Bananeiras debate Plano Estadual de Recursos Hídricos nesta quinta

Barragem de Jandaia entra em colapso e 6 cidades ficam sem água | ManchetePB

Açude Jandaia, em Bananeiras, abastece Cacimba de Dentro, Araruna, Tacima, Dona Inês, Riachão e Damião. Está com menos de 6% de sua capacidade (10 milhões de metros cúbicos)

Depois de segunda-feira (20) em Sousa e de Campina Grande nesta quarta (22), amanhã será a vez de Bananeiras receber e encerrar o ciclo de reuniões presenciais promovido pela Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa) para debater o Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH).

Lançado em 2006 e jamais atualizado até hoje, se estivesse com todos os seus dados, mapeamentos e diagnósticos em dia, o PERH seria fundamental para orientar ações de governo que poderiam ajudar a no mínimo prevenir e até evitar o colapso no abastecimento de água encanada e tratada em Bananeiras e Solânea.

Decretada recentemente pela Cagepa, a interrupção deveu-se ao completo esvaziamento da água de Canafístula II, barragem que abastecia as duas cidades. Outros reservatórios do Brejo estão ameaçando secar e deixar outros moradores da região igualmente dependentes de carros-pipa e escavação de poços.

A desatualização do PERH será finalmente resolvida até o final de 2021, conforme previsão da própria Aesa. Na reunião desta quinta, no Centro Cultural Oscar de Castro de Bananeiras, a partir das 14h diretores e técnicos da agência deverão explicar as razões da defasagem e o que estão fazendo para corrigi-la.

A série de reuniões presenciais sobre o PERH tem o objetivo de “validar, acolher comentários e contribuições sobre o assunto”, ressalta a Aesa, acrescentando que os debates prosseguirão entre os dias 27 e 30 deste mês através de encontros via Internet com representantes das bacias hidrográficas de todo o Estado.

Brejo depende da transposição para voltar a ter água tratada e encanada

O ‘Plano A’ de Bananeiras seria a barragem de Jandaia, construída no município, mas o reservatório está com apenas 5% do seu volume total (10 milhões de metros cúbicos), podendo repetir em breve o colapso de 2018 mostrado nesta foto, copiada do site Solânea Online

Mesmo em ritmo acelerado, demora no mínimo um ano a construção de uma adutora para abastecer regularmente de água o Brejo seco e sedento da Paraíba, previu ontem (8) o engenheiro Francisco Sarmento, ex-secretário de Recursos Hídricos do Estado.

Sarmento foi procurado pelo blog para apontar alternativas que restabeleçam o abastecimento de água tratada para Bananeiras e Solânea, suspenso pela Cagepa em razão do esvaziamento da barragem de Canafístula, construída em Borborema.

Diante do anúncio das providências a serem adotadas pelo governo estadual, Sarmento concorda com a opção pela adutora, mas lembra que tudo depende de reativação da transposição de águas do rio São Francisco.

“Sem a retomada do Eixo Leste, de onde veio a água até Boqueirão em 2017 para salvar Campina Grande do colapso, nada feito”, adverte Sarmento, com a autoridade de quem foi consultor da equipe técnica que formatou o projeto da transposição no Governo Lula.

Reconhecido no meio acadêmico e profissional como um dos maiores especialistas em recursos hídricos do país, ele diz que a adutora Campina-Brejo pode ser construída no curto prazo (um ano) se o governo optar por uma tubulação de engate rápido.

“A adutora de engate rápido atende a determinadas urgências, mas é um tipo mais precário, mais vulnerável e, portanto, pode dar margem a desvios e eventuais vandalismos”, ensina Sarmento, que também é Professor Doutor em Engenharia Civil da UFPB.

Ele acredita ainda ser prudente avaliar se não seria mais viável uma adutora a partir do Canal Acauã-Araçagi, em vez de ‘puxar’ água de Campina via estação de tratamento da barragem Nova Camará, como anunciado pelo governador João Azevedo.

“Como diz o poeta Beto Guedes, ‘um mais um é sempre mais que dois’, mas temo e lamento que esse Plano B talvez não tenha sido cogitado face à inconclusão de uma obra que foi licitada – veja só! – em 2010, ou seja, há 11 anos”, observa.

E, mesmo que o canal estivesse pronto, uma adutora para levar água do Acauã-Araçagi aos municípios brejeiros de Esperança, Remígio, Solânea e Bananeiras também dependeria da retomada das operações do Eixo Leste da transposição do São Francisco.

“Sem as águas franciscanas, resta torcer e rezar para que os paliativos aventados minorem o sofrimento do povo da região”, disse Sarmento, referindo-se ao fornecimento emergencial e improvisado de água por carro-pipa, poços artesianos e chafarizes.

Deputada flagra retirada clandestina de água do açude de Boqueirão

Caminhões retiram água de forma indiscriminada e desautorizada (Foto: Ascom/Daniella Ribeiro)

Caminhões retiram água de forma indiscriminada e desautorizada (Foto: Ascom/Daniella Ribeiro)

Presidente de uma comissão criada pela Assembleia Legislativa especialmente para acompanhar a crise hídrica de Campina Grande e região, a deputada Daniella Ribeiro (PP) flagrou na última segunda-feira (14) diversos carros-pipa retirando água de forma irregular, ou seja, não autorizada, do açude Epitácio Pessoa (Boqueirão).

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