se um clássico do jazz e teve milhares de gravações, uma delas na voz espremida e emblemática de Janis Joplin.

Logo mais, amanheceria numa Pilar de portas fechadas e sem uma viva alma nas ruas, exceto a minha e as de três companheiros egressos, como eu, do forró de Zé Laurindo, no Alto da Serventia, onde, evidentemente, não tocavam Gershwin.

Os amigos seguiram para suas casas enquanto preferi deitar no banco de um dos canteiros situados no meio da rua principal. Assim o fiz no ponto defronte à extinta padaria do meu pai. Talvez, pelo desejo inconsciente de ter de volta as pessoas e tudo aquilo mais que o tempo me roubara. Mas, certamente, por sentir que não poderia estar, àquela hora, em lugar mais seguro.

Em 1970, eu morava em João Pessoa na companhia de pai e mãe ainda vivos e sadios. Mas estava em Pilar aos fins de semana para dar aulas a cinco turmas de ginasianos, quase um voluntariado se a expressão disser respeito ao salário do Colégio da Campanha Nacional das Escolas da Comunidade, a CNEC, ação benfazeja posta em prática, nacionalmente, pelo professor Felipe Tiago Gomes, paraibano de Picuí. Salário que, na verdade, ficava, ali mesmo, ora no Bar de Manoel de Laura, ora na Sinuca de Jaime, pontos habituais de reunião dos amigos antes dos nossos encontros com as namoradas e, depois disso, das idas clandestinas à Serventia, ou à Maloca.

Advindo dessas noitadas, aprendi a demorar, um pouco mais, em banco de rua, antes de buscar a cama na casa de um primo que me hospedava. A ideia era curtir um tanto daquilo consumido nos bailes que me presenteavam a juventude, os amigos e as circunstâncias.

Eram pausas ditadas pela cautela desde que despenquei no sofá de seu Raimundo, pai do meu primo, ao pular a janela estreita e disposta sem trancas aos retardatários. Caí e acordei o dono da casa que me tinha como filho e de quem recebi o pito: “Duas coisas podem derrubar um homem: bebedeira e rapariga”, alertou-me. Depois disso, sempre me seria aconselhável deitar durante algum tempo num daqueles bancos antes de tentar o ingresso na casa amiga em operação atlética e um tanto arriscada até para os abstêmios. E tome Gershwin na madrugada.

Isso me vem à mente a cada notícia de explosões em agências bancárias de outrora pacatas, serenas, cidadezinhas do interior deste Brasil mais próximo da barbárie. E pensar que o costume de portas e janelas recostadas era coisa comum, corriqueira, nos meus verdes anos. Lembro que a minha e outras mães não se dispunham a sair da cama para atender aos maridos. Noite alta, eles que empurrassem a porta e entrassem sozinhos no santo recesso do lar, franca ou disfarçadamente, com ou sem as caras lisas. Tem mais: o litro de leite depositado no umbral das nossas casas, antes do raiar do sol, ali permanecia até o recolhimento, horas depois, por alguém entre os moradores.

Tempo desgraçado, este de agora, no qual bandos armados agridem e, sem distinção, aterrorizam grandes e pequenas cidades subtraindo destas últimas, além do sossego, hábitos noturnos, alguns centenários como o das cadeiras nas calçadas para a confraternização dos vizinhos. Tempo infame este que hoje nos impede o assovio nas madrugadas.

OLHOS AZUIS, por Ana Lia Almeida

Imagem copiada de todabahia.com.br

Faça isso não, Rita mulher. Abre esses olhos. Tu não acha estranho essa bença aparecer logo agora? Uma luta danada pra tu ganhar esse dinheiro, quase perde esses anos todos de serviço, pra agora vir me dizer que vai dar tudo de mão beijada prum sujeito que reapareceu do nada, direto das cinzas do passado, justamente agora? Taci tinha razão. Rita meditava sobre as palavras dela enquanto observava pela janela do ônibus aqueles montes de carros parados no trânsito da manhã.

Já estava a caminho do banco para sacar o dinheiro que Paulão pedira depois de quinze anos de sumiço. Seus olhos azuis ainda a enfeitiçavam, como na primeira vez que se viram. Desde então, Rita permitiu que a vida virasse uma grande bagunça. Paulão praticamente se mudou para a casa dela, e de repente ganhou uma espécie de marido-filho. Rita levantava cedo, fazia o café, acordava Paulão com cosquinhas. Os dois riam, ela saía para trabalhar e ele ficava em casa sem fazer nada.

