CRASE EM CRISE, por Babyne Gouvêa

Tirinha com dica de crase

Basta! Não sei por que nem sempre sou bem utilizado no nosso idioma. Praticamente, todos os dias me vejo omitido ou substituído por um colega de acentuação.

Saio por aí me procurando em placas de anúncio. Fico feliz quando me encontro no lugar certo: casa à venda. Logo em seguida bate a tristeza visualizando um ‘vendo à prazo’. Só pode ser chacota comigo. Deduzo.

Olhem bem o que me fazem. Como se não fosse suficiente ser usado erroneamente antes de palavra masculina, vejo-me escrito à direita: ás vezes. Confesso que dói. Pergunto por que o acento agudo é protagonizado no meu lugar.

Não quero rivalizar com o acento agudo, embora não negue o antagonismo existente entre nós dois. Quero colocar os pontos nos is.

No caso supracitado, bastava fazer a contração da preposição a com o artigo definido feminino plural as (a + as = às). Desta forma, o ás substantivo nomeando uma das cartas do baralho não teria sido usado no meu lugar.

Ah, é oportuno colocar que, embora eu me posicione à esquerda, não há cunho ideológico nesta direção. Mais um motivo para não me ignorar.

Sugiro não acentuar no caso de dúvida. Fico enciumado quando me vejo sendo trocado, de forma equivocada, por meu colega agudo , dono de uma posição à direita. Nessa altura, admito o double sense ideológico.

Esclareço que o sinal gráfico que marca a crase (`) é chamado de acento grave, ou seja, o canhoto diagonal que vos fala.

Serei bem claro para evitar dúvida. Crase não é acento. Com muito prazer explico que crase é a junção de duas vogais iguais (a + a), tanto na escrita quanto na fonética.

Aproveito o ensejo para agradecer, em nome da Língua Portuguesa, àqueles que me usarem corretamente. Farão jus à graça sedutora do nosso vernáculo.

  • Homenagem ao Dia Internacional da Língua Portuguesa, a transcorrer em 5 de maio próximo
É BOM ESCLARECER
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