Rita não ligava, no começo. Mas Clarinha começou a reclamar que não tinha sossego para estudar, que o homem passava o dia assistindo televisão no volume máximo e andava o dia todo só de cueca pela casa. Depois disso, não deu nem um mês, ele sumiu. Escafedeu-se. Clarinha acendeu velas e pagou promessas. Rita, contudo, esperava por ele toda chorosa pelos cantos.

Depois de quinze anos sem dar notícias, Paulão reaparecia exatamente na semana em que a Justiça liberava o FGTS, as horas-extras e as férias atrasadas de Rita, após ser inocentada no processo criminal da morte de dona Laura. Doutor Felipo, o advogado que Taci arranjou, tinha acabado de explicar tudo bem direitinho ao telefone quando Paulão bateu na casa dela.

Ô de casa. Rita ficou branca, azul e amarela, parecia ter visto um fantasma diante do homem que jamais esquecera. Ele veio com uma história de que tinha saído às pressas, fugindo de uma dívida que vieram cobrar, e de tanta vergonha, afinal, o que Rita pensaria dele, achou melhor desaparecer. Que nunca deixara de pensar nela e finalmente resolvera voltar. A dívida, porém, continuava, e havia crescido. Resolvera ter coragem, desta vez, para pedir-lhe o dinheiro emprestado.

E precisa de coragem pra isso? Taci questionava, indignada; quanto mais detalhes Rita contava, mais a história parecia uma grande furada. Rita, Rita… olhe, eu não vou nem dizer mais nada. Vou-me embora que a minha parada é a próxima.

O GOLPE DO CARTÃO CLONADO por Rubens Nóbrega

(Imagem meramente ilustrativa. Do 24horasnews.com.br)

Não há limites para a engenhosidade dos ladrões que por telefone conseguem ludibriar e surrupiar incautos e desavisados, a exemplo do que aconteceu no caso narrado adiante.

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Após três arrombamentos, banco suspende saques e depósitos em JP

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Há quase dez dias, clientes do Santander que procuram em João Pessoa a agência do bairro de Cruz das Armas para saques saem de lá frustrados pela impossibilidade de retirar dinheiro – seja no autoatendimento ou no caixa. Por enquanto, apenas atendimento gerencial continua em funcionamento na agência, segundo informou Genário Lima, diretor do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários na Paraíba (Seeb-PB).

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João Pessoa supera média estadual de assaltos

Antônio Toscano: a vítima 'errada' (Foto: PB Agora)

Antônio Toscano: a vítima ‘errada’ (Foto: PB Agora)

Em vez de um, dois. A Grande João Pessoa superou hoje (4) a média diária de assaltos a banco na Paraíba. Durante a madrugada, a agência do Banco do Brasil da Avenida Beira-Rio (Torre, Capital) foi invadida e teve dois caixas eletrônicos arrombados na base do maçarico. Usando a mesma técnica, outros bandidos, que podem ser os mesmos ou comparsas daqueles, violaram igual número de máquinas em um supermercado de Cabedelo, onde tomaram como refém – e possível escudo – um morador de rua.

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‘Sincericídio’ pode derrubar comandante da PM

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Euller, comandante-geral da PM (Foto: G1 Paraíba)

Desde cedo da manhã de hoje (25), poucos apostam uma pataca furada na permanência do coronel Euller Chaves no Comando Geral da Polícia Militar da Paraíba. Sua demissão era dada como certa por um bom número de radialistas, jornalistas e assessores governamentais que se dedicam a encher a bola da ‘segurança’ que a gestão Ricardo Coutinho proporciona aos paraibanos.

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Vídeo reforça suspeita de que morte de empresário foi planejada

Acabei de ver um vídeo no MaisPB (veja ao final do texto) que mostra o atentado contra a vida do empresário Marcone Morais, ontem (11) à tarde, na porta do Banco do Brasil no Bessa, em João Pessoa. Reforçam tremendamente as suspeitas de que foi homicídio – e não tentativa de assalto – as imagens do bandido correndo e pulando sobre uma moto estacionada na calçada para surpreender e atacar a vítima ainda na rampa de acesso à porta da agência.

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